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Família capixaba relata momentos de tensão durante conflitos em Israel: 'Me apeguei à fé'

Edinardy Nascimento, Rayani Nascimento e a filhinha do casal, Melina, de 3 anos, chegaram ao Espírito Santo, na quinta-feira, após cinco dias de aflição e incerteza

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Aliviados por, finalmente, poderem retornar para casa, após momentos de tensão vividos em Israel, devido aos ataques promovidos no país pelo grupo terrorista Hamas. Esse é o sentimento da família de Edinardy Nascimento, de 35 anos, e Rayani Nascimento, de 32, além da filhinha do casal, Melina, de 3 anos.

Eles chegaram ao Espírito Santo na quinta-feira (12), após conseguirem embarcar em uma das aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) que foram enviadas ao país do Oriente Médio, para ajudar no retorno de brasileiros.

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Em entrevista ao programa Fala Espírito Santo, da TV Vitória/Record TV, Edinardy e Rayani deram detalhes dos momentos de aflição vividos em Israel, desde o início dos conflitos, no último sábado (7), até o momento em que, finalmente, conseguiram deixar o país e voltar para casa.

“Quando o comandante disse ‘acabamos de sair de terra israelense’, todos no voo aplaudiram felizes, por terem conseguido vencer essa parte. Claro que foi Deus que deu essa oportunidade para nós”, destacou Edinardy.

A fé, inclusive, foi fundamental para que o casal se mantivesse forte em meio à tensão de uma guerra e à incerteza de que conseguiria ou não voltar para casa.

“É normal sentir medo no momento e no ambiente em que nós estávamos. E eu me apeguei à fé, me apeguei à Palavra de Deus, que eu acredito. E oro todos os dias pela paz em Jerusalém, pela paz em Israel. É uma nação que eu e minha família amamos. Foi o momento mais tenso que eu senti, mas que eu acreditei até o fim”, disse Edinardy.

Para ele, o momento mais difícil nesses cinco dias em que a família esteve em meio ao conflito na Terra Santa foi quando a filha Melina disse que estava com medo.

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Edinardy lembra que, inicialmente, a menina estava tranquila, mesmo com todos os acontecimentos.

No entanto, enquanto os três estavam em um bunker — estrutura construída embaixo da terra, feita para resistir a projéteis de guerra — junto com outras pessoas, uma criança de aproximadamente 5 anos gritou “corre, a bomba”, o que fez com que Melina ficasse apreensiva.

“No limite do que ela entende por bomba, ela sentiu uma certa ansiedade. E aí ela já veio para o meu colo e disse, com a voz meio trêmula: ‘papai, eu tô com medo da bomba’. Aí eu olhei nos olhos dela e disse: ‘filha, quem é que está nos protegendo’? Aí ela disse, com a voz trêmula: ‘Deus’. Aí eu falei: ‘isso filha, Deus está protegendo você, o papai, a mamãe e todos que estão aqui. E está protegendo Israel também’. E aí nós nos apegamos a essa fé e precisamos manter a força e a firmeza, acreditando nisso”.

Outro momento em que precisou tranquilizar a filha foi enquanto aguardavam o voo de volta para o Brasil, no aeroporto de Tel Aviv. Edinardy conta que, em determinado momento, houve um soar de sirene, o que deixou todos no local em pânico.

“Como era um ambiente muito cheio, por mais que pedissem calma, as pessoas se desesperaram. Todas, conforme orientação, deitaram no chão. Aí ela viu todo mundo deitado ali e eu falei com ela: ‘filha, vamos dormir um pouquinho’.

Início dos ataques em Israel

Rayani conta que, inicialmente, o casal não entendeu bem o que estava acontecendo quando ouviu o primeiro soar de sirene, na manhã de sábado, quando tiveram início os conflitos.

“A gente imaginava que, num país que tem tanta segurança, se soou o alarme é porque alguma coisa está acontecendo. Mas não imaginávamos o que era. Estávamos já nos preparando, porque no outro dia nós iríamos retornar para casa. E aí nós entramos em contato com um amigo que mora lá, para saber o que estava acontecendo. E ele nos respondeu: ‘se abriguem porque estamos sendo atacados’.

Foto: Acervo pessoal

Edinardy lembra que, como os ataques começaram num sábado, dia em que os judeus geralmente descansam, as ruas estavam desertas. Por isso, não perceberam nada de diferente ao redor. 

“Fomos para a janela, mas como era ‘shabat’ — era um dia de descanso, como se fosse um domingo aqui —, as ruas já estavam relativamente vazias. A maioria das pessoas estava em casa, os mercados estavam fechados. Então nós continuamos onde estávamos”.

A fuga para um bunker ocorreu somente após uma orientação da dona do apartamento onde a família estava abrigada.

“Ela falou que nós deveríamos descer talvez duas sacadas, ou então procurar o bunker que tinha no prédio. E ela passou três endereços mais próximos de onde nós estávamos”, conta Edinardy.

“A gente nem sabia como era o ambiente. Chegamos lá e vimos que era uma espécie de caixote fechado de ferro, com uma porta de ferro bem segura, caso precisasse fechar. Ficamos em umas 15 pessoas. E o mais interessante é que ali tinha vários tipos de famílias, de judeus, cristão e outros, mas que, nesse momento, precisaram se juntar no mesmo ambiente para se proteger”, completou Rayani.

Capixabas conseguiram as três últimas vagas no voo

Inicialmente, o voo que traria a família de volta ao Brasil estava marcado para o domingo (8). No entanto, ele foi cancelado pela companhia aérea.

Sem saber o que faria para voltar para casa, a família teve uma grata surpresa ao receber uma ligação da Embaixada Brasileira, informando que havia justamente mais três vagas em um voo da FAB.

“Uma moça entrou em contato comigo e falou: ‘vão te ligar’. Eu fiquei aguardando e, em uns 30 minutos, me ligaram e disseram: ‘nós temos três vagas no voo da FAB, para retornar para o Rio de Janeiro. Você tem interesse’? Falei: ‘com certeza’. E aí já mandei as documentações e a confirmação sobre nosso interesse no voo. Isso acendeu ainda mais a esperança de estarmos retornando”, relatou Rayani.