Pela primeira vez no estado, dois filhotes de onça-pinta da nasceram em cativeiro. Segundo ambientalistas, a espécie está sob risco de extinção. Neste sábado (1), foi revelado que os filhotes são dois machos. A descoberta veio durante um ‘chá revelação’, que foi realizado no zoológico em Marechal Floriano, onde os felinos nasceram.
De acordo com a assessoria do zoológico, a partir da próxima semana a população poderá escolher o nome dos filhotes através de uma campanha online.
A reprodução em cativeiro é considerada rara, já que é preciso que os animais estejam em ambiente adequado, livre de estresse e que o casal tenha afinidade. Os irmãos são filhos da onça-pintada Tupã e do macho Negão, que morreu antes do nascimento dos filhotes.
Negão, que era uma onça-preta, deixou sua genética bem reforçada, já que um dos filhotes é preto. Essa variação na pelagem é chamada de melanismo, que é o aumento concentrado e considerável de pigmentação preta, que ocorre por mutação genética em animais, no corpo inteiro.
Veja as fotos:
Os filhotes nasceram no último dia 20 de junho, mas só agora estão sendo divulgados. O primeiro a nascer foi o pintado, e cerca de 20 minutos depois nasceu o preto. A gestação das onças dura de 90 a 110 dias. Os irmãos já passaram por avaliações de veterinários e estão adaptados ao zoológico.
Brincalhões, os filhotes estão sadios e já mostram seu lado feroz, um exemplo é que já começaram a comer carne moída. Na manhã desta sexta-feira (30), eles tomaram o primeiro banho, sob o olhar atento da mamãe onça, que chegou a retirar um dos filhotes da água. No Brasil, esse é o terceiro nascimento de onças-pintadas em cativeiro em 2019. Os outros foram em Goiânia (GO) e em Foz do Iguaçu (PR).
Os pequenos felinos foram avaliados pela equipe de profissionais do zoológico quando tinham 45 dias de vida. Na ocasião, já pesavam 3,9 e 4 quilos. Eles ainda não poderão ser vistos pelos visitantes do zoológico, já que por precaução, eles precisam estar maiores para não se estressarem com a presença de pessoas. Nos próximos dias, os visitantes do Zoo Park da Montanha poderão ver o dia a dia da mãe Tupã e os filhotes, por uma tela de TV. Ainda não se sabe quando o sistema estará disponível.
Com menos de cinco anos no zoológico, a mãe Tupã veio Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), do Exército, que fica em Manaus, capital do Amazonas. Já o Negão, pai dos filhotes, chegou ao zoológico vindo de Belém, no Pará.
A veterinária Kristal Furno, que atua no Zoo Park da Montanha, contou que no Brasil há uma única espécie de onça-pintada, que é a (Panthera onca). Entretanto, a espécie ocorre em cinco biomas: Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Pantanal. E pode haver diferenças no tamanho e no peso dos animais de acordo com a região onde vivem. As existentes do zoológico são da Amazônia.
“A população de felinos em cada um desses biomas sofre diferentes tipos e níveis de ameaças, por isso é importante a reprodução em cativeiro. E quando isso acontece, como é o nosso caso no zoológico, é um dos indicadores de que os animais estão sendo bem tratados e com o ambiente adaptado a eles”, informou a veterinária.
A bióloga Thatiane Lázaro Corona Borlini destacou que a reprodução em cativeiro dessa espécie não é fácil. “É preciso de manejo e muito cuidado, pois é natural a mãe ‘comer’ os filhotes, principalmente por estresse ou medo”, informou. Esse é um dos motivos de os filhotes ainda não estarem disponíveis para serem vistos.
Ainda segundo a bióloga, a reprodução em cativeiro contribui muito para a conservação da espécie. “Esses filhotes podem fornecer material genético para projetos de pesquisa que trabalham nessa causa, tentando a reintrodução de animais em vida livre”, disse.
O período de aproximação entre o macho e a fêmea demorou, aproximadamente, seis meses até a total interação entre eles. A equipe técnica, composta pela bióloga Thatiane, a veterinária Kristal e o veterinário Eduardo Lázaro de Faria da Silva, acompanhou desde a cópula ate os primeiros sinais de contração.
Foram instaladas câmeras na área de manejo, onde todo o parto, bem como os primeiros cuidados da mãe com os filhotes foram acompanhados. “Ficamos 24 horas de plantões, monitorando os filhotes e acompanhando todo comportamento da mãe, que é uma mãezona”, afirmou Kristal.