As políticas públicas de prevenção e preparação para o enfrentamento das chuvas foram tema dos debates na tarde desta quarta-feira (14) no 1º Seminário Chuvas no Espírito Santo, na Ufes. O subsecretário de saneamento e habitação do Estado, Eduardo Calhau, falou sobre os Planos Municipais de Prevenção de Riscos e apresentou dados sobre os impactos das chuvas no Estado nos últimos 20 anos.
Segundo Calhau, quatro milhões de habitantes foram afetados pelas chuvas, que ocasionaram ainda 83 mortes e perdas econômicas da ordem de R$ 500 milhões ao longo de duas décadas. O subsecretário explicou que os Planos Municipais são ferramentas fundamentais para prevenção de consequências graves decorrentes de desastres naturais. “Fazer resposta depois que o desastre acontece é mais caro”, pontuou.
Além do diagnóstico de riscos, os planos também devem indicar ações a serem realizadas pelos municípios para amenizar os impactos de catástrofes da natureza como as chuvas. A estruturação dos planos envolve ainda questões como prognóstico de risco provocado por inundação; proposição de medidas de gestão; integração de sistema de alerta e capacitação de gestores.
O exemplo exitoso da capital Vitória no enfrentamento às chuvas foi apresentado pela engenheira da Secretaria Municipal de Obras (Semob) Vanilda Lucas, que destacou que a preparação do município para enfrentamento às chuvas teve início há mais de 20 anos, com a elaboração de planos de drenagem urbana e de risco geológico. Segundo Vanilda, os planos estão sendo implementados e atualizados. A partir de mapas de alagamento da cidade foi possível identificar e priorizar áreas que foram contempladas com ações estruturais, como a construção de estações de bombeamento.
“O sucesso de Vitória são os planos, porque nos dão a garantia de que vamos trabalhar com políticas públicas e não com planos de governo. Tanto o secretário quanto o prefeito são obrigados a cumprir o que está previsto nos planos”, afirmou Vanilda.
Chuvas de 2013
O comandante do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo, coronel Edmilton Aguiar, apresentou relatório de ações realizadas pela corporação durante o desastre que atingiu o estado nas últimas semanas de 2013. De acordo com o relatório, 55 municípios e cerca de 90% da população – aproximadamente 3,5 milhões e pessoas – foram afetados pelas fortes chuvas. Durante a catástrofe mais de 1100 homens do Corpo de Bombeiros atuaram no resgate às vítimas.
Seminário Chuvas
A programação do I Seminário Chuvas no Espírito Santo prossegue nesta quinta-feira (15). As atividades começam às 8h30 com o terceiro módulo “Socorro e Resposta: Governos, Instituições e Sociedade”. O seminário é promovido pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo. Durante o seminário estão sendo debatidas alternativas para enfrentamento e redução de estragos provocados pelas chuvas no estado e formuladas propostas a serem encaminhadas para gestores públicos.
Piscinão
Deslocar para campos de futebol e outras áreas inabitadas as águas que invadem as casas e os estabelecimentos comerciais durante as inundações. A proposta, já implantada em outros estados, foi apresentada pelo especialista em Hidrologia Paulo Canedo, durante a sessão especial de abertura do 1º Seminário Chuvas no Espírito Santo, na noite de terça-feira (13).
Série especial na TV Vitória
Em janeiro deste ano, equipes da TV Vitória foram conferir de perto o processo de reconstrução de cinco municípios castigados pelas chuvas. Na série especial foram visitadas as cidades de Rio Bananal, Itaguaçu, Barra de São Francisco, Itaguaçu e Santa Teresa.
Somente na cidade de Rio Bananal, na região Norte do Espírito Santo, o prejuízo passa dos R$ 20 milhões.
Já a cidade de Itaguaçu teve mais de R$ 50 milhões de prejuízo e vai precisar, no mínimo, de dois anos para ser reconstruído. No Barro Preto, um dos bairros mais afetados pelas chuvas, três pessoas morreram e três casas desabaram.
Localizada no Noroeste do Estado, a cidade de Nova Venécia teve um prejuízo de mais de R$ 40 milhões. O nível do rio Cricaré, que corta o município, chegou a cinco metros acima do nível normal. No bairro Santa Luzia, várias casas ribeirinhas foram danificadas.
Os prejuízos da cidade de Santa Teresa, região Serrana do Estado, ainda estão sendo contabilizados, mas de acordo com a prefeitura, a estimativa é que a cidade esteja toda reconstruída em um ano e meio.
Já o município de Barra de São Francisco foi atingido por três enchentes, uma no dia 17, outra no dia 21, e a última no dia 26 de dezembro, quando praticamente tudo foi destruído. De acordo com a prefeitura, o prejuízo passa de R$ 30 milhões.
Programação desta quinta-feira
MÓDULO III – SOCORRO E RESPOSTA: GOVERNOS, INSTITUIÇÕES E SOCIEDADE
8h30 às 10h30
Moderador: Deputado Roberto Carlos (ALES)
a) Política Nacional de Defesa Civil –
Capitão Armin Braun (Def. Civil Nacional)
b) Modelos de gestão em Defesa Civil: experiência de Santa Catarina – Rodrigo Moratelli (Def. Civil de SC)
c) Gestão de Risco de Desastres: Experiência do Rio Grande do Sul – (GRID)
10h30 às 12h
Moderador: Weslley Vitor (DCE UFES)
a) Assistência e reabilitação – Cel. D’isep (Def. Civil Estadual)
b) UFES Solidária – Ethel Leonor Noia Maciel (UFES)
c) Representante da sociedade – Luiz Severino Neto (Escoteiros)
d) Resposta ao desastre das chuvas ocorridas no ES em 2013 – Cel. Edmilton (Corpo de Bombeiros)
MÓDULO IV – PREVENÇÃO E CONTROLE COM INTEGRAÇÃO INSTITUCIONAL E PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE
14 às 17h
Moderador: Prof. Antonio Celso de Oliveira Goulart
Assembleia Legislativa – Deputado Roberto Carlos
Ministério Público Estadual – Gustavo Sena
SECTTI – Marcelo Vivaqua
AMUNES – Representante a definir
SEAMA – Davi Casarim
Corpo de Bombeiros – Cel. Edmilton
FAMOPES (Sociedade civil) – Marcos Santos