Há muitos anos, especialistas em genética e transplantes trabalham com a possibilidade de utilizar corações de animais em seres humanos. Nesta segunda-feira (30), o site internacional The Telegraph divulgou a notícia de que um babuíno teria sobrevivido após um ano de transplante com o coração de um porco.
A notícia deixou os cientistas bastante animados. Segundo informações do site, as pesquisas já estão avançadas e pela primeira vez foi divulgado o sucesso de um transplante de coração de um porco para um primata em um procedimento realizado há mais de um ano. O fato está sendo considerado um marco nas pesquisas.
De acordo com o cirurgião cardiovascular e coordenador do serviço de transplante cardíaco no Espírito Santo, Melchior Luiz Lima, há muitos anos especialistas pesquisam a possibilidade desse tipo de transplante. “O problema é a doação, pois não é suficiente para contemplar todas as pessoas que precisam. O que temos hoje é o coração artificial, mas paralelo a isso acontecem os trabalhos e estudos com porco. O coração do porco é semelhante ao coração humano, por causa da forma e do peso”, explicou.
Segundo informações do jornal, o sucesso se deu depois que os pesquisadores do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue dos Estados Unidos conseguiram manipular os genes dos porcos para torná-los aptos a doar o coração para um primata.
“Para que isso um dia seja possível, é necessário um trabalho genético e um bom controle de rejeição, mas tenho esperança. O porco é um animal fácil de criar. Ainda não temos um animal geneticamente modificado para que um transplante em humano seja realizado, mas acredito que, com os avanços dos trabalhos, em 10 anos esse tipo de transplante pode acontecer”, afirma Lima.
O cirurgião afirma que esse tipo de transplante não acontecerá agora, mas o custo de um transplante utilizando o órgão de um animal, de acordo ele, é mais barato que um utilizando coração artificial. “Há duas linhas de pesquisa. Uma não acredita nos transplantes com órgãos animais e aposta no uso de corações artificiais. Já outro grupo acredita na utilização de coração de animais, pois o órgão artificial pode ocasionar alguns problemas. Um deles é o tromboembolismo, que é a ocorrência da trombose venosa profunda com embolia pulmonar”, apontou.