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'Fevereiro sangrento': livro revela 'plano' para explodir Terceira Ponte durante Greve da PM

Livro sobre fevereiro de 2017 fala sobre o caso de um roubo de 25 de dinamites de uma empresa em Cariacica. Segurança do estabelecimento disse que os bandidos planejavam explodir a Terceira Ponte

Foto: Foto: Ivan Ribeiro

“Fevereiro sangrento – bastidores da ‘greve’”. Esse é o título da primeira edição de uma trilogia literária sobre o histórico movimento de paralisação da Polícia Militar (PM) capixaba, ocorrido em fevereiro de 2017. 

A obra mostra também informações não noticiadas pela mídia capixaba, como o roubo de 25 quilos de dinamite de uma empresa de Cariacica que comercializa explosivos. O livro relata que um vigilante da empresa levou um tiro na perna disparado pelos assaltantes. “Eles disseram que iam explodir a Terceira Ponte”, conta Bruno.

Um dos PMs grevistas pede no WhatsApp que alguém alerte o comando da Secretaria de Estado de Justiça (Sejus) sobre o risco de as dinamites serem usadas ainda para outros fins, como explodir caixas eletrônicos ou paredes de presídios caso a carga não fosse recuperada.

“São muitos diálogos, quem ler o livro vai entrar nos bastidores da movimentação dos grevistas e ampliar a análise dessa greve”, avaliou Marcos Bubach.

O livro foi lançado na última terça-feira (19), na Assembleia Legislativa (Ales), pelo presidente da Academia Cariaciquense de Letras, Marcos Bubach, e pelo bacharel em História Bruno Brandão.

Eles explicam que o livro é basicamente a transcrição inédita de diálogos armazenados no aplicativo WhatsApp. As conversas foram mantidas pelos grevistas durante a paralisação e revelam a tensão que dominou a greve entre iniciada em 4 de fevereiro – se arrastando por 21 dias.

Autofinanciamento

Bruno Brandão afirmou que o lançamento da primeira edição da trilogia foi possibilitado com a ajuda de amigos que bancaram parte dos custos de impressão de 500 exemplares, que podem ser adquirido pela internet (Facebook ou no site www.sementeliteraria.com.br).

Brandão atua como professor de história e Bubach é presidente da Academia Cariaciquense de Letras, trabalhando também como assessor sênior na Ales. Ambos já possuem outros livros publicados e agora se preparam para a exposição conjunta da nova peça literária.

Relembre

A paralisação da PM capixaba começou no dia 4 de fevereiro de 2017. Na ocasião, familiares de policiais ocuparam as entradas de batalhões e impediram a saída de guarnições e viaturas. As reivindicações eram reajuste salarial, pagamento de auxílio-alimentação, periculosidade, insalubridade, adicional noturno, além da valorização da categoria.

Os militares ficaram aquartelados e as ruas ficaram sem policiamento. Durante a paralisação, foram registrados mais de 200 assassinatos no estado, saques no comércio e assaltos. Na ocasião, o governo do Estado transferiu o controle da segurança pública no estado para as Forças Armadas.