Quem diria que o surgimento de um chat poderia agitar tanto o mundo digital e a vida da contemporaneidade? Prometendo resposta rápida para os mais diferentes questionamentos e pedidos em questão de segundos, o ChatGPT está imerso em um mundo que ganhou os holofotes nos últimos meses: o universo da Inteligência Artificial ou simplesmente IA.
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Ao passo em que a tecnologia – não só aquela presente na IA – avança, a sociedade goza de benefícios que, também, crescem exponencialmente. Porém, o que inicialmente se mostrou como uma avalanche de benefícios passou a ser discutido não só entre especialistas, mas também pela sociedade.
Antes de tudo é preciso entender que, como mencionado anteriormente, essa plataforma faz parte da Inteligência Artificial (IA), um campo que ganhou adeptos e haters em tão pouco tempo.
O professor universitário e doutor em Ciência da Computação, Otávio Lube, explica que a IA “nada mais é do que um conjunto de algoritmos treinados com dados e históricos elaborados para tomar decisões que a gente programa, de acordo com a preferência do usuário”.
Para Lube, a partir desse histórico formado, se torna possível treinar a máquina para que ela execute tarefas automáticas (importante frisar esse termo).
Trazendo o conceito para o lado “vivo” da conversa, o mestre em Ciência da Computação e especialista e Mineração de Dados Complexos, Rober Marcone Rosi, aponta que a IA se baseia no conceito de simulação humana e aprendizado autônomo.
“A Inteligência Artificial é a capacidade que máquinas, programas de computador ou outros sistemas possuem de simular o pensamento humano, capaz de desenvolver um comportamento inteligente de forma autônoma e que podem se aprimorar (aprendizado autônomo) interativamente com base nas informações que eles coletam, ou seja, ter a capacidade de fazer a coisa certa, com os dados que tem”, afirmou.
Inteligência Artificial: onde tudo começou?
Apesar do boom entre 2022 e 2023, a discussão sobre a IA e o interesse em criar seres inteligentes não é de agora. É hora da aula de História.
“Se formos analisar a História, o desejo de criar um ‘ser’ inteligente que pudesse replicar a inteligência humana já existe desde antes de Cristo”, pontuou Marcone, que cita o personagem Talos da mitologia grega.
Talos era um autômato de bronze, criatura criada com o intuito de imitar gestos humanos para realizas funções importantes, como, neste caso, a proteção da Ilha de Creta, na Grécia.
Na História, Rober cita que, na Segunda Guerra Mundial, o matemático britânico Alan Turing desenvolveu uma máquina para decifrar as mensagens usadas pelos nazistas. Na década de 50, o matemático criou o Teste de Turing para identificar se uma máquina apresentava comportamento inteligente.
Porém, somente em 1965 durante uma conferência de verão na Dartmouth College, na cidade de Nova Hampshire, Estados Unidos, que a IA foi citada oficialmente.
“Se o serviço é de graça, você é o produto”
A famosa frase que ronda o mundo da tecnologia, pode ser aplicada em diferentes contextos e um deles é o avanço tecnológico que possibilitou a IA ser o que atualmente.
“Após o advento e a popularização da internet, na década de 90 e nos anos 2000, houve um aumento na produção massiva de dados e uma maior disponibilização desses dados, ocasionando um aumento exponencial na capacidade computacional”, explicou Lube.
Tendo esse cenário em vista e a partir de um simples cálculo, é possível compreender o significado da frase que inicia essa parte do texto.
A medida em que a tecnologia avança, os seres humanos se sentem atraídos, tornam-se verdadeiros usuários e depositam nela mais informações, fazendo com que o “banco de dados” seja alimentado cada vez mais rápido e com mais informações, pessoais ou não.
“O aumento dessa capacidade fez com que conseguíssemos o processamento necessário”, disse o professor.
Quais os pontos positivos da Inteligência Artificial?
“A Inteligência Artificial não é apenas sobre criar máquinas e sistemas que sejam mais inteligentes”. Esse é um viés defendido pelo coordenador da ExpoTI e do Security Summit Vitória e presidente do HDI-Brasil no ES, Jackson Galvani.
Para Galvani, a IA é um campo da tecnologia capaz de melhorar a vida da sociedade no que diz respeito à previsão de diferentes acontecimentos.
“Por exemplo, ela pode ser usada para ajudar na previsão de eventos meteorológicos, na previsão de saúde, pode também ajudar a prever e resolver problemas de segurança. Isso permite que as decisões sejam tomadas com mais confiança e informação.”
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Outro benefício da Inteligência Artificial, segundo aponta o presidente do HDI-Brasil no ES, está relacionado a alguns serviços manuais, que podem ser facilmente substituídos por esta tecnologia.
“Algumas das melhorias práticas incluem a automação de tarefas manuais, a personalização de serviços e produtos. Por exemplo, a utilização de robôs industriais e automação de processos pode permitir que grandes empresas produzam produtos em um curto espaço de tempo, com menos erros”, defendeu o especialista.
“O ser humano não será substituído pela IA, mas por outros seres humanos que aprenderam a programá-las”
O avanço tecnológico é nítido, mas o advogado especialista em Direito Digital e Proteção de Dados, Thiago Portugal Soledade reforça que ainda existem mais aperfeiçoamentos a serem feitos e que, na visão dele, não serão “fatais” aos seres humanos.
