O jornal americano The Wall Street Journal publicou, na última segunda-feira (04), uma reportagem mostrando que os principais executivos da mineradora Vale receberam um e-mail anônimo alertando sobre a situação das barragens da empresa.
O envio teria acontecido duas semanas antes do rompimento do reservatório de Brumadinho, em Minas Gerais.
De acordo com a publicação, o então presidente-executivo Fabio Schvartsman recebeu a mensagem e convocou três colegas da empresa para descobrirem quem havia sido o remetente do e-mail. Ainda segundo a matéria, Schvartsman teria se referido ao autor da mensagem como um “câncer”.
O e-mail intitulado de “A Verdade” afirmava que a companhia enfrentava “grandes desafios pela frente” e que as operações da empresa não teriam “o nível mínimo de investimento adequado”, faltando mão de obra nas operações, manutenção e engenharia. O autor da mensagem ainda teria destacado que as barragens de rejeito da Vale estaria em “seus limites”.
Em contato com a reportagem do Portal R7, a mineradora confirmou a existência do e-mail e destacou que os relatos sobre as barragens aparecem “em meio a outros assuntos, de forma genérica e sem evidências”. A mensagem não teria citado especificamente a situação da estrutura de Brumadinho.
Sobre as estruturas “no limite”, a companhia informou que o termo foi compreendido como “como referência ao limite de capacidade licenciada das barragens”. Em nota, a Vale também negou a falta de investimentos apontadas.
A defesa do ex-diretor da Vale, Fabio Schvartsman, alegou que o cliente sempre acompanhava as denúncias quando “elas incluíam informações concretas”. Segundo documentos da investigação policial a qual o jornal teve acesso, Schvartsman disse, em depoimento que acredita que o e-mail anônimo tenha sido escrito por algum funcionário que estava descontente com sua gestão.
Veja a nota da Vale na íntegra:
“A Vale esclarece que o e-mail mencionado foi devidamente analisado pela Ouvidoria da empresa. A questão das barragens aparece, em meio a outros assuntos, de forma genérica e sem evidências.
O termo “barragens no limite” foi compreendido como referência ao limite de capacidade licenciada das barragens, o que já vinha sendo endereçado pela empresa como, por exemplo, com a expansão das operações com processamento a seco.
As menções à suposta carência de investimentos e redução de custos também são genéricas e infundadas. Os recursos aplicados na manutenção das operações no Brasil apresentaram crescimento significativo nos anos de 2017 e 2018, atingindo R$ 14,5 bilhões no ano passado. Os investimentos em gestão de barragens no Brasil vêm sendo reforçados continuamente. O orçamento aprovado em 2018 prevê investimentos de R$ 256 milhões em 2019, um crescimento de cerca de 180% em relação a 2015.
Diante desse contexto, a denúncia foi à época classificada como genérica, uma vez que não mencionava, de forma objetiva, nenhum fato certo e concreto, conforme já foi declarado ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais.”
Com informações do Portal R7!