TEL-AVIV – O Irã lançou um ataque com mais de 100 drones e dezenas de mísseis de cruzeiro contra Israel, na escalada militar mais grave no Oriente Médio desde a Guerra do Golfo. O governo israelense e os Estados Unidos agem para repelir o ataque, que deve adentrar a noite deste sábado, e as primeiras horas do domingo.
Há ainda relatos de ataques contra Israel de aliados do Irã no Iêmen no Líbano e no Iraque, como o Hezbollah, os houthis e milícias xiitas no Iraque. As defesas antiaéreas de Israel foram acionadas em todo país, inclusive em Jerusalém e no sul do país, onde explosões provocadas pela ação do Domo de Ferro foram ouvidas.
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O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu disse que o país irá se defender da ofensiva, uma retaliação ao ataque israelense em 1 de abril que matou líderes da Guarda Revolucionária Iraniana na embaixada em Damasco. O premiê se reuniu com o gabinete de guerra. O porta-voz do Exército, Daniel Hagari, disse que o ataque é uma escalada grave e perigosa.
‘Punição ao regime sionista’
A Guarda Revolucionária Iraniana, em comunicado na TV estatal, falou que lançou um ataque com drones e mísseis contra os israelenses. O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, comentou o ataque e disse que “o malicioso regime sionista será punido”
Os mísseis, segundo fontes do governo americano, podem ser usados na sequência dos drones, cujo objetivo seria distrair as defesas israelenses. Segundo fontes do Exército de Israel, os projéteisforam lançados do Irã, Líbano, Iêmen e o Iraque e estão direcionados para o norte do país e o Deserto do Negev.
Risco sem precedentes
O ataque representa uma escalada sem precedentes na crise no Oriente Médio, iniciada com os atentados terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro. Potência regional, o Irã tem recursos militares significativamente maiores que seus aliados na região como o Hezbollah, os Houthis e o próprio Hamas. A ameaça fez a Jordânia, país vizinho a Israel, fechar seu espaço aéreo.
É também a primeira vez que um ataque de um país da região é lançado contra Israel desde a Guerra do Golfo, em 1991, quando Saddam Hussein lançou mísseis Scud contra o país.
“O Irã e Israel estão levando a região para águas desconhecidas. Não é possível mensurar o quanto esse momento é perigoso e o quanto suas consequências podem ser desastrosas.”, diz o cientista político Ali Vaez, diretor do programa de Irã do Crisis Group.
“Nos últimos anos e especialmente nas últimas semanas Israel tem se preparado para um ataque direto do Irã. Nossos sistemas de defesa estão em ação e estamos preparados para qualquer cenário, tanto defensivo quanto ofensivo”, disse o premiê”, disse o premiê. “O Estado de Israel, seu povo e seu Exército são fortes e temos um princípio muito claro. Quem nos machuca será machucado por nós.”
Ajuda americana
A Casa Branca confirmou que o Irã havia lançado um ataque contra Israel e prometeu ajudar Israel a se defender. O presidente Biden estava interrompendo um fim de semana em sua casa de férias em Delaware para retornar à Casa Branca e se reunir com sua equipe de segurança nacional.
Assessores de Biden reconhecem que a ameaça iraniana pode não ser apenas com drones e, de fato, um ataque subsequente com mísseis pode acontecer.
A ação do Irã no sábado ocorre após uma semana de diplomacia e relatórios conflitantes sobre até onde Teerã iria em resposta ao ataque de Damasco e se arriscaria uma guerra total na região com Israel.
“É provável que esse ataque se desenrole ao longo de várias horas”, disse Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional. “O presidente Biden foi claro: nosso apoio à segurança de Israel é inabalável. Os Estados Unidos estarão ao lado do povo de Israel e apoiarão sua defesa contra essas ameaças do Irã.”
Ameaça iraniana
Altos funcionários e comandantes militares iranianos prometeram retaliar desde o ataque aéreo israelense em Damasco em 1º de abril. Sete oficiais iranianos, incluindo três comandantes de alto escalão, foram mortos no ataque, incitando os votos iranianos de vingar as mortes.
“Faremos com que eles se arrependam desse crime e de crimes semelhantes, com a ajuda de Deus”, declarou o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, que também é o comandante em chefe das forças armadas, um dia após o ataque. Na quarta-feira, Khamenei repetiu a ameaça, dizendo que Israel “será punido”, o que levou as autoridades israelenses a prometerem uma resposta militar em caso de ataque.
Os Estados Unidos, Israel e o Irã colocaram suas forças armadas em alerta máximo após o ataque de 1º de abril, de acordo com autoridades militares, e nesta semana o chefe do Comando Central dos EUA viajou para Israel na expectativa de um possível ataque iraniano. A questão não era tanto se o Irã retaliaria, mas quando e como. / NYT E AP
Fonte: Estadão
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