Geral

Inclusão de alunos com Síndrome de Down avança no ES, mas preconceito ainda é um desafio

Desconhecimento sobre a trissomia 21 prejudica o desenvolvimento de jovens e crianças com Síndrome de Down

Foto: Divulgação / APAE-ES

Para qualquer criança, o início da fase escolar representa um importante marco no desenvolvimento, com nova rotina, novos amigos e novas habilidades. Além desses desafios, os estudantes com Síndrome de Down ainda precisam enfrentar um obstáculo adicional: o preconceito.

Nesta quinta-feira, 21 de março, é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down, uma data dedicada a promover a reflexão sobre a inclusão social das pessoas com essa condição genética.

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!

A síndrome se caracteriza pela trissomia do cromossomo 21, ou seja, a criança possui uma cópia extra deste cromossomo, totalizando três, em vez das duas habituais. Nos últimos anos, o termo Trissomia 21 ou simplesmente T21 tem sido mais utilizado para se referir a pessoas que nasceram com essa condição genética.

Censo escolar revela aumento de estudantes no ES

No Espírito Santo, apesar da ausência de dados específicos sobre o número de alunos com T21 nas salas de aula, o censo escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revelou um aumento expressivo na participação de alunos da Educação Especial em escolas regulares.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a educação especial é destinada a alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades ou superdotação. 

LEIA TAMBÉM: Prefeitura de Vitória amplia atendimento à pessoas com deficiência através de contrato com a APAE

Em 2014, o Estado contava com 17.012 crianças e adolescentes da educação especial matriculados em instituições de ensino públicas e privadas. Em 2023, este número aumentou para 42.878.

Entenda a importância da educação às pessoas com Down

Durante os primeiros anos de vida, é crucial que tanto as famílias quanto as instituições educacionais monitorem de perto as necessidades das crianças com T21, conforme explicado pela consultora técnica em educação da Federação das Apaes do Espírito Santo (Feapaes-ES), Claudia Moura.

“Os primeiros cinco anos são cruciais para o desenvolvimento delas. Embora cada criança seja única, intervenções terapêuticas precoces, como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, costumam ser necessárias”, destacou. 

Ainda segundo Moura, esses estímulos são essenciais devido às particularidades no desenvolvimento de crianças com Síndrome de Down, que podem enfrentar desafios adicionais em áreas como a motricidade, fala, aprendizado e socialização.

LEIA TAMBÉM: Dia Mundial da Síndrome de Down: fofura para celebrar as diferenças

“Uma abordagem terapêutica correta vai proporcionar a essas crianças o suporte necessário para atingir seu máximo potencial, preparando-as não só para os desafios no ensino, mas para uma vida social plena”, disse.

Preconceito e falta de conhecimento dificultam 

A consultora técnica também apontou dois desafios para a inclusão de alunos com T21 nas escolas. Segundo ela, em primeiro lugar, muitas famílias não possuem informações suficientes sobre essa condição.

Em segundo, a sociedade em geral, abrangendo políticas públicas, escolas, corpo docente e os alunos, ainda não estaria plenamente preparada para lidar com a diversidade.

“Vivemos em uma sociedade extremamente capacitista e muitas pessoas ainda veem a Síndrome de Down como uma doença, o que está completamente errado. Quando a família não sabe muito sobre a condição, demora mais para buscar terapias que ajudam no desenvolvimento da criança”, diz Claudia.

A longo prazo, a ausência de estímulos e apoio pode fazer com que jovens com Síndrome de Down, após concluírem o ensino básico, enfrentem mais dificuldades em acessar o ensino superior ou ingressar no mercado de trabalho.

LEIA TAMBÉM: Projeto de lei: pais de crianças com deficiência poderão tirar férias junto com o filho

“Crianças com Síndrome de Down, quando recebem o apoio necessário, podem alcançar autonomia e participar ativamente na sociedade. No entanto, é essencial que haja mais políticas públicas focadas em promover o desenvolvimento completo dessas crianças, o que inclui aprimoramentos na educação, acessibilidade à saúde e acolhimento às suas famílias”, concluiu.