Dar vida a projetos, tirá-los do papel e transformá-los em realidade ao mesmo tempo em que muda as perspectivas de vida de milhares de adolescentes. Esse tem sido o objetivo do Empreendedores do Futuro, projeto da Estação Conhecimento Serra, uma iniciativa da e Fundação Vale, em parceria com a Prefeitura da Serra.
Com atuação há cinco anos, já capacitou mais de 1.5 mil jovens entre 14 e 18 anos aproximando-os do conhecimento de suas competências e habilidades, afim de promover o empreendedorismo e aumentar sua empregabilidade.
Geraldo Pedro Feu, 22 anos, empreendeu-se! Ingressou na Estação Conhecimento para aprimorar seu futebol e junto ao esporte teve acesso ao programa de empreendedorismo. Ganhou desenvolvimento pessoal e profissional, construiu valores e hoje é voluntário na Estação Conhecimento. E o que era singular, hoje é plural.
Através do voluntariado, o jovem permanece exercitando suas habilidades e características do empreendedorismo, como liderança, ética, oratória, desenvolvimento, coordenação de projetos e capacidade de trabalhar em equipe. Enquanto viu sua perspectiva de futuro mudar, se profissionalizou e hoje ajuda a transformar a realidade de centenas de adolescentes e jovens.
“Aos 17 anos, sonhava em ser jogador de futebol. Mas percebi que não daria certo seguir nessa carreira após não ter sido aprovado em uma seletiva, apesar de achar que eu estava na minha melhor forma”.
O sonho de criança foi substituído por oportunidades concretas no mercado de trabalho. “Aprendi muitas coisas, principalmente como trabalhar dentro de uma empresa. Não sabia como ter acesso ao mercado de trabalho, como agir, como me tornar competente e nem tinha a consciência de que precisa estudar cada vez mais”, avalia Geraldo.
Quando concluiu o Ensino Médio aos 17 anos, Geraldo diz que não pensava em fazer faculdade e foi na Estação Conhecimento que mudou seus conceitos. “Pra mim, trabalho era trabalho. Eu nem pensava em fazer faculdade. Com 18 anos, eu mudei muito dentro da Estação Conhecimento. Minha mãe sempre mandou eu focar nos estudos, porque ela trabalhava e estudava e via como o mercado de trabalho era difícil”, avalia.
O jovem conta que durante o desenvolvimento do projeto final do Empreendedores do Futuro percebeu que era capaz de aprender tarefas impossíveis. “Criamos uma empresa de panos de prato e tinha vários setores. Eu era o auxiliar de Recursos Humanos e fui promovido a diretor. Mesmo assim, quis fazer parte do processo de produção e aprendi a bordar os panos de prato. Decidi que queria aprender a função mais difícil e aprendi”, conta.
Geraldo não tem dúvidas nos benefícios que adquiriu durante seu aprendizado. “Minhas atitudes mudaram, meu jeito de pensar também. Aprendi a ter mais paciência. Meu temperamento era difícil e quando eu ficava nervoso não conseguia me controlar. Agora consigo”.
Sobre os rumos que teria tomado na vida, se não tivesse tido a oportunidade de ingressar na Estação Conhecimento, avalia: “Se não tivesse entrado aqui, eu acho que teria mudado meu caminho, apesar de que eu sempre quis seguir o caminho do certo. Mas são tantas as dificuldades que com certeza eu teria optado pelo caminho mais fácil”, diz.
Após conquistar o certificado do projeto Empreendedores do Futuro, Geraldo recebeu a indicação e foi encaminhado para trabalhar em uma empresa aérea. “O que eu aprendi dentro do curso vou levar para a minha vida. Daqui tive indicação para um trabalho e tudo que aprendi coloquei em prática dentro da empresa”.
Mesmo trabalhando três dias na semana, Geraldo continuou fazendo outros cursos na Estação Conhecimento. “Nunca saí daqui. Hoje sou voluntário, ajudo a organizar os eventos do curso e dou auxílio ao professor Rhuan”.
Agora, o jogador de futebol só nas horas vagas quer se tornar universitário. “Quero começar a faculdade no ano que vem. Meu objetivo no futuro é conseguir um emprego em uma empresa na área administrativa, crescer dentro dela e, com o tempo, quem sabe, abrir o meu próprio negócio”, avalia Geraldo.
O projeto
O projeto Empreendedores do Futuro é voltado para adolescentes e jovens com idades entre 14 e 18 anos. Em 120 horas de curso, são tratadas questões como autoestima, habilidades pessoais, potencial, autoconhecimento, mercado de trabalho, além do passo a passo para criar uma empresa.
Além de retirar as crianças e adolescentes da vulnerabilidade social, o projeto contribui para o desenvolvimento pessoal e profissional de cada um, além de dar empoderamento às famílias dos jovens assistidos.
Ao longo do curso, os candidatos a empreendedores do futuro são estimulados a pensarem “fora da caixa”, se transformando em líderes e se capacitando para criarem o seu próprio negócio. De acordo com o professor e coordenador do projeto, Rhuan Pablo Correa, a proposta é ajudar os jovens a construir um caminho para a vida profissional.
“Ao chegar na Estação Conhecimento, os candidatos ao cursos passam por uma prova de português, matemática e redação para identificar o nível de conhecimento de cada um deles. Esse nivelamento é necessário pois estamos lidando com empreendedorismo com a vertente de negócios. Então, eles precisam saber o básico dessas disciplinas para dar continuidade na sequência didática do projeto. Posterior a isso, os jovens passam por uma entrevista psicossocial e a partir daí são destinados para o projeto”, explica o professor.
Ao todo, foram formados cerca de 1.5 mil alunos em cinco anos de projeto. São 10 turmas por ano e aulas duram 1 mês. Além de identificar as próprias habilidades, potencialidades e fragilidades dos alunos, é construída uma relação com a comunidade, com a realização de projetos voluntários, além da experiência com o meio corporativo. Ao final do curso, cada turma constrói uma mini empresa estudantil que vai comercializar um produto específico em uma feira anual, promovida pelo projeto. Mercadorias e produtos produzidos por eles mesmo são expostas no evento.
O Empreendedores do Futuro auxilia os jovens para as escolhas profissionais e ajuda a traça-los um planejamento para alcançar seus objetivos. “Fazemos parcerias com entidades e ajudamos a encaminhar os jovens para o mercado de trabalho”, finaliza Rhuan.