“Eu desmaiei, chorei muito. Fiquei muito chocada mesmo. Nunca pensei que ela pudesse fazer uma coisa dessa com a minha filha”. É dessa forma que a mãe do bebê de cinco meses agredido em uma creche no bairro Maria Ortiz, em Vitória, descreve o momento em que assistiu ao vídeo registrado por uma vizinha da cuidadora. A TV Vitória/Record exibiu com exclusividade.
“Fui buscar minha filha na casa da babá, aí uma moça me parou no meio da rua e falou ‘moça, você que é a mãe dela? Sua filha está sofrendo maus tratos’. Perguntei ‘como assim?’. Ela disse que tinha como me provar e enviou os vídeos”, contou a mãe, que é auxiliar de serviços gerais e tem 36 anos.
O caso foi gravado na última quinta-feira (16), quando Francisca Alves da Cunha Ramos, 66 anos, e a ajudante Giliana Aguiar Ribeiro, 29 anos, bateram na cabeça da menina com um celular e o tiraram com força desproporcional do carrinho. O local não possui alvará, segundo a prefeitura.
As duas foram ouvidas pela polícia, autuadas por maus tratos, assinaram um termo circunstanciado e vão responder em liberdade. O inquérito ainda não chegou ao Ministério Público.
“Eu espero que a Justiça volte atrás. A Justiça foi muito lenta, ela tinha que ser punida. Não só minha filha foi maltratada, mas também outras crianças foram maltratadas por ela. Já ouvi relatos de mães falando que ela já maltratou, xingou, empurrou, deu beliscão, e isso tem muitos anos”, disse a mãe do bebê, que prefere não ser identificada.
A denúncia chegou à Comissão de Proteção à Criança e ao Adolescente da Assembleia Legislativa. O caso foi apurado e encaminhado para a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
A mãe contou que a filha estava há um mês na creche. Um parente da agressora disse que ela estava passando por um momento muito complicado, algo grave e pessoal, mas não relatado, e desde que tudo aconteceu ela saiu do Estado por ter recebido ameaças de morte.
“Eu desconfiava que ela chorava muito, que um dia ela até veio soluçando muito e falei com minha mãe, que havia buscado ela na casa dela (creche), que ela devia ter chorado muito. Minha mãe disse que isso era manha, mas para mim não estava certo. Já estava desconfiando. Perto de mim ela não chora muito, quando pego ela, acalento ela, o carinho de mãe é diferente”.
O recado da mãe é para que ninguém se surpreenda com algo parecido. “Conheçam bem as pessoas com quem você vai deixar seus filhos. Hoje está muito difícil mesmo. Até mesmo parente, tem que ter uma pessoa de confiança mesmo para poder deixar os filhos. A gente precisa trabalhar, ganhar o pão de cada dia, então temos que puxar a ficha da pessoa”, afirmou.