O Facebook admitiu na terça-feira (5) que tem parcerias para compartilhamento de dados com pelo menos quatro empresas de tecnologia da China, incluindo a Huawei, que foi destacada pela inteligência norte-americana como uma ameaça à segurança nacional dos EUA por seus fortes laços com o governo chinês.
Os acordos da rede social estão em vigor pelo menos desde 2010, segundo reportagem publicada pelo New York Times no fim de semana. O Facebook confirmou que compartilhou dados privados de usuários com as empresas, mas que vai encerrar a parceria com a Huawei nos próximos dias.
O jornal norte-americano afirmou que, além do Facebook, outras empresas de tecnologia, como Amazon, Apple e Samsung, também compartilhavam dados de usuários com os chineses.
Entrada no mercado
O acordo permitiu que o Facebook tivesse uma entrada mais fácil no mercado de celulares em 2007, antes que os aplicativos da rede social funcionassem bem em telefones. Também permitiu que esses fabricantes — que incluem, além da Huawei, as empresas Lenovo, Oppo e TCL — usassem funcionalidades do Facebook, como listas de contato, botões de “curtir” e atualizações de status.
Segundo funcionários da empresa, os acordos davam às empresas chinesas acesso a informações detalhadas não apenas aos perfis dos usuários dos telefones, mas também de todos os seus amigos, incluindo dados como histórico profissional e escolar, status de relacionamento e as curtidas.
Desconfiança no Senado
O senador democrata Mark Warner, membro do Comitê de Inteligência do Senado dos EUA, afirmou que as preocupações a respeito da Huawei não são novas. Ele citou um relatório de 2012 que aponta “relacionamento próximo entre o Partido Comunista chinês e fabricantes de eletrônicos”.
“Quero muito saber mais sobre como o Facebook se assegurou que as informações dos seus usuários não foram enviadas para servidores na China”, afirmou Warner.
Segurança dos dados
Francisco Varela, um dos vice-presidentes do Facebook, disse que todos os acordos eram ‘controlados’, desde o início, e que toda a infraestrutura montada foi supervisionada pela empresa.
“Queremos deixar claro que todas as informações resultante dessas integrações com a Huawei foram armazenadas em nosso servidor, não no deles”, afirmou. A Huawei ainda não se manifestou sobre o caso.
A companhia recebeu bilhões de dólares em incentivos dos bancos estatais chineses e, por isso, sempre foi vigiada de perto pelo governo norte-americano. Neste ano, uma das principais operadoras dos EUA deixou de vender celulares da empresa.
Fábio Fleury, do R7, com agências internacionais