Nos últimos oito anos, o Espírito Santo perdeu 322 leitos de internação pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A conclusão é do Conselhos Federal e Regional de Medicina, que também denunciou falta de medicamentos, equipamentos e material de higiene nos hospitais do Estado.
De acordo com o presidente do CRM, Carlos Magno Dalapicola, um levantamento foi feito pelo Conselho Federal de Medicina. “Esse levantamento foi efetivado pelo conselho baseado em dados que são públicos e esse levantamento foi realizado em 2016, se não me engano. Na verdade, muitos desses leitos foram fechados mais nas redes municipais de saúde. Os hospitais funcionam, às vezes, com um teto. Você tem 1 mil procedimentos e recebe um teto, quando o hospital começa a fazer um procedimento em número maior, esse teto não acompanha e isso gera um descompasso financeiro”.
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O investimento na saúde pública capixaba tem se mantido estável, representando apenas R$ 1,33 por dia por habitante – três vezes menos do que a média nacional. Esse quadro é, particularmente, preocupante porque a população capixaba, quase no mesmo período, cresceu 14,3%.
Os dados foram apresentados na terça-feira (3) pelo presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, acompanhado de conselheiros federais, e do presidente do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), Carlos Magno.
Por meio de um levantamento feito pelo CFM à respeito de financiamento para a saúde, entre outros dados obtidos nas páginas oficiais dos governos federal e estadual, foi constatado que dos 78 municípios capixabas – além da perda de 322 leitos do SUS, entre 2010 e 2018, apenas 66% contam com leitos de internação hospitalar pelo sus.
“A situação da saúde é inadequada no espírito santo e no restante do brasil. faltam financiamento, infraestrutura e uma gestão eficiente. O caos permanece e se materializa, sobretudo, na demora pelo atendimento, que pode levar até mais de um ano para resolver o problema de um paciente”, disse o presidente do Carlos Vital.
Já para o presidente do Carlos Magno, o governo estadual precisa direcionar melhor os seus gastos. “O problema é a falta de investimento e a má gestão. a saúde pública no estado é deficiente. Há necessidade de um investimento maior do governo federal.”
Investimento
No que diz respeito aos leitos públicos de UTI, no mesmo período, houve um aumento de 216 leitos, totalizando 478 leitos de UTI nos hospitais do Espírito Santo. No entanto, somente 12 municípios do estado (15%) oferecem leitos de terapia intensiva na rede pública.
Sobre as despesas na área da saúde, nos últimos 5 anos, a média do governo do estado foi de R$ 2,6 bilhões por exercício, com cerca de 60% dos valores anuais voltados para a assistência hospitalar e ambulatorial. O Espírito Santo gastou uma média de R$ 1,33 por dia com a saúde por habitante (no Brasil, este valor chegou a R$ 3,89), totalizando R$ 479,82 ao ano per capita (somatória dos investimentos dos governos estadual e federal), contra R$ 1.419,84 per capita em todo o país. Esse montante corresponde a 22% do que os beneficiados de planos de saúde gastam por ano com a assistência complementar.
Nos últimos cinco anos (2013 a 2017), o CRM-ES realizou 2.253 fiscalizações em unidades de saúde pública e privada de todo o estado, 72,37% a mais que nos cinco anos anteriores (2008 a 2012), quando foram feitas 1.307 fiscalizações. Proporcional ao aumento da fiscalização é a constatação dos problemas absurdos encontrados nas unidades de saúde pública, como a falta de medicamentos, equipamentos e até material de higiene.