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Você já se pegou irritado ao conversar com alguém que, repetidamente, interrompe para falar sobre seu próprio ponto de vista?
Esse comportamento, mais comum do que parece, pode estar relacionado a diversos fatores psicológicos e traços de personalidade.
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Para a psicologia, o ato constante de interromper o outro durante uma conversa pode refletir tanto uma simples falta de habilidade em escutar ativamente quanto sinais de impulsividade, dificuldade de controle ou um desejo excessivo de se conectar.
O QUE ESTÁ POR TRÁS DAS INTERRUPÇÕES?
Quando uma pessoa interrompe de maneira persistente as falas do outro, isso pode se dever a diferentes fatores. Algumas causas estão ligadas a transtornos específicos, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), enquanto outras estão mais relacionadas a traços de personalidade e comportamentos aprendidos.
Entender esses motivos é fundamental para interpretar melhor esse tipo de atitude e, eventualmente, ajudar a pessoa a desenvolver uma comunicação mais harmônica.
IMPULSIVIDADE E FALTA DE AUTOCONTROLE
Pessoas impulsivas, que têm dificuldade em controlar seus impulsos, tendem a interromper conversas sem perceber. Esse comportamento é comum em quem apresenta traços de TDAH, uma condição caracterizada por déficits na função executiva do cérebro, segundo o médico Russell Barkley, especialista em TDAH. A função executiva é a área do cérebro responsável pelo controle de comportamentos, regulação de impulsos e planejamento de ações.
Indivíduos com TDAH frequentemente apresentam uma falha no que é chamado de “controle inibitório” — a habilidade de conter respostas automáticas e de esperar pela sua vez de falar. Esse déficit pode fazer com que esses indivíduos interrompam conversas de forma quase involuntária, especialmente quando o assunto desperta seu interesse. Dessa forma, suas interrupções refletem uma limitação na capacidade de aguardar e escutar até o final.
DIFICULDADE DE PRATICAR A ESCUTA ATIVA
Para algumas pessoas, a interrupção é fruto de uma incapacidade de praticar a chamada “escuta ativa”. A escuta ativa é uma habilidade que envolve suspender julgamentos e focar completamente na fala do outro, como explica o psicólogo humanista Carl Rogers. Esse tipo de escuta exige que o ouvinte se envolva genuinamente, buscando entender o que está sendo dito antes de pensar em responder.
A ausência de escuta ativa costuma gerar comportamentos automáticos de interrupção, pois, em vez de escutar com atenção, a pessoa está preparando mentalmente o que deseja dizer. Essa tendência a antecipar a própria fala reduz a paciência para aguardar o término da fala do interlocutor, e assim, a interrupção ocorre. Para melhorar essa habilidade, especialistas recomendam exercícios de empatia e técnicas de atenção plena (mindfulness), que ajudam a manter o foco e a paciência no diálogo.
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DESEJO DE CONEXÃO
Para muitas pessoas, a interrupção durante a fala do outro é motivada pelo entusiasmo e o desejo de se conectar. Esse comportamento é comum em situações onde o assunto discutido é de grande interesse para o interlocutor. O desejo de compartilhar sua própria perspectiva imediatamente, na tentativa de contribuir de forma construtiva ou de estreitar laços, pode levar a uma comunicação mais ativa, que inclui as interrupções.
A psicóloga Barbara Fredrickson, que pesquisa sobre emoções positivas e sua influência na comunicação, aponta que sentimentos de entusiasmo ampliam a atenção e impulsionam as pessoas a agirem rapidamente. De acordo com a “teoria da expansão e construção” de Fredrickson, emoções positivas, como a excitação e o interesse, promovem uma comunicação mais enérgica. O entusiasmo, assim, pode se traduzir em interrupções e gestos comunicativos intensos, visando criar uma conexão com o outro.
FALTA DE HABILIDADES SOCIAIS E DE EMPATIA
Outro motivo para interrupções frequentes pode estar relacionado a uma falta de habilidades sociais ou empatia. Nem todos aprendem a importância de respeitar o tempo do outro durante uma conversa e, em algumas pessoas, isso pode ser um traço menos desenvolvido. A empatia, uma habilidade social essencial, inclui compreender e respeitar as necessidades e os limites dos outros — inclusive a necessidade de serem ouvidos.
Para algumas pessoas, a interrupção pode ser um hábito ou comportamento enraizado, que elas repetem sem perceber o impacto sobre a dinâmica da conversa. No entanto, esse tipo de comportamento pode ser trabalhado. Exercícios de autoconsciência e a prática de observar as reações dos interlocutores são técnicas sugeridas para aqueles que desejam melhorar suas habilidades sociais.
BUSCA POR VALIDAÇÃO
Em alguns casos, o ato de interromper pode estar ligado a uma necessidade de afirmação ou de validação. Indivíduos que se sentem inseguros ou que têm baixa autoestima podem interromper para reafirmar suas próprias opiniões ou para garantir que suas ideias sejam ouvidas. Esse comportamento reflete, muitas vezes, uma busca por atenção e validação, indicando que a pessoa sente necessidade de ser notada ou incluída no grupo.
Essa necessidade de afirmação pode ser exacerbada em ambientes sociais onde o indivíduo se sente marginalizado ou excluído. Nesses casos, as interrupções são uma tentativa de se tornar parte ativa da conversa e de garantir que sua voz também seja ouvida.
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COMO LIDAR COM PESSOAS QUE INTERROMPEM?
Para aqueles que convivem com pessoas que têm o hábito de interromper, é possível adotar algumas estratégias para manter o fluxo da conversa de maneira mais equilibrada. Tentar envolver essas pessoas diretamente no diálogo, oferecendo momentos específicos para que compartilhem suas opiniões, pode ajudar. Por exemplo, frases como “Gostaria de ouvir o que você acha sobre isso” ou “Pode falar agora” podem dar segurança à pessoa e evitar que ela sinta a necessidade de interromper.
Outra estratégia eficaz é responder com calma, mantendo um tom de voz tranquilo, e restabelecendo o diálogo quando ocorrer uma interrupção. Isso ajuda a pessoa a perceber que pode ter sua vez sem precisar intervir abruptamente.
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