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Fraude de voz com Inteligência Artificial: saiba como evitar golpes

Criminosos usam a IA para cometer crimes em ambiente eletrônico, utilizando "deepfake", que é a criação de conteúdo audiovisual manipulado e hiper realista

Foto: This is Engineering/Pexels

A Inteligência Artificial (IA), que a cada dia vem tomando uma grande amplitude em todos os setores, infelizmente também tem o seu lado perigoso. E um deles já começa a tomar forma: a fraude de voz ou a fraude de chamada falsificada por meio da IA.

O processo envolve o uso de algoritmos avançados de síntese de voz. Segundo o advogado Elio Carlos Casagrande Filho, especialista em Direito Digital, o criminoso dessa maneira consegue imitar, por exemplo, a voz de alguém da família, que acredita estar falando com a pessoa e acaba caindo no golpe, geralmente fazendo uma transferência por Pix.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

“A inteligência artificial vem sendo desenvolvida para facilitar as tarefas e trabalhos cotidianos dos usuários. Ocorre que bandidos a estão utilizando para cometer crimes em ambiente eletrônico, utilizando a chamada “deepfake”, que é a criação de conteúdo audiovisual manipulado e hiper realista”, disse.

Segundo o jurista, em posse de arquivos de áudio e imagem captados nas diversas mídias sociais, estes criminosos podem criar novos áudios e vídeos com a voz e o rosto de alguém, utilizando-os para difamar, extorquir ou aplicar golpes.

Uma vez que a voz é sintetizada, os golpistas entram em contato com a vítima através de um número de telefone desconhecido e se fazem passar por alguém em quem ela confia.

“Normalmente, os criminosos usam táticas de engenharia social e são habilidosos em manipular as emoções e a confiança das vítimas para convencê-las a agir de acordo com suas solicitações fraudulentas. E são dezenas de maneiras para fazer isso”, alerta Elio Carlos Casagrande Filho.

Já existem relatos de golpes utilizando áudios e vídeos de diretores de grandes empresas dando ordens de transferências bancárias para seus funcionários, que as efetuam ao reconhecerem a voz e o rosto dos seus patrões.

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Também foram notificados, segundo Élio Filho, eventos de áudios e vídeos enviados para parentes e amigos próximos, em que o golpista se passa por alguém íntimo e informa que está com novo número de telefone, colocando no perfil a foto do ente querido e enviando uma “deepfake” com um pedido de empréstimo de dinheiro, com depósito em uma conta de pessoa diversa daquela que as vítimas conhecem.

Segundo ele, a técnica já está preocupando os especialistas digitais que lutam dia a dia para combater as ações dos criminosos, alertando a população, inclusive, o quanto essa voz sintetizada pode ser bastante convincente, dificultando a identificação de que a pessoa do outro lado da linha é, na verdade, um golpista.

O advogado alerta, ainda, para as emoções transmitidas pela voz, como urgência ou desespero, que ajudam a aumentar a pressão sobre a vítima para que ela tome uma decisão rápida, sem dar tempo para avaliar a situação adequadamente.

Exposição nas redes sociais

Elio Carlos Casagrande Filho ressalta que com a exposição excessiva nas redes sociais, as vítimas ficam ainda mais vulneráveis. “Ao compartilhar detalhes sobre sua vida, rotina, interesses e relacionamentos nas redes sociais, a pessoa está fornecendo dados que podem ser explorados pelos golpistas em suas atividades fraudulentas”, garante.

Com o advento das mídias sociais, é praticamente impossível, segundo o especialista, evitar que algum mal intencionado capte áudios ou imagens de usuários. O que os usuários podem fazer é ter cautela e seguir certos procedimentos ao receberem pedidos estranhos ou verem anúncios muito atrativos nos diversos aplicativos.

“Inicialmente, desconfie de tudo e de todos. Utilize também o bom senso, se perguntando se aquela pessoa já te pediu algum empréstimo ou se já te vendeu algo com preço tão abaixo do mercado”, frisou.

Ao ver uma oferta muito boa em perfil de alguém conhecido:

• Certifique-se de que realmente é aquela pessoa utilizando outro meio de contato.
• Se alguém te mandar mensagem dizendo que está com número novo e te pedindo algo, ligue para o número antigo.
• E mesmo que estejam te pedindo ajuda através do número verdadeiro da pessoa, fale com ela através de ligação comum.

“Sempre verifique a autenticidade da solicitação por meio de outros meios de comunicação, como ligar para o número conhecido da pessoa ou entrar em contato pessoalmente, antes de atender qualquer demanda do criminoso”.

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No geral, o jurista explica que é muito importante que a pessoa seja cautelosa e tome sempre medidas para garantir a proteção de sua identidade e finanças, mesmo quando se trata de comunicações por telefone ou qualquer outra forma de interação digital.

“Além disso, é primordial ao receber uma ligação, suspeitando de que foi alvo de um golpe, que a pessoa denuncie a situação às autoridades locais ou à organização responsável pela segurança cibernética em seu país, ajudando assim a encontrar os fraudadores”, conclui.

O que fazer em caso de se tornar uma vítima?

As vítimas desses golpes devem procurar a Polícia Civil para registrar boletim de ocorrência. Na Grande Vitória existe uma delegacia especializada no combate aos crimes cometidos em ambiente virtual, que é a Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos, localizada na Avenida Marechal Campos, nº 1236, no bairro Bonfim, em Vitória.

“Registro que, apesar de ser muito difícil recuperar o dinheiro perdido nestes casos, as vítimas devem fazer o registro das ocorrências com o máximo de dados que possuírem. Só assim a polícia e o poder judiciário poderão identificar e punir os culpados”, disse.