Vinte e quatro dias após ter sido atacada por um cão doméstico e ficado acuada em um beco entre duas residências no bairro Pedregal, município de Jerônimo Monteiro, um guaxinim fêmea batizada de “Yaya”, foi devolvida à natureza na tarde da última segunda-feira (20), no Parque Estadual Cachoeira da Fumaça, município de Alegre..
O animal, encontrado por um morador, foi levado pela Polícia Militar Ambiental ao Hospital Veterinário da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em Alegre. No local, o guaxinim foi atendido por três médicos veterinários, Mestrandos do programa de pós-graduação em Ciências Veterinárias da Ufes e mais dois alunos da graduação do curso de medicina veterinária.
Durante o atendimento, ficou constatado que o animal sofreu laceração da cauda, provavelmente por mordida de cão doméstico, lesões causadas por mordida, processo inflamatório nos membros pélvicos e cabeça, possivelmente em decorrência de brigas entre animais da mesma espécie e miíase.
Para surpresa de todos, durante os procedimentos de avaliação e limpeza das feridas, coleta de sangue, radiografia e ultrassonografia, ficou constatado que Yaya apresentava um quadro de gestação com dois filhotes.
Tratamento – Segundo a médica veterinária Bianca Cardozo Afonso, a paciente recebeu medicações com antiinflamatório e antibiótico para evitar infecção ascendente e piora do quadro clínico e foi submetida a uma caudectomia parcial (remoção de uma vértebra da cauda. “Sete dias após a cirurgia, realizamos uma nova avaliação clínica, removendo os pontos e repetindo a ultrassonografia, onde concluímos que a mãe e os fetos estavam bem. O tempo de gestação desta espécie é de dois meses e cremos que ela já esteja com aproximadamente 50 dias”.
Durante todo o período em que esteve internada, Yaya recebeu frutas variadas, como banana, mamão, manga e laranja, e fonte proteica (peixe, pintinho e ovo de galinha), sempre com variação do cardápio.
Bianca Cardozo, disse ainda que “nos primeiros dias ela só ficava quietinha e apresentava um pouco de claudicação, devido às feridas nos membros. À medida que as lesões foram cicatrizando, ela ficou mais ativa, conseguindo até escalar os galhos que colocamos no recinto”, concluiu.
Na tarde desta segunda-feira (20), uma equipe da Polícia Ambiental esteve no Hospital e após o animal passar por uma última avaliação e ser alimentado, foi levado cuidadosamente para o Parque Estadual Cachoeira da Fumaça ganhando de volta a liberdade onde poderá dar a luz a seus filhotes na natureza.
Segundo o responsável pela Comunicação Social do BPMA, capitão Roberto Martins, todo o procedimento foi registrado com filmagens e fotografias além de um boletim de ocorrência. “O local da soltura foi cuidadosamente escolhido e discutido com a equipe de veterinários, tendo a soltura realizada de uma forma tranquila com a presença de apenas quatro pessoas para não estressar o animal”, finalizou.