Você sabia que o número de acertos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não garante, necessariamente, uma nota maior na prova?
Isso acontece porque o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) utilizar a Teoria de Resposta ao Item (TRI) como metodologia de cálculo da pontuação no exame.
“A TRI é um conjunto de modelos matemáticos que busca representar a relação entre a probabilidade de o participante responder corretamente a uma questão, seu conhecimento na área em que está sendo avaliado e as características dos itens“, explica o instituto.
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O Enem é o maior vestibular para as universidades públicas e privadas do país. Mais de 3,9 milhões de pessoas se inscreveram para edição deste ano, que teve a primeira prova aplicada no último domingo (05) e terá as provas de Matemática e Ciências da Natureza aplicadas no próximo dia 12.
O que é a Teoria de Resposta ao Item (TRI) do Enem?
Conforme o Inep, a TRI considera a particularidade de cada item. Neste sentido, as notas não dependem da quantidade de itens da prova, mas de cada item que a compõe.
“Duas pessoas com a mesma quantidade de acertos na prova são avaliadas distintamente, a depender de quais itens estão certos e errados e podem, assim, ter notas diferentes.“
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Desta forma, a TRI visa modelar o comportamento de um item por meio de uma curva que mostra a relação entre a probabilidade de acerto e a proficiência dos participantes.
Candidato pode ser punido por acertar questão fácil?
Pelo método de correção, errar perguntas fáceis e ir bem nas questões complexas leva a uma “punição” na nota. Estatisticamente, seria improvável o candidato ter acertado apenas as difíceis e, portanto, provavelmente houve chute.
Conforme o nível de dificuldade de cada pergunta, o Inep elabora uma função matemática para cravar quanto de conhecimento o candidato tem em cada questão da prova.
“Quando dizemos que o participante acertou uma questão ‘no chute’, não significa que sua nota irá diminuir, mas ela não tem tanto valor como se o participante tivesse acertado os itens com a coerência pedagógica esperada. Então, sempre é melhor responder à questão do que a deixar em branco, pois uma questão certa sempre aumenta a nota, e uma questão deixada em branco é corrigida como errada“, acrescenta o Inep.
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Quais são os parâmetros da Teoria de Resposta ao Item (TRI) do Enem?
O modelo matemático da TRI usado no Enem possui três parâmetros que expressam as informações do item, essenciais para avaliar suas características e, consequentemente, a medida do conhecimento. São eles:
Parâmetro de discriminação: é o poder de discriminação que cada questão possui para diferenciar os participantes que dominam dos participantes que não dominam a habilidade avaliada naquela questão.
Parâmetro de dificuldade: associado à dificuldade da habilidade avaliada na questão – quanto maior seu valor, mais difícil é a questão. Ele é expresso na mesma escala da proficiência. Em uma prova de qualidade, devemos ter questões de diferentes níveis de dificuldade para avaliar adequadamente os participantes em todos os níveis de conhecimento.
Parâmetro de acerto casual: em provas de múltipla escolha, um participante que não domina a habilidade avaliada em uma determinada questão da prova pode responder corretamente a um item devido ao acerto casual. Assim, esse parâmetro representa a probabilidade de um participante acertar a questão não dominando a habilidade exigida.
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No Enem, a estimação da proficiência tem como base a consistência das respostas e as características (parâmetros) de cada questão. “Entretanto, esses parâmetros não podem ser interpretados como pesos, e está errada a inferência de que a divulgação dos parâmetros possibilitaria a reprodução dos cálculos com simples ponderações”, explica o Inep.
Em junho deste ano, o Inep publicou informações sobre a TRI e realizou uma live para explicar sobre a metodologia de cálculo das notas do Enem. Assista ao conteúdo no canal do Inep no YouTube.
Como é feita a correção das questões de múltipla escolha nas provas objetivas?
O cálculo das proficiências dos participantes a partir de suas respostas às questões de múltipla escolha das provas objetivas tem como base a TRI, em que o valor de cada questão varia conforme o porcentual de acertos e erros do candidato.
Desta forma, mesmo que dois candidatos acertem o mesmo número de questões, não necessariamente terão a mesma pontuação.
Questões com níveis de dificuldade diferentes resultam em pesos diferentes que variam de acordo com os acertos de cada candidato?
Em resumo, o valor de cada questão vai depender do acerto nas outras. A ideia é medir com mais precisão a proficiência nas matérias e evitar que chutes sejam recompensados. Pela TRI, um candidato que acertar algumas questões consideradas difíceis sem ter pontuado em várias mais simples será “punido” na nota.
Nota da redação do Enem
A nota da redação, no entanto, não é calculada pelo TRI. Atribuída em uma escala que varia entre 0 e 1000 pontos, é disponibilizada ao participante, respeitando-se os critérios propostos no portal do Inep.
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Ela é corrigida por pelo menos dois corretores, de forma independente. Cada corretor atribui uma nota entre 0 e 200 pontos para cada uma das cinco competências exigidas. A nota total de cada corretor corresponde à soma das notas atribuídas a cada uma das competências. Competências exigidas do texto:
– Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
– Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
– Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
– Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
– Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
*Com informações do Estadão Conteúdo.