Duas espécies raras de cobras foram encontradas no Espírito Santo após décadas sem serem registradas em solo capixaba. Uma delas foi encontrada apenas uma vez, em 1950.
Um estudo vinculado ao Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), publicado na revista científica Check List, em fevereiro deste ano, revelou as duas espécies: Apostolepis longicaudata e Drymoluber brazili, encontradas em 2016 e 2018, nos municípios de Jaguaré e Barra de São Francisco, respectivamente.
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Durante esse tempo, os animais estavam na coleção de zoologia do INMA, conservados para a realização de estudos. O artigo foi publicado pelos biólogos Rafael Scherrer Mathielo, Diego Henrique Santiago, Thiago Marcial de Castro e pela pesquisadora Flávia Chaves.
O primeiro e único registro de A. longicaudata no estado foi feito no município de Sooretama, em 1950. Já D. brazili teve dois registros no município de Baixo Guandu, em 1933 e 1934. Depois disso, houve ainda um terceiro registro, no município de Colatina, em 1974.
Os pesquisadores indicam que a raridade de Apostolepis longicaudata está atribuída à qualidade dos remanescentes florestais. Já para Drymoluber brazili, espécie que prefere áreas abertas e tem ocorrência no Cerrado, a explicação para ser encontrada no Espírito Santo é o limite de ocorrência de distribuição geográfica da espécie.
“Esses registros recentes reforçam a importância da pesquisa científica na identificação e monitoramento de espécies ameaçadas, fornecendo dados valiosos para a conservação da biodiversidade local. A redescoberta de Drymoluber brazili, que tem preferência por habitats abertos, revelou uma possível adaptação ao desmatamento humano feito na Mata Atlântica, enquanto a presença de Apostolepis longicaudata evidencia a importância dos remanescentes florestais para a conservação da biodiversidade”, explica Flávia.
Além disso, de acordo com os pesquisadores, o estudo revela a necessidade da elaboração de estratégias de conservação para acompanhar as espécies, bem como saber os níveis de ameaça em que se encontram.
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