A vacinação contra a covid-19 tem avançado no Espírito Santo, que já está entre os estados com maior cobertura vacinal no Brasil. Mesmo assim, três em cada quatro capixabas não acreditam que a pandemia terá fim neste ano.
A conclusão é da pesquisa Rede Vitória/Futura Inteligência, que apontou que 75% dos entrevistados acham que a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus só vai acabar a partir do ano que vem. Isso se ela acabar, já que 18% acreditam que a situação durará para sempre.
Segundo o levantamento, apenas 12% das pessoas ouvidas acham que a pandemia terminará ainda em 2021.
Outros 29% dos entrevistados disseram que ela deve acabar em 2022, e 28% que a crise sanitária só terá fim de 2023 em diante. Já 13% não sabem ou não responderam.
População ainda está assustada, diz Instituto Futura
Mesmo após um ano e seis meses de pandemia de covid-19 e avanços da ciência em relação ao conhecimento do coronavírus e desenvolvimento de vacinas com queda de internações e óbitos, a população no Espírito Santo segue assustada com a doença.
“É a percepção das pessoas identificadas em nossa pesquisa. A covid-19 é encarada como uma doença que pode atingir qualquer um e não um grupo específico. A partir daí, a sensação de medo se estabelece”, descreve o presidente da Instituto Futura, José Luiz Orrico.
Para Orrico, essa sensação pode explicar porque a maioria dos entrevistados acredita que o mundo vai para 2022 tendo que conviver ainda com o vírus.
“A sensação de que a vacinação está acontecendo e avançando, contribuindo para a ideia de que o fim da pandemia está próximo, ainda não está plenamente consolidada”, explica.
As mulheres foram as que demonstraram maior pessimismo em relação ao fim da pandemia. Apenas 10% das entrevistadas disseram acreditar que a situação será normalizada até o fim deste ano, enquanto 13% dos homens tiveram essa visão.
Além disso, 21% das mulheres ouvidas pela Futura acham que a crise sanitária nunca terá fim, ao passo que 16% dos entrevistados do sexo masculino deram essa resposta.
Já a população do interior do Estado, ao mesmo tempo em que demonstrou otimismo ao dizer que a pandemia deve acabar ainda em 2021 (13% do total, contra 9% da Grande Vitória), também foi a que mais respondeu que acha que a situação nunca será normalizada (21%, contra 14%).
O levantamento mostrou ainda que o otimismo quanto ao fim da pandemia neste ano diminui na medida em que aumenta o nível de escolaridade do entrevistado.
Do total de pessoas ouvidas que têm o ensino fundamental, 16% deram essa resposta. Entre os que cursaram até o ensino médio, esse percentual cai para 11%, chegando a 9% entre os que possuem ensino superior.
Mulheres acham que pandemia ultrapassa 2021
A empreendedora do ramo da moda Fernanda Gonzaga, de 37 anos, é uma das que acreditam que a pandemia dificilmente acabará neste ano.
No entanto, para ela, os efeitos positivos da vacinação serão significativos ainda em 2021.
“A pandemia traz uma situação única: ela nos dá uma extrema incerteza, um extremo desconhecimento. Quando isso tudo vai acabar não consigo prever. Mas acredito que, com a população vacinada, haverá uma redução do impacto da doença e da velocidade de transmissão do vírus”, afirmou.
Já a professora aposentada Jane Eire, de 73 anos, vê com mais otimismo a situação da pandemia. Imunizada com as duas doses da vacina, ela acha que a população voltará à normalidade até dezembro e que poderá curtir as festividades de fim de ano com menos preocupação.
“Acredito que a pandemia vai acabar em dezembro. Será o presente de Natal que nosso Pai nos dará”, destacou.
A enfermeira aposentada Madalena de Fátima Luchini, de 67 anos, preferiu não arriscar uma previsão de quando acha que a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus vai ter fim.
Para ela, quanto mais cuidados a população tiver para prevenir a doença, mais cedo a situação será normalizada.
“Depende muito de nós, de todos os cuidados que tomamos e da obediência das pessoas. As pessoas estão vendo o que está acontecendo e elas ainda não acreditam”, ressaltou Madalena, que também já recebeu as duas doses da vacina contra a covid-19.
Outros dados
A pesquisa da Futura constatou ainda que 70% das pessoas entrevistadas ainda não foram infectadas pelo novo coronavírus.
O percentual é um pouco menor quando a pergunta é se alguém da mesma residência do entrevistado já contraiu a covid-19. Ao todo, 59% disseram que pelo menos um morador de sua residência já testou positivo para a doença.
O levantamento foi realizado entre os dias 14 e 17 de junho. Durante esse período, 400 pessoas com 16 anos ou mais foram entrevistadas, por meio de contato telefônico. Todas elas são moradoras do Espírito Santo.
A margem de erro da pesquisa é de 4,9 pontos percentuais, para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%.