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Especialistas alertam que óculos comprados de forma irregular podem causar cegueira

A prática foi registrada em pontos de comércio de três municípios capixabas

Foto: TV Vitória

Recentemente, a equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV denunciou a venda casada entre óticas e médicos, prática irregular que fere os direitos do consumidor e a saúde dos pacientes. Na Grande Vitória, a atividade se estende também a venda de óculos falsos em camelos, o que pode causar cegueira ou o desenvolvimento de doenças nos olhos. 

A prática foi registrada em pontos de comércio de três municípios capixabas. Na Glória, em Vila Velha, foram encontrados diversos vendedores ambulantes, vendendo óculos sem nenhuma certificação de qualidade por uma médica de R$ 10 à R$ 15.

Já em Campo Grande, Cariacica, os produtos são expostos no meio da rua, sem nenhum tipo de cuidado e vendido para qualquer um. No centro da capital, os óculos falsos também são vendidos normalmente, sem discriminação das necessidades de casa usuário. Neste último caso, a banca também oferecia uma consulta com um suposto médico, ajudando nos testes e indicando o melhor grau, pelo valor de R$ 15.

Fique atento!

O presidente da Sociedade Capixaba de Oftalmologia, Nilo Filipe Filho, destaca que essa prática pode ser prejudicial a saúde de quem compra. “Um médico oftalmologista faz seis anos de medicina, mais três de residência, no mínimo. Uma pessoa dessa estudou anatomia e todas as patologias do olho. A pessoa que só faz o óculos, não tem formação curricular para diagnosticar ou tratar nada, além de ser algo proibido”, afirmou. 

Outro fator importante na decisão do paciente é o fato de que a prescrição para se fazer um óculos de grau é uma atribuição somente do médico especialista. “Diagnóstico, exame e receita é prerrogativa da profissão médica. A pessoa não pode procurar profissionais despreparados ou sem profissionalismo nenhum, no sentido de indicar qualquer tipo de óculos ou medicamentos a serem utilizados”, explicou o presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), Celso Murad. 

Riscos

Para Carminha Penha Linaus, a compra de um óculos de forma irregular, causou sérios danos. A dona de casa não consegue mais enxergar, após comprar um óculos de origem desconhecida e sem o acompanhamento de uma médico oftalmologistas, em uma consulta que estava oferecendo perto da residência dela. 

“Lembro bem que eles botaram a caneta bem na frente dos meus olhos e me mandaram olhar diretamente, eu olhei e eles falaram que eu estava com miopia, então comprei um óculos. Depois de um tempo minha vista foi ficando cada vez pior, até que um dia eu acordei e estava tudo preto, não via mais nada”, contou. 

Carminha está há 14 anos fazendo tratamento para tentar recuperar a saúde dos olhos e depende de ajuda para quase tudo. “Até para fazer meu serviço de casa é ruim porque não enxergo quase nada. Meu neto me ajuda com as coisas que preciso fazer”. 

O presidente do CRM-ES, explica que os vendedores não tem o conhecimento necessário para indicar o tipo de óculos. “Eles não comercializam óculos de grau, comercializam lente de aumento. Aquilo não tem nenhuma determinação previa da necessidade do uso, nem por quanto tempo, além de não definir quais são as patologias básicas que as pessoas possuem no globo ocular que deixam passar desapercebidos exatamente pelo conforto que essas lentes de aumento deixam por um tempo”. 

Além de prejudicar a visão com o uso da lente errada, a compra de um óculos sem avaliação médica também impossibilita a realização de exames necessários que podem detectar doenças como catarata ou glaucoma. 

O outro lado

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a fiscalização dessas vendas em bancas ambulantes devem ser realizadas pela vigilância sanitária de cada município. 

A prefeitura de Cariacica afirma que agentes da coordenação de postura atuam na cidade e cabe a Delegacia de Defraudações e ao Conselho Regional de Medicina fiscalizar a prática. Em Vila Velha, a prefeitura destaca que a equipe responsável vai até o local e inibe a venda em caso de denúncias.

Com informações do repórter Douglas Camargo, da TV Vitória!