
Após cinco dias, bairros continuam sem água na Grande Vitória. Em São Pedro 5, na Capital, a situação é pior, com o relato de moradores e comerciantes pegando água de vizinhos para atender às necessidades mais básicas como tomar banho e cozinhar.
A Cesan, mais uma vez, disse que a situação já está sendo solucionada e pediu para que quem já recebeu água em casa economize, principalmente nas regiões mais baixas de Vitória.
Segundo o diretor operacional, Thiago Furtado, o problema que já se arrasta há dias em alguns bairros da Grande Vitória não vai gerar custos para o consumidor.
“O sistema ainda não foi completamente restabelecido na região da Grande São Pedro e ainda temos pontos que não são abastecidos. Os carros-pipa que estamos oferecendo não serão cobrados da população. No caso do desabastecimento, o relógio que mede a água não roda e, com isso, não gera cobrança para o cliente.”
O diretor explicou que o que causou a falta de água foi a paralisação de uma das estações, responsáveis por abastecer a maior parte da Grande Vitória, causado pela falta de fornecimento de energia, seguida de uma pane no sistema elétrico.
“As redes secaram. Quando isso acontece, para chegar nas regiões mais distantes e altas, é preciso que haja a pressurização e que a rede encha. Pedimos compreensão e que a população economize água, principalmente das regiões mais baixas”, explicou.
“Existe a previsão que tudo se normalize nas próximas 24 horas. Por isso pedimos que quem já recebeu, economize água. Ainda não voltou ao normal porque há um grande consumo”, concluiu.
PREJUÍZO PARA MORADORES E COMÉRCIO
Em um restaurante do bairro São Pedro 5, a falta de água resulta em prejuízo. O estabelecimento ficou dois dias fechado e só voltou a abrir nesta quinta-feira (03). Para fazer a comida, os funcionários precisaram carregar baldes com água.
“Estamos tendo prejuízo e gostaria de fazer um apelo. Precisamos de água para trabalhar. Até para fazer o café, tivemos que pegar água com a vizinha. Estávamos de portas fechadas e só conseguimos trabalhar porque buscamos água”, contou a cozinheira Elzir Amaral dos Santos.
As funcionárias do restaurante estão pegando baldes de água com uma vizinha. É a dona Jeane Wandermurem que, por alguma razão, tem água caindo devagarzinho na torneira externa dela. Ela ainda improvisou uma forma para que outros moradores pudessem pedir ajuda.
Se o improviso é feito para trabalhar, para a higiene pessoal não é diferente. Uma moradora contou que, para tomar banho, foi até uma praia de Vitória e levou shampoo e sabonete para usar os chuveiros públicos.
“Fomos à praia e levamos o kit para tomar banho lá, mas estava com cheiro de ferrugem a água de lá, mas era o que tinha”, disse.
No Centro de Vitória, comerciantes também tiveram prejuízo com a falta de água. O Rogério Barbosa tem um restaurante e precisou comprar água mineral para continuar trabalhando nos últimos dias.
Procon notifica Cesan e pode ser acionado por moradores
Em situações com essa, os moradores afetados podem procurar o Procon para buscar os seus direitos. O órgão de defesa do consumidor de Vitória, por exemplo, montou uma ação de atendimento à população dos bairros afetados pela falta d’água na Grande São Pedro. A ação acontece no Centro de Artes e Esportes Unificados do bairro Santo André.
Segundo a gerente do Procon, Denize Izaita, o órgão enviou uma notificação recomendatória para a Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan) para que a distribuição de água fosse restabelecida e para que fosse disponibilizado um meio alternativo para o fornecimento de água de forma gratuita e segura.
“Além disso, foi solicitado que a companhia de água, Cesan, abstenha-se de realizar a cobrança no período em que o serviço estiver suspenso”, destacou.
Desconto na conta?
Outra recomendação importante é para que os moradores fiquem de olho nas contas quando chegarem. Segundo a gerente do Procon, em caso de falhas no abastecimento, as taxas não podem ser cobradas.
“A água é um serviço essencial. Como é essencial e é prestado por órgão públicos, através das concessionárias, ele tem que ser adequado, seguro, eficiente e continuo. Se você recebe um pinga-pinga na sua casa, não recebeu com regularidade, você não pode ser cobrado. É interessante que o consumidor anote os dias que houve desabastecimento ou abastecimento irregular. Em todos esses dias, deverá haver desconto nas contas. Caso não haja, as pessoas podem procurar o Procon”, explicou.
*Com informações das repórteres Daniele Cariello e Gabriela Valdetaro, da TV Vitória