Após a saída da prisão de um dos condenados por participar do assassinato de Milena Gottardi, o sentimento de preocupação tem afligido a família da médica, morta com um tiro na cabeça, em setembro de 2017.
Na última sexta-feira (10), a Justiça expediu uma liminar que possibilitou que Bruno Rodrigues Broetto, acusado de ter fornecido a moto usada durante o assassinato de Milena, fosse solto.
Bruno foi condenado a mais de 10 anos de prisão pela participação no crime. Agora, ele deverá se apresentar à Justiça a cada dois meses para comprovação de endereço. O procedimento deve ser realizado por cerca de dois anos.
Os outros cinco réus no caso também foram condenados durante o júri popular, ocorrido em agosto e que durou mais de uma semana.
De acordo com o irmão de Milena, Dougla Gottardi Tonini, a família corre riscos com um dos condenados estando nas ruas. “Esse pessoal solto é sempre uma ameaça para a família. A gente não sabe o que eles ficaram bolando na cadeia durante esses quatro anos. Não sabemos qual é a intenção deles”, afirmou.
No julgamento do caso, Bruno foi condenado por um homicídio simples. Preso desde setembro de 2017, ele tinha direito de progressão de pena para o regime aberto.
De acordo com o Código Penal, o indivíduo condenado a um crime não hediondo pode solicitar a progressão de regime após cumprido um sexto da pena. Como estava preso há quatro anos e três meses, a defesa de Bruno requereu a soltura.
Considerando a pena de 10 anos e dois meses aplicada ao réu, Bruno teve direito de passar para o regime semiaberto após um ano e oito meses no fechado. Já para conseguir progredir para o aberto, foram necessários mais um ano e cinco meses, totalizando três anos e um mês.
Para Dougla Gottardi, a legislação brasileira é muito frágil e acaba beneficiando os autores dos crimes, em detrimento aos familiares das vítimas.
“O que a gente fica triste é que, infelizmente, a pena que a lei determina não é cumprida. A Justiça e a polícia fizeram o seu papel, prenderam, julgaram e condenaram os envolvidos, mas a lei é muito frouxa”, lamentou.
“O sofrimento da família, pela perda, é para sempre, mas o sofrimento deles já está acabando, a medida que vão saindo da cadeia. Na verdade, a lei beneficia quem comete o crime e não a vítima”, completou.
Bruno foi denunciado por conseguir a moto usada no crime
Bruno Broetto foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPES) como o responsável por conseguir a moto utilizada para o assassinato de Milena Gottardi. Segundo a denúncia, ele repassou o veículo ao cunhado, Dionathas Alves Vieira, que confessou ter atirado contra a médica.
No júri popular, ele teve a culpabilidade reconhecida e foi condenado a 10 anos e cinco dias de reclusão. Segundo o juiz, o acusado sabia que a moto seria utilizada para um crime e entregou uma motocicleta irregular ao outro réu.
Na denúncia apresentada pelo MPES, Bruno havia sido indiciado por homicídio qualificado. Leonardo da Rocha destaca que, se ele fosse condenado por esse crime, provavelmente teria de esperar mais um tempo para poder conseguir passar para o regime aberto.
“Em função do conselho de sentença ter acolhido as teses apresentadas pela defesa, e afastado a qualificadora do feminicídio e do uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, além do reconhecimento da menor participação no crime, o Bruno foi condenado por um homicídio simples. Dessa forma, como ele já alcançou o requisito para passar para o regime aberto, ele poderá ir para casa. Ele já está com cadeia vencida em cerca de sete meses”, disse o advogado, logo após o término do júri.
Além de Bruno, todos os outros cinco réus acusados de participação no homicídio de Milena Gottardi foram condenados.
O juiz Marcos Sanches ainda estipulou uma multa de R$ 700 mil de indenização coletiva para a família da vítima. A multa vale para todos os seis réus julgados e condenados.