“Existem muitos desafios ainda a serem enfrentados para o aperfeiçoamento da utilização da IA no dia a dia, mas é inegável sua contribuição. É importante dizer que o ser humano não será substituído pela IA, mas por outros seres humanos que aprenderam a programá-las.”
Com os crescentes casos de crimes virtuais e hackers, o especialista enxerga a IA como uma “nova” aliada nessa constante e crescente batalha em prol da segurança.
“A tecnologia precisa ser bem preparada por profissionais que utilizem uma metodologia de inteligência capaz de realizar análises observando não somente o comportamento dos códigos maliciosos (malwares), mas também o comportamento dos agentes de ameaças (cibercriminosos). É preciso compreender o ambiente em que a IA vai atuar, para que seja garantida a sua efetividade na prevenção e segurança das pessoas, sistemas, dados e outros ativos que podem ser comprometidos por esses atacantes”, apontou Soledade.
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A humanidade (ainda) é o diferencial
Não será fácil disputar com a velocidade e a precisão da IA, mas é importante lembrar que algumas características (ainda) exclusivas aos seres humanos fazem com que a mão-de-obra de carne e osso não seja trocada pelo código-binário.
“Não é de hoje que a tecnologia substitui as pessoas. Cada vez mais a gente tem que ser mais estratégico, multidisciplinar, entender o conjunto e entender as pessoas”, pontuou o professor e consultor de marketing e empreendedorismo Henrique Hamerski.
Levando a discussão para a área da Comunicação, campo diretamente impactado pelas últimas novidades do mundo digital, Hamerski reforça outra “moeda de troca” importante neste processo: a criatividade.
“A gente precisa ter empatia, se colocar no lugar do outro, criar soluções fora do comum, fora do planejado, a criatividade é olhar para alguma coisa e criar conexões que estão fora da caixinha que a máquina foi criada para estar.”
De acordo com o coordenador de inovação e tecnologia do Senai, Edmilson Queiroz dos Santos Filho, agora é hora de aproveitar a tecnologia e transformá-la em uma aliada na busca pelo aprimoramento.
“Quando alinha tecnologia com educação, a mão de obra vai ser qualificada e alguns processos repetitivos, que não exigem criatividade ou tomada de decisão criativa, serão substituídos por um sistema automático”, defende.
Ao analisar o todo, o coordenador prevê um forte e negativo impacto no mercado de trabalho, que pode culminar em dois cenários: na alta do desemprego ou na realocação de funções dentro da empresa.
Porém, apesar do aspecto possivelmente catastrófico, Queiroz lista características essenciais que devem ser colocadas cada vez mais em prática, frente ao boom da programação.
“Capacidade de ironia, tomada de decisão com criatividade, flexibilidade, contexto humano, sensibilidade e empatia.”
Quais os pontos negativos da Inteligência Artificial?
Os benefícios e praticidades proporcionados pela IA são inegáveis, porém, como diz o clássico provérbio de Stan Lee “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, e na tecnologia esses dizeres podem (e devem) ser analisados na prática.
O advogado especialista em Direito Digital, Thiago Portugal Soledade, reforça que o uso não supervisionado ou mesmo equivocado da Inteligência Artificial, pode levar pessoas a se tornarem “dependentes da IA”.
“Isso é um problema muito sério, pois as pessoas poderão perder a sua capacidade de análise crítica e de resolução de problemas”, alertou.
O especialista reforça a importância de se utilizar a tecnologia de maneira “assertiva, ética e responsável” para que a efetividade da IA seja garantida sem que ocorram problemas pessoais, profissionais e até mesmo jurídicos. Entre esses problemas ele cita os seguintes:
– Preconceito
– Discriminação
– Desinformação
– Uso inadequado
– Demissão
– Violação de Privacidade
– Dependência, entre outros.
Soledade reforça que a Inteligência Artificial trabalha com respostas prontas, aprendidas e que “não tem emoção, humanidade e com isso as respostas nem sempre serão assertivas e poderá mudar várias vezes para a mesma pergunta.”
Problemas a curto e longo prazo
Para um curto prazo, o presidente do HDI-Brasil no ES, Jackson Galvani, acredita que a IA possa enfrentar problemas relacionados a confiabilidade e segurança. Tendo em vista a complexidade da tecnologia, o especialista acredita riscos potenciais, como vírus e spyware possam se tornar ameaças.
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Porém, a longo prazo, Galvani afirma que questões éticas e sociais podem ser as novas “dores de cabeça” da IA.
“Existe o risco de que as máquinas possam tornar-se mais “inteligentes” que os humanos, o que teria uma profunda filosofia para o futuro da raça humana. Além disso, um dos possíveis efeitos colaterais da IA é a automação de processos, o que pode resultar na desestabilização do mercado de trabalho”, explicou.
Analisando um cenário futuro e considerando as polêmicas em que as IA’s podem se envolver a longo prazo, Thiago Portugal lembra da importância da regulamentação da Inteligência Artificial, onde, segundo ele, um órgão fiscalizador não teria somente um papel regulatório, mas também educacional acerca do uso da tecnologia.
“A tendência é crescer ainda mais a utilização de IA devido à evolução natural das coisas e a tecnologia sempre cresce forma exponencial”, disse.