A Igreja Cristã Maranata (ICM), por meio da Missão Internacional Cristã Maranata, realizou pela primeira vez uma ação evangelizadora e humanitária em prol da população que vive às margens do Rio São Francisco, no sertão mineiro e baiano.
A comitiva, composta por cerca de 50 voluntários de diversos estados do país, prestou atendimento médico a 1.385 pessoas das cidades de Porto Agrário, em Minas Gerais, e Carinhanha, Malhado, Bom Jesus da Lapa e Guanambi, na Bahia. Também foram distribuídos 1.990 medicamentos e 517 kits de higiene bucal para as crianças. Os atendimentos foram realizados nas especialidades de clínica-geral, pediatria, ginecologia, cardiologia e ortopedia, além de odontologia e enfermagem. O principal atendimento, entretanto, foi o espiritual, com milhares de vidas impactadas e convertidas e que continuarão sendo assistidas pelas igrejas da região.
“A Missão Sertão surgiu a partir do modelo da Missão Amazônia, que já realizamos junto à população ribeirinha da Floresta Amazônica. Agora, a ideia é fazer uma missão de cada por ano”, explica o pastor João Cidade, responsável pela Missão Internacional Cristã Maranata e que coordena os projetos Missão Amazônia e Missão Sertão.
De acordo com ele, o foco primeiro da Missão Sertão é a evangelização, mas já que a igreja tem condições de atender essa população mais vulnerável, atendimentos médicos também são realizados. Para isso, a missão contou com o apoio das prefeituras das cidades por onde passou para que elas cedessem espaço físico com o mínimo de estrutura, como os próprios postos de saúde dos municípios.
“Não temos estrutura física, apenas os técnicos. Então, fui a essas cidades, conversei com o poder público, apresentei o projeto e pedi a estrutura física para fazer os atendimentos médicos e odontológicos. Levamos também uma farmácia própria, para atender a necessidade dessas populações carentes”, ressalta o pastor João Cidade.
A Missão Sertão foi muito bem recebida, e as pessoas ficaram muito satisfeitas com o trabalho, mas o mais gratificante, segundo o pastor, foi que elas conseguiram entender sobre o evangelho. “Os atendimentos atendem determinadas situações e vulnerabilidades que as pessoas enfrentam, mas o que queremos transmitir é a graça e o poder que o evangelho exerce na vida delas. O que transforma o homem é o evangelho. Buscamos transmitir que quem tem o evangelho como forma de vida é uma pessoa melhor. A mensagem que a gente leva é a que a igreja anuncia, ou seja, a de que o Senhor Jesus vem.”
Voluntariado atuante e impactado
Os voluntários que compuseram a comitiva da Missão Sertão foram selecionados entre cerca de 200 pessoas, que se inscreveram para participar. A seleção levou em conta critérios como a profissão dos inscritos e o apoio espiritual que eles poderiam fornecer. Assim, foram convocados médicos e dentistas que também são pastores, por exemplo, e professores que são instrumentistas, para que, com apenas 50 pessoas, fosse possível realizar o máximo de trabalho.
“Os voluntários sempre ficam muito satisfeitos, pois podem conviver com uma realidade muito diferente. É uma experiência pessoal que as pessoas carregam para a caminhada delas, para a vida delas como profissionais. E, para a igreja, essa é uma forma para que as pessoas tenham o entendimento do que é nosso país, já que muitas vezes as pessoas tendem a achar que o Brasil é igual ao nosso entorno”, enfatiza o pastor João Cidade.
A engenheira e professora Vivian Germano, membra da ICM em Vitória, onde atua ministrando aula para classes de crianças, foi uma das voluntárias participantes da Missão Sertão. Foi sua primeira vez em uma missão desse tipo, e o que chamou mais sua atenção foram os intensos trabalhos de evangelização e atendimentos médicos e sociais, desde a quantidade até à forma como Deus falou às pessoas.
“Foram milhares de atendimentos, e as pessoas puderam ter um bom retorno da saúde física, mas, sobretudo, foi entregue uma palavra de esperança em cada um desses atendimentos. Dissemos às pessoas que a porta da graça ainda está aberta. E quando nós atendemos essas pessoas e fizemos uma oração, Deus confirmou muita coisa na vida delas que nós não conhecíamos. As pessoas receberam uma esperança, um renovo”, celebra Vivian.
De acordo com ela, os voluntários testemunharam muitas operações de maravilhas, como curas de enfermidades, conversões, resgate e renovo da fé e libertações de vícios, além de bênçãos na gestação e partos. “Aquele sertão nunca mais será o mesmo, pois houve um avivamento da obra do Senhor ali.”
Vivian atuou na Missão Sertão como professora de crianças e adolescentes e evangelista nas ruas. Em sua rotina, abordava as pessoas onde quer que fosse para o trabalho de ministração. Para as crianças, apresentava, de forma lúdica, histórias bíblica e hinos. “As crianças interagiam sobre o assunto e, no final, orávamos com elas. Na oração, tivemos muitas experiências significativas, de crianças chorarem, falarem de problemas, pedirem oração para os pais, por exemplo”, conta Vivian.
A voluntária foi muito impactada pelos atendimentos; pelo alcance de surdos, por meio da linguagem brasileira de sinais, e, sobretudo, pelas crianças e adolescentes nas evangelizações nas ruas e escolas. “Foi uma operação grandiosa de maravilhas com muitas confirmações de dons espirituais no meio da comunidade. Em todo esse tempo como membra da ICM, eu nunca vi algo tão grandioso, com tantas confirmações de dons espirituais e benefícios para a população. Nunca vi algo tão intenso em termos de saúde física e espiritual.”
Ela cita o exemplo de uma gestante no nono mês de gestação e que estava muito aflita por causa de complicações. Ela buscou atendimento médico e enquanto esperava recebeu uma palavra de esperança que consolou o coração dela. O Senhor disse que estava cuidando da gestação, inclusive colocando o bebê na posição correta. No atendimento, a médica mesmo confirmou que o bebê estava encaixado. A criança nasceu uma semana depois, com um parto normal muito tranquilo.
O pastor da ICM de Marataízes, Luiz Cezar Ferreira Mathias, que também é pediatra, está em sua sexta missão e participa desse tipo de iniciativa como forma de retribuir tudo o que o Senhor tem lhe proporcionado.
“Depois de dois anos de pandemia, nós, voluntários, é que estávamos ansiosos por uma nova missão. Os atendimentos médicos eram em sua maioria de rotina, mas conseguimos diagnosticar, por exemplo, uma doença rara em uma criança e autismo em outra. Éramos dois pediatras, duas ginecologistas, um clinico, um cardiologista, um ortopedista e quatro dentistas”, destaca Luiz Cezar.
O pastor e pediatra ficou muito impactado com o resultado da Missão Sertão, mas também muito impressionado com a aridez do local. “É uma região bem agreste mesmo, coisa que a gente não vê no Espírito Santo. Mas são cidades onde há uma estrutura básica. Não tem serviços de especialistas, e quando eles são demandados é necessário ir para cidades maiores, e as distâncias são muito grandes.”
A próxima Missão Sertão deve ser realizada na primeira quinzena de novembro. A partir daí ela vai ocorrer revezando com a Missão Amazônia, sendo duas missões da ICM por ano.