A ampliação do diagnóstico da covid-19 por meio de exames de imagem ou clínico-epidemiológicos são discutidos pelo Ministério da Saúde e representantes de conselhos de secretários de Estados e municípios. Estas análises consideram, por exemplo, tomografia, sintomas da doença e contato do paciente com pessoas infectadas pelo vírus. Para gestores do SUS (Sistema Único de Saúde) que acompanham o debate, a medidas evitaria ficar refém da disponibilidade de testes.
A discussão ganhou força em reuniões recentes do ministério com secretários por causa da explosão de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) em 2020. Segundo o último boletim epidemiológico da Saúde, com dados de até 25 de maio, há 705% de internações a mais por estas síndromes neste ano. São casos de novo coronavírus 31% do total. Outras 66% destas internações são de síndromes não identificadas ou de casos em investigação, o que indica alta subnotificação da pandemia.
A prática é a mesma seguida por outros países. Alguns Estados do Brasil também adotam este tipo de exame para diagnóstico, mas como exceção. Eduardo Pazuello, que está como ministro interino da Saúde, se mostrou otimista a interlocutores pela adoção de diagnósticos que não exigem uso dos testes.
O ministério cogita, agora, padronizar e estimular este tipo de exame. Já na gestão do oncologista Nelson Teich a proposta estava sobre a mesa. Pelo critério clínico-epidemiológico, a confirmação se daria a partir da análise do histórico do paciente, levando em conta se ele apresenta sintomas característicos da covid-19 e teve contato com pessoas infectadas. Já pelo critério clínico-imagem, seriam analisadas alterações tomográficas de pacientes que tiveram contatos com pessoas infectadas. A decisão final sobre o diagnóstico é do médico.
Para técnicos do ministério e de secretarias locais, o diagnóstico sem o teste não é o mais preciso, mas afirmam que trata-se de medida emergencial já adotada em outras epidemias.
Secretários têm relatado ao Ministério da Saúde dificuldade para realizar testes em larga escala. Um problema, dizem, é que faltam insumos para aplicar testes que detectam o material genético do vírus (RT-PCR), como cotonetes do tipo “swab” para coletar amostras. Usado para encontrar anticorpos para a doença, testes rápidos ainda são usados com cautelas, pois devem ser aplicados após o sétimo dia de sintoma da covid-19, e apresentam, em muitos casos, baixa sensibilidade.
O ministério promete entregar 24,2 milhões de testes RT-PCR, tido como de “padrão ouro” para diagnóstico. Até agora só conseguiu distribuir cerca de 3,2 milhões.
A ideia do ministério é chamar especialistas para as próximas reuniões com representantes de Estados e municípios sobre o tema. O diagnóstico sem uso de teste não é unanimidade. Para o infectologista Leonardo Weissmann, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), o ideal é que sempre tenha o exame PCR, com detecção do material genético do vírus, pois o quadro clínico da covid-19 é muito amplo. Ainda estão descobrindo novas possibilidades, afirma.
*Com informações do
Portal R7