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Homens capixabas continuam bebendo mais do que as mulheres, segundo pesquisa

Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em Vitória, o percentual chega a 17%. Os homens são 25,6% e 10,6% que é o percentual que representa o consumo de bebida entre as mulheres

De acordo com informações passadas pelo Ministério da Saúde, o consumo de quatro ou mais doses de bebidas para as mulheres e de cinco ou mais doses para homens em uma mesma ocasião é capaz de produzir (CAS) Foto: R7

Foi naquele rock, pagou Open Bar e no outro dia não se lembrou de nada? Pois é, isso acontece muito. Algumas pessoas chegam a dizer que as mulheres estão bebendo mais do que os homens e que as brigas em finais de festas, na maioria das vezes, têm sido com o público feminino, mas as aparências enganam. Os rapazes continuam no ‘pódio’ dos beberrões. 

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada em 2013, mais de 38 milhões brasileiros acima de 18 anos afirmam consumir bebida alcoólica uma vez ou mais no mês. Os homens são os que mais bebem: cerca de 27 milhões contra 11 milhões de mulheres.

De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Saúde, em Vitória, o percentual de homens que bebem é de 25,6% contra 10,6% das mulheres.

De acordo com informações passadas pelo Ministério da Saúde, o consumo de quatro ou mais doses de bebidas alcoólicas para as mulheres, e de cinco ou mais doses para homens, em uma mesma ocasião é capaz de produzir Concentração de Álcool no Sangue (CAS) suficiente para causar alterações neuromotoras. Tal fato pode aumentar riscos de acidentes de carro, violência e de danos ao próprio indivíduo. Alguns exemplos de alterações neuromotoras são: a diminuição da atenção, falsa percepção da velocidade, euforia, dificuldade para discernir luminosidades, sonolência, redução de visão periférica, entre outros.

As mulheres ainda bebem menos do que os homens Foto: Divulgação

Mulheres bebem cada vez mais e podem alcançar os homens

O número de mulheres que bebem álcool com frequência tem crescido no Brasil. Em seis anos (entre 2006 e 2012), saltou de 29% para 39%, ou seja, um aumento de 34,5%, de acordo com pesquisa mais recente realizada pela Unifesp. Segundo especialistas ouvidos pelo portal R7, em alguns anos, o índice de pessoas que bebem será o mesmo entre os dois sexos. Dados do último levantamento da mesma universidade mostram que 60% do público masculino admite que ingere álcool. Aumento de renda e vida estressante são alguns dos fatores que têm levado as mulheres a beberem.

A pesquisadora e psicóloga da Unifesp e membro do Inpad (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas e Álcool e Outras Drogas), Clarice Madruga liga o consumo de álcool à “melhora das condições sociais”. “As pessoas têm mais dinheiro disponível e acabam consumindo mais [álcool]. As classes mais baixas foram as que tiveram maior aumento no consumo do álcool, as classes C e D.”

Segundo as especialistas, no Brasil, o principal aumento se deu na faixa etária entre 15 e 25 anos. Na opinião de Clarice, isso ocorre, pois os jovens costumam sair para a balada com a ideia de ficarem bêbados. Apesar da exposição ao álcool, a psicóloga afirma que os adolescentes sabem dos malefícios da bebida alcoólica, mas que o cérebro só adquire maturidade para tomada de decisões após os 25 anos de idade.

Os drinks costumam ser os ‘queridinhos’ das meninas Foto: Divulgação

Mulher tem mais chance de se tornar dependente

Ainda segundo as especialistas, a mulher é mais suscetível aos efeitos do álcool do que o homem. A pesquisadora da Unifesp afirma que “o corpo feminino sintetiza o álcool de forma menos eficaz”. Mesmo bebendo a mesma quantidade que o sexo oposto, a população feminina fica com mais álcool circulando no sangue. Além disso, a substância afeta mais o sistema neurológico por causa das condições hormonais femininas.

Além dos efeitos no organismo, as mulheres têm mais risco de se tornarem dependentes da bebida alcoólica, já que o impacto neurológico é mais forte na mulher, por causa das condições hormonais femininas.

Open bar

O comportamento de beber em grande quantidade em pouco tempo foi notado em 29,6% dos homens e em 22,1% das mulheres. Em fevereiro deste ano, um estudante de 23 anos da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho) de Bauru, no interior paulista, morreu após participar de uma competição para ver quem bebia mais. A disputa ocorreu em uma festa open bar em uma chácara e outras seis pessoas passaram mal no evento.

Cuidados

A psicóloga clínica Triana Portal diz que a bebida faz com que as pessoas fiquem mais propensas aos comportamentos de risco e que controlar os excessos, muitas vezes, acaba sendo mais difícil entre os jovens. “O jovem tem a questão da afirmação da personalidade que está associada à questão grupal. Ele quer fazer parte do grupo. Além disso, quer testar os próprios limites, ver quem bebe mais.”

Triana recomenda a educação como forma de evitar situações perigosas por causa do consumo de bebidas alcoólicas.”Os jovens precisam se informar sobre os efeitos do álcool, sobre os riscos de acidentes e de contrair uma doença. E os pais não podem se descuidar. Não no sentido de castigar, mas de observar e de puxar para uma conversa ao notar que os filhos estão chegando bêbados em casa.”

Jovens que consomem álcool em excesso sofrem danos cerebrais permanentes

De acordo com a pesquisa feita numa universidade americana, jovens que ingerem bebidas alcoólicas excessivamente até os 25 anos podem sofrer danos cerebrais irreversíveis. O estudo foi feito com ratos jovens, que receberam doses altas de bebida alcoólica. Depois a bebida foi suspensa, e os cientistas esperaram as cobaias se tornarem adultas.

O resultado da pesquisa confirmou o que os cientistas já imaginavam, o álcool faz mal ao cérebro, principalmente o dos jovens que ainda está em formação, e alguma dessas alterações podem durar pra sempre. O cérebro do adolescente termina a formação por volta dos 25 anos, e o efeito de agentes externos nesse cérebro em formação é muito maior do que em adultos.

No estudo, os animais que bebiam com frequência apresentaram maior dificuldade de aprendizado, e de memorização. Segundo especialistas, o ideal é que até os 18 anos o adolescente não beba. Quanto mais cedo se começa o ato, maior a chance de independência.

As informações sobre as pesquisas realizadas no Estado de São Paulo foram escritas com base em informações do Portal R7!