Estudantes de diversos cursos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) realizaram um protesto na última terça-feira (17), quando o professor de economia da instituição Manoel Luiz Malaguti, acusado de racismo, voltou a dar aulas. O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF-ES) denunciou à Justiça o professor por racismo. Outros protestos aconteceram.
Cerca de 20 estudantes de diversos cursos da universidade entraram em uma aula do professor com uma faixa no rosto escrita “Racismo Institucional”. O protesto durou alguns minutos.
De acordo com o movimento Coletivo Negrada, os estudantes que protestaram pedem medidas da universidade. “Quando a Ufes se omite frente aos casos de racismo praticados nas suas esferas à torna também cúmplice, co-autora e principal responsável pelos atos praticados”, afirma uma nota enviada à imprensa.
No dia 3 de novembro de 2014, o professor foi acusado de fazer comentários de cunho racistas durante uma aula. Os alunos que realizaram o protesto afirmam que a universidade foi omissa em relação ao processo administrativo feito pela Ufes contra o professor.
Durante os trabalhos da reitoria da universidade, Malaguti foi afastado e não frequentava as salas de aula, mesmo assim, continuou recebendo salário. O professor voltou a lecionar na última terça-feira (17).
Para se posicionar sobre o assunto, a vice-reitora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, concede entrevista coletiva às 16 horas desta quarta-feira (18).
Veja o vídeo da manifestação:
MPF-ES quer que professor seja processado
Em novembro de 2014, o Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF-ES) instaurou procedimento para apurar a conduta do professor após representações feitas à Procuradoria. Foram ouvidas testemunhas do ocorrido e o próprio professor Manoel Luiz Malaguti, na sede do órgão.
Para o MPF-ES, o fato se torna “abominável se levado em conta o ambiente acadêmico em que se deu sua exteriorização e, ainda, a inegável posição de autoridade em que se encontrava o professor em relação aos alunos”.
Por conta do exposto, o MPF-ES quer que o professor seja processado e condenado por racismo, além da perda do cargo público ocupado. Pede, ainda, que seja fixado valor mínimo para reparação dos danos causados, que deverá ser definido pela Justiça.
O MPF-ES quer, ainda, que, pelo prazo de dois anos, o professor não se ausente do Estado por mais de 15 dias, sem autorização da Justiça, não possa mudar de residência, compareça bimestralmente em juízo e pague uma multa de R$ 10 mil.