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Interior do ES sofre com falta de chuva e abastecimento de água preocupa

Até o final de 2019, a Secretaria de Estado da Agricultura pretende entregar mais cinco barragens

Foto: Reprodução / TV Vitória

Depois do Espírito Santo sofrer com a maior crise hídrica da história, 20 barragens já foram construídas pelo governo de 2015 para cá. Mas nada impediu o racionamento de água, nem mesmo para o consumo humano. Em Vista Linda, localidade do município de Domingos Martins, por exemplo, o governo estadual disse que será construída a barragem dos Imigrantes, no Rio Jucu.

O ponto escolhido continua coberto pela vegetação e, quase um ano depois da assinatura do contrato para a construção da barragem, fica a dúvida de quando ela será construída. “Já estamos esperando aí mais de ano, não veio operário, não veio nada aqui! Creio que não sai. Ninguém para organizar e para medir nada”, disse o músico Maik Miranda. 

A assinatura foi no dia 1º de outubro do ano passado, com previsão de investimento de R$ 96 milhões para criação de um reservatório com capacidade para 23 bilhões de litros de água.

“A questão das desapropriações, conseguimos vencer uma etapa importante, que é onde fica realmente o corpo da barragem. Então, essas áreas a gente conseguiu a emissão provisória. O segundo detalhe foi com relação ao Idaf (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo), as licenças. Então, a gente já conseguiu junto ao Idaf, a licença para supressão vegetal, para que se faça esse encaminhamento, para que os equipamentos, que são grandes, possam entrar e realizar as sondagens necessárias para elaboração dos projetos executivos da barragem”, explicou o diretor de engenharia e meio ambiente da Companhia Espírito-santense de Saneamento (Cesan), Thiago Furtado.

A barragem vai acumular água no período chuvoso para uso no período seco. Essa preocupação surgiu após a maior crise hídrica já enfrentada pelo estado, entre 2015 e 2016. “Ninguém tinha reserva de água suficiente em barragens e foi uma situação bastante calamitosa, bastante complicada. As árvores de café tiveram que ser cortadas e uma perda imensurável”, afirmou o gerente de infraestrutura e obras rurais da Secretaria de Estado da Agricultura, Patrick Silva Ribeiro.

O Rio Jucu abastece a maior parte da Grande Vitória. A região não passou por problemas de abastecimento nesse inverno. O problema foi nos municípios do interior. A região Noroeste do Espírito Santo enfrenta dificuldades devido à falta de chuvas. Mantenópolis, São Roque do Canaã e um distrito de Santa Teresa passam por rodízio no consumo de água.

Em São Roque do Canaã foi decretada situação de emergência. A água para uso da população vem sendo retirada de barragens recém construídas para consumo agrícola. “A Cesan está fazendo a captação dessa água em alguns barramentos que existem no município, para levar através de caminhão pipa até a estação, para tratar e distribuir”,  contou Thiago Furtado.

No total, 20 barragens foram construídas depois de 2016 pela Secretaria de Agricultura do Estado, para garantir a segurança da produção rural. Destas, 15 estavam cheias até abril deste ano. Mas as barragens não foram capazes de garantir o abastecimento. Em seis municípios capixabas, produtores rurais fazem rodízio de água para irrigação das lavouras.

“Eu posso captar água um dia e ficar dois sem captar. E essa porcentagem hoje que posso tirar, levo em torno de 15 dias para encher, no qual daria para molhar não todo o café uma vez. Eu já abandonei em torno de 80% de área do café. Nessas proporções de água, não vou colher”, revelou o produtor rural de Santa Teresa, Edival Corteletti.

Na região Serrana, Santa Teresa ganhou três barragens, mas outras duas estão com as obras paradas. Também houve problemas de projeto e construção de três barragens em Pancas, Jaguaré e Ecoporanga, Norte do Espírito Santo.

Até o final de 2019, a Secretaria de Estado da Agricultura pretende entregar mais cinco barragens. A Cesan estuda usar parte delas para reforçar o abastecimento para consumo humano em municípios do interior.