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IBGE: analfabetismo cai no ES, mas 173,8 mil ainda não sabem ler e escrever

O número representa uma queda quando comparado a 2010, quando o Censo demonstrou que 8% da população do Estado não sabia ler e nem escrever

Foto: Reprodução

O Censo de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta sexta-feira (17) mostrou que atualmente, a taxa de analfabetismo  entre a população com mais de 15 anos de idade, no Espírito Santo é 5,6%, um universo de 173,8 mil pessoas que não sabem ler e escrever.

O número representa uma queda quando comparado a 2010, quando o Censo anterior demonstrou que 8% da população do Estado não sabia ler e nem escrever. 

Foto: Divulgação/IBGE

Os dados mostram que o número é menor entre jovens, que correspondem a 1,5% dos analfabetos. Pessoas de cor amarela representam 2, 5%. Brancos são 4,3% das pessoas que não sabem ler e escrever. 

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Pardos, representam 8,8%. Pessoas pretas são 10,1% dos afetados pelo analfabetismo. Já indígenas correspondem a 16,1% e os idosos são os mais prejudicados, com 20% da taxa. 

Na Região Metropolitana, Vitória é a cidade com os melhores índices de alfabetização, com apenas 2,2% de analfabetos. A Capital é seguida por Vila Velha, com 2,6%, e Serra, com 3,9%. Cariacica apresenta os piores números, com 4,5% de pessoas não alfabetizadas. 

A gerente do programa Educação para Jovens e Adultos (EJA) da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), Mariana Berger, disse que o Censo é de extrema importância para a identificação e localização das pessoas não alfabetizadas no Espírito Santo. 

“Nós esperávamos ansiosamente por esses dados oficiais do Censo justamente para identificar onde estão essas pessoas”, disse. 

Atualmente, o EJA é ofertado de forma presencial em 180 escolas, além de núcleos e centros de ensino de forma semi-presencial, mas nem todos os 78 municípios possuem o serviço.

De acordo com Mariana, este é um compromisso firmado pela Sedu: disponibilizar o programa em todos os municípios do Estado até o ano de 2026. 

“Esse é o nosso compromisso, de até 2026 ofertar em todos os municípios, inclusive, de forma diversificada. Com EJA presencial, de segunda a sexta-feira, geralmente noturno, mas mais flexível”, afirmou. 

Dados no Brasil 

No Brasil, os números também melhoraram. De 2010 a 2022, a taxa caiu de 9,6% para 7%. Isto representa um avanço em um país em que, em 1940, mais da metade da população era analfabeta. 

Em 1980, o número de analfabetos caiu para um quarto da população. Já no ano 2000, 88% dos brasileiros já era alfabetizada. 

Atualmente, 93% da população brasileira é alfabetizada, mas existem outros desafios relacionados à alfabetização no país. Mais do que saber ler e escrever, é preciso interpretar e se expressar de forma coerente. 

A mestra em Educação Elis Beatriz da Lima Falcão afirma que é necessário investir em políticas públicas para uma alfabetização emancipadora. 

“Considerando que a alfabetização é muito mais que a escrita de um bilhete, do que codificar e decodificar, mas que as pessoas saibam fazer o uso social da leitura e da escrita, estes números ainda precisam de bastante investimento, em termos de políticas públicas, de pensar políticas que possam contribuir para que esses índices possam expressar realmente uma apropriação da população da leitura e da escrita, afirma. 

Conquistas de quem voltou a estudar

Muitas vezes, a educação não é um direito e sim uma oportunidade para muitos brasileiros e capixabas. Não são raras as situações em que alguém precisa abandonar os estudos para trabalhar. 

Uma destas pessoas é a estudante e dona de casa Maria Penha do Carmo, que aprendeu a ler e escrever no início de 2024, aos 47 anos. Ela precisou sair da escola aos 12 para ajudar no sustento da família. 

Apesar disso, hoje a dona de casa se tornou uma ávida leitora, inclusive de gibis, que a ajudam a se aprimorar no hábito. 

“Até o início do ano, eu não conseguia ler. Agora é difícil fazer eu parar de ler, até porque eu sou apaixonada nos gibis, Turma da Mônica, aprendi também com eles”, relatou. 

Para Maria Penha, aprender a ler é uma grande conquista, assim como dar os primeiros passos. 

“Cada etapa que eu passo, para mim é muito importante. Para quem ficou muito tempo sem estudar, é como se eu estivesse reaprendendo a andar”, disse. 

*Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record 

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