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Hartung recebe reivindicações do MST durante encontro com manifestantes

Reunião aconteceu durante a tarde desta quarta-feira. Pela manhã, grupo realizou um protesto pelas ruas de Vitória, deixando o trânsito lento principalmente no Centro da capital

Após ocuparem o Palácio Anchieta, em março, manifestantes voltaram à sede do Executivo Estadual, dessa vez para reunião com o governador Foto: Lucas Henrique Pisa

Após realizarem uma passeata por algumas das principais avenidas de Vitória, na manhã desta quarta-feira (06), integrantes de movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) se reuniram com o governador Paulo Hartung, no início da tarde, no Palácio Anchieta, no Centro da capital.

Além do governador e representantes dos movimentos sociais, estiveram presentes na reunião os secretários estaduais de Agricultura e da Casa Civil, além do coordenador estadual de Direitos Humanos, Júlio Pompeu. Muitos integrantes e apoiadores do movimento ficaram na frente da sede do Executivo Estadual durante a reunião, que durou aproximadamente duas horas e meia.

O encontro estava previsto, inicialmente, para começar às 10 horas, mas acabou atrasando por conta do trânsito no Centro de Vitória, que dificultou a chegada de Paulo Hartung ao local. O governador havia participado de um compromisso em Vila Velha, na parte da manhã. Com cerca de 1h20 de reunião, Hartung precisou se retirar e o encontro prosseguiu com os demais representantes do governo e os manifestantes.

De acordo com Júlio Pompeu, durante a reunião os representantes dos movimentos sociais apresentaram uma longa pauta de reivindicações, a mesma apresentada há cerca de um mês, quando membros desses grupos ocuparam o Palácio Anchieta. Segundo o coordenador estadual de Direitos Humanos, cada ponto apresentado pelos manifestantes foi encaminhado para as secretarias competentes, dependendo do assunto.

“Basicamente as reivindicações giraram em torno das questões socioeconômicas do campo. Se o país inteiro já sofre por conta da crise econômica, para quem depende da produção rural a situação é ainda pior, por conta da crise hídrica. Então nós ouvimos as demandas que eles nos apresentaram e colocamos à inteira disposição deles todas as secretarias, que ficarão responsáveis por discutir cada questão, de acordo com o tema”, explicou.

Sobre a pedagogia da alternância, que é um modelo educacional utilizado nas escolas dos assentamentos do MST e que está entre os assuntos da pauta de reivindicações, Pompeu disse que a discussão prossegue com a Secretaria de Educação. Segundo ele, o principal impasse é com relação à remuneração dos professores que trabalham nesse modelo de pedagogia.

“A pedagogia da alternância deve continuar, isso não tem o que discutir. O governo entende que é um método muito importante para o MST, já que reforça o vínculo do aluno com sua família. Durante uma semana, o aluno assiste às aulas normalmente e, na outra, permanece com seus familiares. O problema é que querem que o professor seja remunerado, na semana em que o aluno fica em casa, da mesma forma como a remuneração é feita em semanas de aula. O regime jurídico que regulamenta a categoria não permite esses termos. Durante a semana em que não há aula, o professor recebe o valor referente ao período do planejamento”, explicou Júlio Pompeu.

Manifestação

Manifestação complicou o trânsito em Vitória, nesta quarta Foto: Jailson Cardoso de Bessa/WhatsApp Folha Vitória

A reunião entre o governador e os representantes dos movimentos sociais estava prevista para acontecer desde a época em que os manifestantes ocuparam o Palácio Anchieta, no último dia 8 de março. Inclusive o agendamento desse encontro foi uma das condições para que o grupo deixasse a sede do Governo Estadual.

Na manhã desta quarta-feira, os manifestantes realizaram uma marcha em Vitória, que começou na Praça de Jucutuquara e foi até o Palácio Anchieta. A passeata ocupou duas faixas das avenidas por onde passava. Os manifestantes informaram que 600 pessoas estiveram no ato. No entanto, a Polícia Militar calculou 350.

Entre os assuntos da pauta de reivindicações dos movimentos sociais está o desenvolvimento econômico e ambiental e política de reparo dos prejuízos da crise hídrica; obtenção de terras para fins de Reforma Agrária; educação do campo; garantia da vida e dos direitos humanos, direitos trabalhistas e a qualidade dos serviços públicos, além do fechamento das escolas do campo e da cidade e a expansão da monocultura de eucalipto sobre as terras agricultáveis.