Os estudos científicos para a recuperação do Rio Doce, afetada pela lama com rejeitos de mineração proveniente do rompimento de uma barragem da Samarco em Mariana (MG), serão intensificados. As ações relativas às pesquisas diretamente ligadas à recuperação do rio foram discutidas durante uma reunião entre o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, representantes dos governos do Espírito Santo e Minas Gerais – estados diretamente afetados pelo desastre ambiental – e especialistas de diversas áreas do conhecimento.
O encontro foi realizado em Brasília, na terça-feira (26), e teve como objetivo unir esforços em torno das ações para recuperar a Bacia do Rio Doce desde o ponto onde a barragem da Samarco se rompeu, em Mariana, até o oceano, na localidade de Regência, em Linhares, norte do Espírito Santo. O ponto convergente da reunião foi oferecer soluções a partir da ciência para recuperar os danos causados pelo desastre.
Um dos pontos importantes foi a unificação das chamadas públicas para financiar pesquisas voltadas para análise da região e possíveis soluções. Atualmente, as fundações de amparo à pesquisa de Minas Gerais e Espírito Santo já têm editais para atender parte dessa demanda. O MCTI seria o responsável por unificar e gerir as ações em parceria com as fundações estaduais.
Um outro ponto importante da reunião foi a disponibilização das unidades de pesquisa, vinculadas ao Ministério, para colaborar nas pesquisas feitas em diferentes áreas do conhecimento.
O terceiro item estabelecido foi a participação do Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira (NPqHo) para colaborar com o conjunto de ações unificadas. O navio, um dos mais modernos do mundo para pesquisas, já passou pela região da foz do Rio Doce para estudos sobre os impactos da lama de rejeitos no mar. Parte do material foi coletado pelas lanchas do barco próxima à costa brasileira.
Para o diretor da Fapes, José Antônio Bof Buffon, a ciência é o caminho para compreender a nova realidade da Bacia do Rio Doce. Para ele, a característica do rio era de corredeiras que formavam locais responsáveis pela manutenção de todo ecossistema e não de fluxo, como o Rio Amazonas, por exemplo. “As pesquisas podem nos indicar como atuar de forma eficiente na recuperação do Rio Doce e seus afluentes”, diz ele.
Novo edital
Parte da comitiva do Espírito Santo se reuniu em Brasília, nesta quarta-feira (27), para tratar dos detalhes do novo edital destinado à recuperação do Rio Doce, previsto para março deste ano. Outra ação estudada é promoção de um seminário em junho de 2016, com especialistas internacionais que possam contribuir com o conjunto de ações de curto, médio e longo prazo na recuperação da Bacia do Rio Doce.
O secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional, Guerino Balestrassi, destaca a importância do esforço do Ministério em promover as ações conjuntas com objetivo de nortear os esforços para se recuperar os danos causados pelo desastre ocorrido em Mariana (MG).
“Existem alguns exemplos espalhados pelo mundo de recuperação ambiental e precisamos tratar essa questão do rio com muita responsabilidade. A união de forças e, principalmente de conhecimento, significa eficácia na reconstrução da bacia hidrográfica atingida e toda biodiversidade”, finaliza.
Próxima reunião
Está prevista nova agenda do grupo com o ministro Celso Pansera após o Carnaval, com a adição de novas instituições e universidades. No encontro, serão apresentadas as demandas de pesquisa mais emergenciais para definir a estratégia de apoio do MCTI, em parceria com os governos estaduais, as fundações estaduais, as entidades vinculadas ao Ministério, universidades e a comunidade científica.