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Juiz perde a paciência e manda advogado 'para o inferno' durante audiência no ES

O fato aconteceu durante uma discussão sobre um acordo trabalhista, em uma sessão da 12ª Vara do Trabalho de Vitória. Advogado desistiu de representar contra o magistrado

Foto: Reprodução/YouTube

O juiz Roberto José Ferreira de Almada, da 12ª Vara do Trabalho de Vitória, perdeu a calma durante uma audiência virtual e mandou um advogado “para o inferno”. O desentendimento aconteceu na última segunda-feira (16), durante uma discussão sobre um acordo trabalhista.

Durante a audiência, o magistrado questionou um pedido de acordo, no valor de R$ 5 mil, em favor de uma funcionária de uma empresa, que teria trabalhado apenas um mês no local.

“Eu não estou entendendo de onde vocês estão tirando R$ 5 mil de acordo. O que está acontecendo nesse processo?”, questionou o juiz.

Para justificar o valor, o advogado Edson Lourenço afirmou que a reclamante teve alguns contratos de suspensão com a empresa, mas a informação não foi levada em consideração pelo magistrado. 

Em determinado momento, Almeida interrompeu o advogado abruptamente. “Doutor Edson, eu estou conversando com a doutora Roberta (representante da empresa reclamada)”.

Mesmo com a tentativa de explicação dos advogados para o acordo trabalhista, o juiz se mantinha irredutível. “Não tem explicação humana possível. Vocês, por favor, pisem no freio, porque eu sou um sujeito enjoado”.

Com a ausência da requerente na audiência, o magistrado determinou que o processo fosse arquivado. 

Edson Lourenço, então, retrucou, afirmando que havia propostas por parte da empresa, mas não foi o suficiente. “Doutor, a reclamante não está e a lei me manda arquivar”, disse o juiz.

Em seguida, o advogado diz que iria anular o processo e agradece. Nesse momento, o magistrado perde a paciência. “Ah, vai anular onde o doutor quiser. Vai pro inferno”, disparou Almada.

Por meio de nota, o Tribunal Regional do Trabalho no Espírito Santo (TRT-ES) informou que o advogado que se sentiu ofendido desistiu de representar contra o magistrado.

Informou ainda que todas as audiências são gravadas e ficam disponíveis na consulta processual no Portal.

Entenda o posicionamento do advogado 

O advogado Edson Lourenço comentou o caso nesta segunda-feira, dia 23 de agosto. Ele afirmou que o ocorrido servirá como alerta para que atitudes de “baixo calão” como estas não sejam toleradas. 

A reportagem do Folha Vitória entrou em contato com o advogado que esclareceu a situação e o que poderia ter levado à atitude indelicada do magistrado. 

“Tentei explicar de modo técnico ao magistrado sobre o caso. A minha cliente estava tendo dificuldades de entrar na sala de audiência e, por isso, acabou saindo. Ela me mandou um áudio chorando, porque vive em uma situação financeira difícil e precisa do dinheiro”, explicou ele. 

Apesar de ter desistido de representar contra o magistrado, Edson ressaltou que, após uma reunião com a presidente da 4ª subseção, Mônica Goulart, a presidente da Ordem dos Advogados do Espírito Santo (OAB-ES), foi considerado que houve, por ambos os lados, rispidez, e por se tratar de um fato isolado, o advogado não representará contra o juiz, mas casos como esse não serão tolerados. 

“A advocacia jamais tolerará qualquer espécie de ofensa para com seus pares. Qualquer momento que o magistrado agir com rispidez, nós (os advogados) se unirão para mostrar que a classe é organizada e unida”, destacou o advogado. 

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