Luciene da Silva do Rosário, mãe da estudante Karolayne do Rosário Matos, de 18 anos, que morreu após ser baleada na cabeça durante um confronto entre policiais militares e criminosos na noite desta segunda-feira (2), afirmou que a filha estava no lugar errado e no momento errado, quando foi atingida pelo disparo, no bairro Porto Novo, em Cariacica.
“O médico falou que a situação dela era muito grave e para ela sair dessa, teria que ser um milagre de Deus mesmo. Só que Deus faz tudo do jeito dele e ele sabe de todas as coisas. É triste, hoje a minha filha está partindo, infelizmente foi vítima… Mais um inocente pagou. É uma dor muito grande que ela vai deixar. Ela deixa um filho de um mêszinho [sic], que acabou de chegar na vida dela, que era a alegria dela e que é o fruto dela para nós, que vamos cuidar com muito amor e carinho. Vamos estar sempre lembrando dela pelas coisas boas. Infelizmente vai deixar muitas saudades, mas fazer o quê? Não tem como trazer ela de volta. Infelizmente ela estava no lugar errado, no momento errado e aconteceu isso com ela… Temos que buscar forças em Deus”, desabafa Luciene.
A morte da jovem foi confirmada na tarde desta terça-feira (3), pelo padrasto da vítima. Karolayne chegou a ser socorrida em estado gravíssimo, foi entubada, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital São Lucas, em Vitória.
Protesto
Na noite desta terça-feira (3), um grupo de moradores realizou uma manifestação contra a morte da estudante. O protesto aconteceu na avenida principal de Porto Novo, bairro onde a jovem foi baleada. A via foi interditada pelos manifestantes. Familiares e amigos de Karolyne participaram do ato, que foi acompanhado de perto por equipes da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES).
Doação de órgãos
O padrasto da estudante afirmou que os órgãos da jovem serão doados. Segundo ele, Karolyne deixou claro, em vida, que gostaria de doar os órgãos quando morresse.
Confronto
De acordo com informações passadas pela Polícia Civil (PC), no fim da tarde desta segunda-feira (02), policiais militares viram quatro pessoas suspeitas em um matagal da região e, nesse momento, começou o confronto. Durante a troca de tiros, um militar atingiu um dos suspeitos, que acabou morrendo no local.
Segundo a polícia, uma grande quantidade de droga foi apreendida. Por conta disso, durante à noite houve mais confusão. Quatro bandidos abordaram uma pessoa que passava de carro na avenida principal do bairro, pegaram o automóvel e atearam fogo. A ocorrência foi registrada no Departamento de Polícia Judiciária (DPJ).
“Não há toque de recolher”
O secretário de segurança pública do Espírito Santo, André Garcia, falou sobre o confronto durante entrevista por telefone ao programa ES no Ar desta terça-feira (3).
“Estamos acompanhando a situação desde ontem (segunda-feira). Após uma abordagem no final da tarde, uma guarnição da Polícia Militar (PM) se deparou com quatro motos que estavam em local local ermo e tentou fazer diligências para encontrar os proprietários, quando se depararam com quatro indivíduos que reagiram a presença policial. A polícia respondeu prontamente. Um desses indivíduos veio a óbito”.
Segundo Garcia, uma grande quantidade de drogas foi encontrada. “Houve uma apreensão grande de drogas e carregadores de pistola. A partir daí, houve reação de criminosos e prontamente determinamos a resposta da polícia”, disse.
O secretário informou que na manhã desta terça-feira, juntamente com o comandante geral da PM e o coronel Ramalho, irá até o bairro para comandar a operação. “Nos deslocaremos para garantir o funcionamento do local. Soube que houve um confronto pesado e é muito importante a nossa presença para garantir a segurança dos cidadãos. Não há toque de recolher no local”.
Além do carro incendiado por criminosos, uma mulher foi baleada durante o confronto. “Houve a queima de um veículo particular e estamos levantando em quais circunstâncias aconteceu. Temos a notícia de que uma mulher foi baleada em função de disparos acontecidos na noite de ontem (segunda-feira). Mas o único óbito confirmado até o momento é do indivíduo que entrou em confronto com a polícia”.