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Faltam mais de 116 mil residências para atender a população do ES

Segundo o estudo, o déficit habitacional atinge principalmente os mais pobres

Foto: Divulgação

Um estudo encomendado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) mostra que o déficit habitacional do Sudeste é o maior do país. De acordo com a pesquisa, no Espírito Santo esse número é de 116.510 moradias, sendo que 98,9% refere-se aos capixabas com renda familiar de até cinco salários mínimos.

O termo déficit habitacional é utilizado para se referir a um determinado número de famílias que vivem em condições de moradia precárias ou que não possuem qualquer moradia. Neste contexto, são consideradas moradias inadequadas aquelas construídas com materiais não duráveis ou improvisados, que estão em risco, que possuam um número excessivo de pessoas vivendo em um pequeno espaço – como no caso da coabitação, ou aquelas que não foram construídas com o objetivo de serem habitadas por uma família.

Realizado pela Ecconit Consultoria Econômica, o estudo mostra que no sudeste, segunda região do país com maior deficiência de imóveis para atender a demanda reprimida, faltam 1.418.352 residências para atender a população.

O presidente da Abrainc, Luiz Antonio França, observa que o déficit seria maior se o Sudeste não o tivesse reduzido em 888.621 unidades entre 2004 e 2019. “Ao longo de 15 anos, o país reduziu o déficit em mais de 2 milhões de moradias. A redução reflete as políticas públicas de habitação para a população de baixa renda adotadas pelo Estado. É preciso reforçar e ampliar essas políticas para zerar o déficit habitacional brasileiro, bem como focar na redução dos juros do financiamento imobiliário para permitir que os mais pobres realizem o sonho da casa própria”, afirma.

IMPACTO DO ALUGUEL

Ainda de acordo com o estudo, o aumento do comprometimento da renda com aluguel fez o déficit ampliado nacional subir em 1,8 milhão de moradias entre 2004 e 2019, resultando em um saldo positivo global de apenas 193 mil unidades. A maior fatia do crescimento com o ônus ocorreu no Sudeste (43%), movimento iniciado a partir da crise econômica de 2014. O estudo foi elaborado com base em dados do IBGE reunidos e analisados pela equipe da Ecconit.

Em 2019, a dimensão absoluta do déficit alcançou 7,797 milhões de unidades. Isso corresponde a 9,6% do total de domicílios existentes no país no ano. Desse universo, 3.345.809 unidades compõem o chamado ônus excessivo com aluguel.

O ônus excessivo saltou de 18,9% do total do déficit em 2004 para 42,9%, em 2019, puxado pela perda de renda pelo brasileiro – especialmente a partir de 2014.

O Sudeste é a região com maior peso do aluguel na composição do déficit (1.726.242 moradias na categoria). Seguida pelo Nordeste (748.429), Sul (403.458), Centro-Oeste (305.562) e o Norte (162.118).

DEMANDA FUTURA

O estudo da Abrainc-Ecconit faz uma projeção sobre a formação de novas famílias – incluindo “famílias unitárias”, representada pela crescente parcela de brasileiros vivendo sozinhos. Entre 2020 e 2030, calcula-se que 11,4 milhões de famílias surgirão.

Se cada uma delas demandar um imóvel está será a demanda por moradias em todo o país. Familiar com renda de até 5 salários mínimos deve responder por 81% das que precisarão de uma nova residência até 2030.

O Sudeste deve demandar 38,1% das moradias necessárias para atender novas famílias, totalizando 4,35 milhões de unidades na próxima década. Em seguida, o Nordeste deve demandar 28,5% novas residências, o que presenta demanda por 3,252 milhões de unidades.

São Paulo deve ser o estado com maior demanda: 2.294 milhões (20,1% do total nacional). Seguido por Minas Gerais (998 mil moradias ou 8,7% do total do nacional), Rio de Janeiro (817 mil e 7,2%, respectivamente) e Espírito Santo (242 mil e 2,1%, respectivamente).