A dor e o terror causado pelo rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, é o tema escolhido para o novo espetáculo de um grupo de dança da cidade de Paraopeba, a 99 km de Belo Horizonte. A coreografia “Efeito Cascata”, da Cia Jovem de Paraopeba, reproduz o drama da tragédia que deixou 248 mortos e 22 desaparecidos, no dia 25 de janeiro deste ano.
A peça estreou na última quinta-feira (25), no Festival de Joinville, em Santa Catarina, considerado o maior festival de dança do mundo. As roupas dos dançarinos carregavam o marrom do rejeito de mineração e o verde e amarelo da bandeira do Brasil. Além dos artistas, parentes de atingidos atingidos pela barragem subiram ao palco em nome de todas as vítimas do colapso.
Alan Keller, diretor-coreógrafo da companhia, conta que a dança foi pensada para chamar atenção para o colapso, que também afetou a cidade do grupo de dança. O rio Paraopeba, que carrega o nome da cidade, foi atingido pelo lamaçal de rejeitos e foi dado como “morto”.
— Queremos que as pessoas continuem sendo sensibilizadas e sabendo que a tragédia existe.
PublicidadeFechar anúncio
No Festival de Dança de Joinville, o espetáculo foi premiado em 1º lugar na categoria sênior de dança contemporânea, com direito a aplusos do público, que se colocou de pé. Com o título, a Cia Jovem de Paraopeba se tornou tricampeã no concurso.
— É um sentimento agridoce. A gente está feliz quanto a conquista, mas ao mesmo tempo sabemos da tristeza que as pessoas de Brumadinho vivem diariamente.
Cia Jovem de Paraopeba
A Cia Jovem de Paraopeba é um grupo formado por jovens com idades entre 15 e 27 anos, que estão se profissionalizando no meio da dança. A equipe faz parte de um projeto da prefeitura de Paraopeba, que também conta com um grupo para crianças e outro profissional.