O efeito da pandemia tem sido intenso e traumático para uma determinada parte da população. A mudança de rotina e o isolamento social, tem surtido muitos efeitos, especialmente para aquelas pessoas que sofreram perdas de familiares.
Por uma série de situações, o confinamento pode sim mudar o nosso caráter. Ninguém está completamente imune as experiências pelas quais estamos passando atualmente.
O historiador renomado Keith Lowe, destaca que a sociedade de hoje não é tão sábia quanto a de nossos avós, e que o vivido durante esse período não nos será de muita utilidade. Voltaremos a apresentar os mesmos defeitos de forma crônica.
Já Michel Wieviorka, sociólogo francês, tem uma opinião diferente. Para ele, essa essa experiência nos forçará a reformular prioridades e contribuirá para criar uma sociedade mais solidária, na qual valorizaremos o apoio mútuo. O vírus, segundo ele, nos impõe uma metamorfose que devemos aproveitar para sermos melhores.
Os autores que mais estudaram essa dimensão no século XX, destacaram que o caráter é composto pela nossa emocionalidade, interesses e ressonância, foram, Ernst Kretschmer e William Stern.
Os estudos nos revelam que cada pessoa é impactada por situações de formas diferentes.
Saúde mental e personalidade
De todos os efeitos que a situação atual pode ter sobre a saúde mental, os transtornos de ansiedade são os mais frequentes. Antes da pandemia, já haviam pessoas que sofriam de ansiedade. Já outras começaram a lidar com essa condição psicológica durante o confinamento.
Fatores como a incerteza profissional e pessoal, o medo em relação a novos surtos de contágio ou o efeito do próprio confinamento geralmente agravam o nível de ansiedade.
Assim, o fator determinante para entender se o estresse e a ansiedade que sofremos durante o confinamento podem mudar o nosso caráter, será: a duração.
Se essa situação durar meses, podemos sofrer mudanças, como um maior pessimismo, sensação de alerta e angústia.
Um estudo realizado pelo Dr. Gran Shields, da Universidade da Califórnia, destaca esse mesmo fato. Para ele, quando nos encontramos em uma situação em que o estresse é constante, a personalidade pode variar. Por outro lado, se essa situação for resolvida o mais rápido possível, o efeito será mínimo.
Se nossos hábitos de vida mudam, aspectos do nosso caráter também mudam
Existe uma relação quase determinante no que diz respeito à psicologia humana: o ambiente nos condiciona. Se há um contexto em que somos forçados a mudar nossos hábitos de vida, muitos aspectos do nosso caráter podem sofrer alterações.
O simples fato de ter que depender de máscaras para ir trabalhar ou encarar o dia a dia pode nos afetar. O medo do contágio estará presente e isso aumentará a nossa hipervigilância.
Além disso, a limitação do livre movimento e do contato social também podem nos afetar, aumentando a presença de emoções como a tristeza e até a frustração. O impacto dessas realidades sempre dependerá da duração dos eventos atuais.
Crianças e idosos, os mais afetados
Possivelmente, os mais afetados durante essa pandemia são as crianças, especialmente as menores de 14 anos, devido ao fato de terem sido afastadas do ambiente escolar, onde tinham contato com os colegas. A socialização, as brincadeiras e o contato com o exterior são essenciais para elas. O fato de estar em casa e ver a preocupação dos pais, também pode afetá-las e ter um impacto psicológico grave.
Por outro lado também, não podemos nos esquecer dos idosos, pois muitos deles estão passando pelo confinamento sozinhos e sabendo pela mídia como a pandemia afeta a população de maior idade.
O confinamento pode mudar o nosso caráter de uma maneira ou de outra. Tudo depende, como bem destacamos, da duração dessa pandemia e das possíveis mudanças que possam ocorrer posteriormente.
No entanto, podemos sair dessa com um caráter fortalecido.
A adversidade nos muda e, muitas vezes, o faz despertando forças e alimentando novos valores e capacidades.
*Com informações do Portal R7