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'Há óbitos na faixa dos 30 anos e pessoas com 40 em UTI. Não dá para afrouxar', diz subsecretário de Saúde

Ao ver as imagens de pessoas aproveitando as praias na Grande Vitória no último fim de semana, Fabiano Ribeiro alertou para os perigos dessa atitude e para os números vistos fora do Estado e do Brasil

Foto: Reprodução TV Vitória
Banhistas vistos em praia da Grande Vitória no ´último fim de semana. Em destaque, o subsecretário Fabiano Ribeiro alerta para essa atitude

O Espírito Santo chega ao penúltimo dia de março com 71 casos confirmados do Novo Coronavírus e nenhum óbito, uma situação “confortável, mas de alerta”. O cenário atual, na avaliação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), requer a manutenção de regras rígidas, com fechamento do comércio e escolas e não afrouxamento do isolamento domiciliar. 

É o que destacou na manhã desta segunda-feira (30) o  subsecretário de Atenção à Saúde da Sesa, Fabiano Ribeiro, em entrevista ao vivo ao programa “Espírito Santo no Ar”, da TV Vitória/Record TV

Ao ver as imagens de pessoas na Grande Vitória aproveitando as praias no último fim de semana, o subsecretário alertou para os perigos dessa atitude.

“Temos uma preocupação com os idosos e pessoas com comorbidades (diabéticos e hipertensos), que possuem menos resistência. Temos casos de pessoas na faixa de 30 anos em São Paulo que morreram. Temos pessoas internadas em UTI com 40 anos. Não dá para afrouxar, não dá para não atender às medidas de isolamento. É só ver o que está acontecendo pelo mundo. A Itália afrouxou as situações de isolamento domiciliar e teve uma explosão de casos que o sistema de saúde não está suportando. O quantitativo de mortes está sendo muito grande, inclusive de pessoas jovens [fora do Estado]”, disse Ribeiro.

Na análise do subsecretário, não é possível aderir a  intervenções que não passem pelo isolamento e pelo fechamento do comércio,  estas “tecnicamente as medidas mais indicadas para conter o processo de transmissão da doença”.

Foto: Sesa/Divulgação
Hospital Jayme Santos Neves, uma das estruturas preparadas para receber os pacientes

Mesmo assim, há um alento na sua fala em relação à preparação para o momento mais crítico na pandemia em território capixaba.  “Nossa situação ainda é confortável, mas é uma situação de alerta. Ganhamos um tempo para nos organizarmos, mas ele é muito curto. Continuamos na média de, a cada dez testes, um dar positivo. Mas mesmo assim há presença de casos novos cada vez mais. Com esse tempo (antes do pico), estamos organizando todo o sistema, da testagem dos exames aos leitos hospitalares para o enfrentamento da doença”, garantiu.

Centro de comando

Ribeiro enfatiza, que, paralelamente às medidas tomadas pelo governador Renato Casagrande, foi criado um centro de comando e controle. Todo esse preparo começou em janeiro. 

“Hoje temos hospitais, como o Jayme Santos Neves, na Serra, com organização de leitos. Vamos chegar a 170 leitos só de UTI. Pelo número de pacientes internados hoje, temos muitos mais leitos reservados para o Novo Coronavírus do que paciente internado. Mas é importante dizer que precisamos nos preparar. A nossa preocupação é amenizar cada vez mais o pico da doença para que, quando ele chegar, já tenhamos uma estrutura hospitalar e condição de todo o sistema atender todos os usuários que tiverem necessidade.”

Comércio aberto? Ainda não

O subsecretário reitera a importância do distanciamento social, principalmente quando se observa a situação nos estados vizinhos (São Paulo, sobretudo) e países como a Itália e os Estados Unidos. 

“É necessário fazer o isolamento social,  é necessário ficar em casa. Quando afrouxamos essas medidas, podemos entrar em uma situação de alta quantidade de transmissão, sem controle, sem precedentes. Não só as pessoas mais idosas são a nossa preocupação, mas também as pessoas jovens.”

Há questões muito díspares no Espírito Santo, reforça:  pessoas muito idosas e outras bem jovens sofrendo com a mesma doença. “Neste momento, ainda não temos a situação que nos leve a decretar transmissão comunitária (quadro em que já não se consegue detectar mais de quem o paciente contraiu o vírus). Mas isso não dá a tranquilidade para afrouxar as medidas de controle da doença, principalmente as medidas de isolamento social.”

Hospitais de campanha

Sobre os hospitais de campanha, o representante da Sesa disse que “chegamos a ter essa discussão, inclusive a pedido do governador”, mas a opção por ora é trabalhar com os hospitais já existentes.

“A instalação de hospitais de campanha, além da questão do tempo, envolve a montagem de equipamentos, treinamento de pessoal, tudo o que hospital precisa em seu entorno em relação a cozinha, lavanderia, esterilização. Neste momento, estamos muito mais nesta estratégia de organizar os hospitais já existentes do Estado. Fizemos uma transformação do Hospital Jayme dos Santos Neves. Praticamente foi construído um outro hospital dentro dele”, afirmou Ribeiro.