Mesmo após tentativas de conciliação com o setor patronal, há 20 dias os rodoviários decidiram por entrar em greve em assembleia realizada com a categoria. O motivo da paralisação é o reajuste salarial. Os trabalhadores pedem 5%, mas os empresários dizem não ter condições para pagar mais de 1,83 %, que é a inflação.
Sem acordo, há 10 dias os coletivos rodam com frota reduzida. De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Edson Bastos, essa é a maior greve desde que ele está à frente do Sindirodoviários.
“Esse é o maior período de paralisação desde que eu assumi. Não vamos mudar a nossa pauta de reivindicação e vamos continuar com o movimento até o próximo dia 10, quando a Justiça vai decidir. Agora deixamos na mão da Justiça, pois não há mais diálogo com os empresários”, destacou o presidente do sindicato.
A princípio o movimento teria início no dia 19 de dezembro. Até um edital foi publicado na semana anterior, mas um dia antes as empresas operadoras de ônibus fizeram uma última tentativa de conciliação para evitar a paralisação. Então, a Justiça do Trabalho determinou que 100% dos ônibus deveriam circular até o dia 26.
Confirmada para depois do Natal, a Justiça determinou que durante a greve 70% dos coletivos deveriam estar em operação durante os horários de pico – entre as 6 e as 9 horas e das 17 às 20 horas – e 50% nos demais horários.
Segundo dia
No segundo dia da greve dos rodoviários, os passageiros reclamaram que os motoristas estavam passando direto pelos pontos de ônibus e que os coletivos estavam demorando a passar, e quando chegavam, estavam lotados.
O Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) disse que entraria com o pedido de ilegalidade da greve, pois apesar da determinação da Justiça, em todas as garagens do Sistema Transcol, representantes do Sindirodoviários dificultaram a saída do quantitativo legal da frota, determinando que a operação começasse apenas às 5h, quando na verdade o trabalho habitual de saída de ônibus inicia-se entre 3h e 4h30.
Subsídio
Durante uma coletiva para o anúncio de investimentos no Espírito Santo que serão feitos neste ano, o governador do Estado, Paulo Hartung, foi questionado sobre o setor de transporte público. Ele não entrou em detalhes sobre o movimento, mas informou que o governo não pretende aumentar o valor do subsídio, que já é alto, repassado pelo Estado para as empresas que operam o Sistema Transcol.
Abusiva
O GVBus ajuizou, no dia 27, uma ação de incidente de abusividade de greve contra o Sindirodoviários. A ação foi ajuizada junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES) e, de acordo com a instituição patronal, teria havido, por parte do sindicato dos trabalhadores, a tentativa de barrar a saída do quantitativo legal da frota (70% dos ônibus em circulação nos horários de pico e 50% nos demais horários) e bloqueio para impedimento da saída de trabalhadores que não teriam aderido ao movimento.
O pedido de suspensão da greve dos rodoviários foi negado pela Justiça do Trabalho. O pedido foi indeferido pelo desembargador Marcello Maciel Macilha. De acordo com a assessora do magistrado, ele entendeu que não houve abusividade em relação ao direito de greve e que a liminar deferida pelo desembargador José Luiz Serafini estava sendo cumprida.
Transporte clandestino
Com a greve dos rodoviários na Grande Vitória, e a consequente redução da frota de ônibus em circulação, a população tem recorrido a perueiros como meio de transporte. Em Vila Velha, por exemplo, vans clandestinas tomaram conta do trânsito. Nelas, os passageiros pagam o mesmo valor da passagem de ônibus: R$ 3,20.
Réveillon
Perto da virada de ano os ônibus continuavam com frota reduzida, e isso reocupou os capixabas que desejavam se deslocar para aproveitar as festas em comemoração à chegada do novo ano. Por conta disso, a Justiça determinou que toda a frota de ônibus do Transcol e do sistema municipal de Vitória estivesse em circulação durante a virada. A decisão ocorreu na noite de sexta-feira (29), após o GVBus e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Espírito Santo (Setpes) ingressarem com um pedido de urgência.
Volta da greve
Após cumprir a decisão judicial, a greve foi retomada no primeiro dia do ano. Em seu 9º dia, os capixabas continuavam reclamando de lotação e atrasos dos coletivos na Grande Vitória. No 10º dia, a situação continua a mesma. A greve afeta 600 mil usuários por dia que dependem do transporte público.