As preas, os coelhos, as galinhas e os peixes presentes em um jardim comunitário localizado no Centro de Vitória podem estar com os dias contados. Após denúncia de maus-tratos contra os animais, o comerciante Eugênio Martini, um dos responsáveis pelo local, foi informado por fiscais da Prefeitura de Vitória de que terá um prazo de 24 horas para retirar os bichos do local, sob pena de ser multado.
Segundo a advogada Carol Dias, uma das responsáveis pela denúncia, o principal motivo para esta ação foi em razão da insalubridade e dos maus-tratos que existem ali.
“Fizemos a denúncia devido à situação em que os animais são mantidos: todos presos dentro uma gaiola suspensa que fica ali. Os animais vivem com uma alimentação completamente inadequada. Eu crio coelho há mais de 8 anos, por isso sei que está errada. Ele está condenando os coelhos a morte”, comenta.
Além disso, a advogada disse que as pessoas contrárias à existência de animais no jardim tentaram um diálogo para solucionar o caso de forma amigável, sem precisar acionar a Prefeitura, contudo o proprietário não mostrou interesse.
“Eu pedi numa conversa com o senhor Eugênio que ele entregasse os animais e em troca, nós daríamos plantas para ajudá-lo na ornamentação do jardim, mas infelizmente ele não concordou”, conta.
Martini afirma que o local existe desde junho de 2011, e que desde sempre faz a alegria das crianças que passam pela rua Dionísio Rosendo, bem próxima da Praça Costa Pereira.
“Este é um espaço coletivo. Aqui, todos animais são tratados com dedicação e amor pelos moradores. Além disso, o jardim se tornou um atrativo a mais para essa selva de pedras que é o Centro de Vitória”, afirma.
O comerciante ressalta que todos animais são alimentados com ração apropriada e com todos os cuidados possíveis. Mas em relação ao auto de constatação da Prefeitura de Vitória, que Martini se negou a assinar, ele diz que promete lutar para manter o local da mesma forma que é hoje.
“Isso é uma hipocrisia. Falar em maus-tratos? Sou conhecido na região e todos moradores do Centro de Vitória, e também de fora, sabem do carinho com que cuidamos do jardim. A Prefeitura, e os governantes, deveriam estar preocupados em combate os crimes aqui no Centro, o aumento no número de usuários de drogas, de moradores de rua e também de animais abandonados, como cães e gatos”, declara.
Para Martini, quem mais vai perder com a possível retirada dos animais do jardim comunitário será o público infantil, que visita diariamente o local. O comerciante também revela que a interação é tanta, que alguns podem até levar os animais para casa durante um pequeno período.
“O que existe aqui é uma relação de amor, de dedicação comunitária e respeito à natureza. Isso não é meu, é da comunidade. Além disso, faço a muitos anos o monitoramento com câmeras de segurança. Falam em maus-tratos, mas não apresentaram nenhuma prova com relação a isso”, reitera.
A prefeitura informou que fiscais da Gerência de Fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) foram ao local e emitiram um auto de constatação. “O empresário negou-se a receber o auto de constatação e tomou ciência de que terá um prazo de 24 horas para retirar os animais do local, sob pena de ser multado conforme prevê a lei federal 9605/98, regulamentada pelo decreto 6514/2008”.
Errata: Na reportagem publicada na sexta-feira (22), o jornal online Folha Vitória veiculou que o jardim comunitário estava com seus dias contados, contudo apenas os animais presentes correm este risco. O jardim poderá permanecer, segundo a Prefeitura, sem os animais.