A família da professora Mirian Oliveira, de 38 anos, que morreu após cair de cima de um brinquedo em um parque de diversões em Itaipava, litoral de Itapemirim, no último sábado (01), divulgou uma nota nesta quarta-feira (05) falando sobre a dor da perda e também da revolta com a liberdade dos responsáveis pelo acidente.
“A família está enlutada e desolada. Mirian trabalhou desde os 15 anos de idade. Era o esteio da família. Professora exemplar. Esposa e mãe dedicada. Infelizmente faleceu não numa tragédia, mas num verdadeiro ato criminoso. A Mirian teve sua vida retirada num momento de lazer com a sua família, enquanto brincava num parque de diversões. Morreu de forma brutal na frente de seu esposo e da sua mãe”, escreveram os familiares.
No momento da queda, Mirian estava junto com a filha, Maria Alice, de 8 anos, que também foi arremessada do brinquedo e teve traumatismo craniano. A menina, segundo a família, segue internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Infantil de Cachoeiro de Itapemirim, em coma induzido.
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Na nota, os familiares também lamentam o fato de os responsáveis pelo acidente que tirou a vida de Mirian já estarem soltos.
“Quem mantém um parque de diversões operando sem alvará de funcionamento, com equipamentos quebrados e em estado de embriaguez, comete homicídio doloso, com a intenção de matar e deve ser responsabilizado por isto”, afirmaram.
Confira a nota na íntegra:
A família está enlutada e desolada. Mirian trabalhou desde os 15 anos de idade. Era o esteio da família. Professora exemplar. Esposa e mãe dedicada. Infelizmente faleceu não numa tragédia, mas num verdadeiro ato criminoso.
A Mirian teve sua vida retirada num momento de lazer com a sua família, enquanto brincava num parque de diversões. Morreu de forma brutal na frente de seu esposo e da sua mãe.
A Maria Alice, a mais doce das crianças, foi arremessada violentamente por dez metros e teve traumatismo craniano. Segue internada na Unidade de Tratamento Intensivo do hospital infantil de Cachoeiro de Itapemirim, em coma induzido. Rogamos por sua vida, cremos em Deus e nos médicos que conduzem o seu tratamento e esperamos a sua rápida recuperação.
Maior que a tristeza, é a nossa revolta.
Infelizmente, os responsáveis por isso já gozam da liberdade, em decorrência de uma decisão judicial, prolatada no bojo do processo de n°. 0000341-51.2020.808.0026, que tramita perante a Primeira Vara Criminal de Itapemirim/ES, que, de forma equivocada, entendeu que foram elas vítimas de um homicídio culposo, não intencional.
Inadmissível se conceber que um parque de diversões estivesse operando de forma irregular, sem a licença dos órgãos competentes, ostensivamente, a luz do dia, na via principal de um distrito turístico do Sul do Estado do Espírito Santo.
Inconcebível que um parque de diversões exposto ao público não mantivesse correta manutenção em seus aparelhos e, mais que isso, que o proprietário do aludido parque tenha permitido que o seu funcionário, responsável por operar os maquinários, estivesse visivelmente embriagado durante o trabalho.
No momento do ocorrido, nenhum responsável pelo parque apareceu no local. Todos se evadiram e a família ficou a mercê da própria sorte. Até agora nenhum representante fez contato ou prestou qualquer auxílio. Ao contrário, grassam em liberdade e desfrutam do conforto de seus lares.
Quem mantêm um parque de diversões operando sem alvará de funcionamento, com equipamentos quebrados e em estado de embriaguez, comete homicídio doloso, com a intenção de matar e deve ser responsabilizado por isto.
Tanto o proprietário quanto o operador do aparelho assumiram o risco de causarem a morte de alguém no momento que decidiram agir conforme agiram e esperamos uma enérgica atuação da Polícia Civil, do Ministério Público e do Judiciário Capixabas, no sentido de darem uma resposta satisfatória para a família e para a sociedade.
Viana/ES, 05 de fevereiro de 2020.
O acidente
O acidente aconteceu no brinquedo conhecido como “surf”, que faz rotação em 360º. O equipamento teria começado a girar em alta velocidade, e as duas vítimas, Mirian e sua filha, foram arremessadas.
Testemunhas contaram para polícia, que a mãe teria caído primeiro, sendo atingida pelo próprio brinquedo. Logo depois, a criança também sofreu a queda, sendo jogada pelo lado contrário da mãe. A menina foi socorrida e levada para o Hospital Infantil de Cachoeiro de Itapemirim.
O delegado plantonista Thiago Viana disse que o marido da mulher, pai da criança, teria assistido ao acidente e ficou desesperado. O parque funcionava havia cerca de 30 dias na cidade.
O dono do parque e um funcionário que operava o brinquedo no momento do acidente acabaram presos por homicídio culposo e lesão corporal. No entanto, eles foram liberados pela Justiça. De acordo com a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), os dois receberam o alvará de soltura na última segunda-feira (3).
Mirian Oliveira morava com a família no município de Viana. A família estaria no local a passeio.