O terceiro e último módulo do Seminário Chuvas no Espírito Santo, realizado pela Assembleia Legislativa (Ales) em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), recebeu gestores do Governo Federal, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul para apresentarem as experiências de superações e enfrentamento às fortes chuvas em seus Estados, no encerramento do Seminário nesta quinta-feira (15).
Quem abriu o debate foi o Capitão Armin Barun da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, alertando especialistas e autoridades sobre a necessidade de criar uma ação de conscientização para a população sobre os ricos que as chuvas podem causar.
Barun explica que a conscientização pode ser considerada uns dos maiores planos de prevenção. “Sociedade que tem percepção de riscos, polui menos, fica atenta às mudanças climáticas e em casos de emergência consegue ajudar ao invés de entrar em pânico. Por exemplo: uma sociedade que sabe dos riscos que uma área em desabamento representa ela vai contribuir com os trabalhos do Corpo de Bombeiros, da Defesa Civil e vai aceitar o pedido de desocupação daquela área sem atrasar as atividades de salvamento de toda corporação”, defendeu.
O capitão salientou ainda que o Governo Federal cumpre um importante papel para solução de desastres, mas não pode ser o único poder envolvido. “É preciso que cada município faça o seu próprio estudo de risco, e encaminhe para o governo do Estado. Com um relatório geral de todos os municípios o governo Estadual encaminha para o Federal tornando mais fácil a elaboração de planos de prevenção e de ações para cada região”, explicou.
Santa Catarina
O Secretário Estadual da Defesa de Santa Cantarina, Rodrigo Antônio Moratelli, compartilhou a superação do Estado referente a diversas tragédias naturais. Na última enchente, em 2011, o Estado decretou situação de emergência de 83 cidades e seis mortes. Cerca de 24 mil pessoas ficaram desalojadas e outras 1.926 desabrigadas.
Após apresentação dos dados o secretário compartilhou quais medidas Santa Catarina tomou para superar a tragédia e criar um plano de ação. De acordo com ele o primeiro passo que um gestor de um município deve tomar é o resgate de estudos elaborados por outros governantes. “Eu sugiro fazer essa pesquisa porque é uma forma de economizar gastos e ganhar tempo. É uma atitude mais inteligente adaptar uma ação que já existe do que começar outra e perder tempo”, pontuou.
Atualmente o estado trabalha com o “Pacto com a Defesa Civil”, considerado por ele, o maior projeto de prevenção na história de Santa Catarina. “Com esse projeto nós temos um controle de como os fenômenos eram apresentados antes e como se apresentam na atualidade. É muito mais fácil eu seguir um plano de ação e saber e que deu certo e o que falhou do que ficar quebrando a cabeça elaborando algo que já existe. Esse plano nos ajuda muito, ele não impede que um fenômeno aconteça; isso é impossível, mas contribui para o resultado final seja sempre positivo”, destacou.
Rio Grande do Sul
Ao final da troca de experiências alunos e professores da Ufes conferiram apresentação da Secretária Executiva do Departamento de Educação Popular (Dedep) do Rio Grande do Sul, Alexandra Passuela, sobre os trabalhos de prevenções que são desenvolvidos pelo Dedep – órgão responsável pelo desenvolvimento de gestão pedagógica em conjunto com o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Cedep).
A ideia dos trabalhos é mobilizar e buscar soluções para situações que necessitam de uma gestão sobre riscos. As ações envolvem alunos de diferentes cursos. No caso de enchentes, o Estado poderia contar com estudos de alunos e professores de engenharia ambiental e civil, biologia, e matemática. “Com uma equipe diversificada se torna mais fácil em mapear o espaço e elaborar uma percepção de risco”, frisou.
Chuvas de 2013
O comandante do Corpo de Bombeiros do Espírito Santo, coronel Edmilton Aguiar, apresentou relatório de ações realizadas pela corporação durante o desastre que atingiu o estado nas últimas semanas de 2013. De acordo com o relatório, 55 municípios e cerca de 90% da população – aproximadamente 3,5 milhões e pessoas – foram afetados pelas fortes chuvas. Durante a catástrofe mais de 1100 homens do Corpo de Bombeiros atuaram no resgate às vítimas.
Seminário Chuvas
A programação do I Seminário Chuvas no Espírito Santo prossegue nesta quinta-feira (15). As atividades começam às 8h30 com o terceiro módulo “Socorro e Resposta: Governos, Instituições e Sociedade”. O seminário é promovido pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo. Durante o seminário estão sendo debatidas alternativas para enfrentamento e redução de estragos provocados pelas chuvas no estado e formuladas propostas a serem encaminhadas para gestores públicos.
Piscinão
Deslocar para campos de futebol e outras áreas inabitadas as águas que invadem as casas e os estabelecimentos comerciais durante as inundações. A proposta, já implantada em outros estados, foi apresentada pelo especialista em Hidrologia Paulo Canedo, durante a sessão especial de abertura do 1º Seminário Chuvas no Espírito Santo, na noite de terça-feira (13).
Série especial na TV Vitória
Em janeiro deste ano, equipes da TV Vitória foram conferir de perto o processo de reconstrução de cinco municípios castigados pelas chuvas. Na série especial foram visitadas as cidades de Rio Bananal, Itaguaçu, Barra de São Francisco, Itaguaçu e Santa Teresa.
Somente na cidade de Rio Bananal, na região Norte do Espírito Santo, o prejuízo passa dos R$ 20 milhões.
Já a cidade de Itaguaçu teve mais de R$ 50 milhões de prejuízo e vai precisar, no mínimo, de dois anos para ser reconstruído. No Barro Preto, um dos bairros mais afetados pelas chuvas, três pessoas morreram e três casas desabaram.
Localizada no Noroeste do Estado, a cidade de Nova Venécia teve um prejuízo de mais de R$ 40 milhões. O nível do rio Cricaré, que corta o município, chegou a cinco metros acima do nível normal. No bairro Santa Luzia, várias casas ribeirinhas foram danificadas.
Os prejuízos da cidade de Santa Teresa, região Serrana do Estado, ainda estão sendo contabilizados, mas de acordo com a prefeitura, a estimativa é que a cidade esteja toda reconstruída em um ano e meio.
Já o município de Barra de São Francisco foi atingido por três enchentes, uma no dia 17, outra no dia 21, e a última no dia 26 de dezembro, quando praticamente tudo foi destruído. De acordo com a prefeitura, o prejuízo passa de R$ 30 milhões.