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Grupos protestam após suspensão de blocos no Centro de Vitória

A suspensão aconteceu após uma recomendação do Ministério Público do Espírito Santo direcionado à Prefeitura de Vitória

Foto: Gabriel Barros | Folha Vitória

Um grupo de cerca de 100 pessoas se reuniu no fim da manhã desta sexta-feira (24) para realizar um ato contra a suspensão dos desfiles dos blocos do Centro de Vitória que estavam previstos para os próximos dias.

A suspensão aconteceu após uma decisão do Ministério Público do Espírito Santo. O órgão pediu que a Prefeitura de Vitória suspendesse os alvarás já expedidos e proibisse a emissão de novos.

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A “Notificação Recomendatória” do MPES afirma que teve conhecimento de possíveis irregularidades decorrentes do carnaval de rua do Centro, principalmente em relação a poluição ambiental, sonora e impacto urbanístico.

A Liga dos Blocos do Centro de Vitória (Blocão), no entanto, destacou que durante os blocos que saíram nos últimos dias não houve medição sonora e nem fiscais ambientais. Em nota, que foi lida durante o ato, o Blocão frisou que a medida é apenas contra os eventos do Centro e não abrange outras regiões da cidade.

Entendemos que o Ministério Público diferencia o tratamento dado ao Carnaval no Centro da Capital que historicamente é um berço da cultura das manifestações populares do Espírito Santo, especialmente do Carnaval. O Ministério Público também não recomendou a suspensão dos desfiles dos blocos de outros bairros, que continuarão os desfiles normalmente“.

A medida recomendada pelo Ministério Público e acatada pela Prefeitura de Vitória gera polêmica. Durante o ato, um morador passou pelo local e criticou a realização dos blocos de rua na região. Ele foi vaiado pelas pessoas que acompanhavam e participavam do ato. 

No entanto, representantes de diversas associações de moradores e culturais do Centro de Vitória disseram ser favoráveis a realização dos desfiles dos blocos. O presidente da Associação de Moradores do Centro de Vitória (Amacentro), Lino Feletti, destacou que não é possível agradar a todos, mas é preciso garantir o direito a cultura. 

Carnaval não agrada a todos, mas o Carnaval no Centro de Vitória é muito importante. Nós, enquanto representantes da sociedade civil, temos feito a nossa parte. Fizemos reuniões com a prefeitura várias vezes. Demos orientações, falamos da segurança, da organização dos ambulantes, falamos da limpeza pública, falamos das caixas e carros de som individualizadas. Esse é o maior problema do Carnaval de Vitória, falamos da necessidade de fiscalização, só que a Prefeitura não veio fiscalizar“, destacou. 

Os comerciantes da região ouvidos pelo Folha Vitória disseram ser favoráveis aos desfiles dos blocos no Centro da Capital. Eles preferiram não se identificar com medo de retaliação, mas contaram que a data é uma das mais lucrativas para o comércio local. Eles, por exemplo, chegaram a comparar o lucro das vendas desta época do ano com o Natal.

Dois blocos estavam previstos para o fim de semana

Para este fim de semana, dois blocos estavam previstos para serem realizados no local. De acordo com a Liga dos Blocos do Centro de Vitória (Blocão), a Prefeitura de Vitória foi notificada pelo MPES para que providências fossem tomadas no sentido de impedir qualquer tipo de carnaval de rua no bairro, suspendendo os alvarás já expedidos e proibindo a emissão de novos.

O Blocão destacou que a recomendação foi direcionada apenas para o Centro de Vitória, sendo que há outros blocos do Carnaval de Rua com cortejos já autorizados pela prefeitura nos próximos dias.

Por conta da recomendação, a liga informou que os blocos Esquerda Festiva e Prakabá, que estavam previstos para este fim de semana, tiveram as licenças suspensas e, por este motivo, não poderão desfilar.

“A referida recomendação revela-se uma medida inconstitucional e discriminatória, que acaba por criminalizar a maior manifestação da cultura popular do país e, em especial, o carnaval de rua do Centro da Capital”, diz a nota da liga.

Folha Vitória procurou a Prefeitura de Vitória e o Ministério Público do Espírito Santo em busca de um posicionamento oficial, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado quando houver resposta.