As vacinas contra coronavírus em duas doses vão impor ao Sistema Único de Saúde (SUS) um trabalho ainda mais árduo assim que o programa de imunização iniciar.
Não é somente orientar a sociedade a retornar aos postos de saúde para a segunda aplicação em um prazo de algumas semanas, também será preciso garantir que cada pessoa tome a mesma vacina na primeira e na segunda vez, já que devem ser usados imunizantes de mais de um fabricante.
A epidemiologista e ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues, observa que nenhum país do mundo teve até hoje de fazer grandes campanhas de vacinação com duas doses.
Segundo Carla, a comunicação vai ser fundamental para garantir o sucesso da imunização contra a covid-19 no Brasil.
“[O governo] tem que convencer e mostrar que com uma única dose você não está protegido. A população está acostumada a tomar vacina de influenza e depois não voltar mais [ao posto de saúde]. Então, precisa explicar por que essa vacina tem que voltar 15 dias depois, 21 dias depois. A comunicação é o alicerce dessa campanha”, diz.
Carla destaca o anúncio do Ministério da Saúde de utilizar o aplicativo Conecta SUS como principal ferramenta para garantir que não haja problemas relacionados às doses.
No plano apresentado pelo governo nesta semana há a possibilidade de que mais de um tipo de vacina seja utilizado simultaneamente.
Devem ser incluídos imunizantes da AstraZeneca, também produzidos pela Fiocruz a partir de julho, além de um dos que fazem parte do Covax Facility, consórcio internacional para aquisição de vacinas.
Estes dois contratos já garantem cerca de 253 milhões de doses. O Ministério da Saúde também negocia a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan.
Há ainda memorandos de entendimento com a Pfizer/BioNTech para aquisição de 70 milhões de doses, mas apenas 8,5 milhões no primeiro semestre de 2021, e da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson — 38 milhões de doses, sendo 3 milhões entre abril e junho.
Usar várias vacinas em um programa de imunização nacional vai exigir mecanismos de controle além de evitar que as pessoas tomem a segunda dose diferente da primeira é fundamental para o rastreamento das vacinas na hora de reportar eventuais efeitos colaterais — é a chamada farmacovigilância.
Com informações do portal R7