A linha Férrea Leopoldina no município de Cariacica pode ser reativada para ampliar a mobilidade e incentivar o turismo na cidade. A medida é uma das propostas do Plano Diretor Municipal (PDM), que aguarda aprovação na Câmara Municipal desde agosto deste ano.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento da Cidade e Meio Ambiente, Claudio Denicoli, o PDM contempla propostas que abrangem as áreas de mobilidade, meio ambiente e desenvolvimento econômico e social. “A ideia é integrar a ferrovia às linhas de ônibus, transporte por bicicleta e aquaviário, que também pretendemos reativar”, diz.
Questionado sobre o valor do investimento que a reativação da linha férrea custará ao município, o secretário afirma que será “baixo”. “Nós temos dois caminhos, ou utiliza a via para mobilidade urbana ou tira a via do município para implementar ciclovia. O que não podemos aceitar é que ela não seja utilizada. Não posso cravar um valor para o investimento, mas como a via já está pronta, precisaremos apenas de estações para os usuários, o que vai gerar um baixo custo”, fala Denicoli.
A linha férrea não é utilizada há pelo menos seis meses. A via atravessa 15 bairros de Cariacica, onde moram cerca de 75 mil pessoas. Um dos bairros cortados pela linha férrea é Campo Grande, conhecido pelo grande movimento do comércio da avenida Expedito Garcia, que possui um dos metros quadrados mais caros do Estado. Além disso, a via também passa pelo Moxuara e por estádios de futebol da cidade.
O secretário comenta que essa rota pode ser explorada também para o turismo. “A ferrovia já foi muito utilizada no passado, mas acabou ficando obsoleta. Essa linha vai até o Rio de Janeiro. Podemos destiná-la ao turismo, pois ela passa também por parques municipais. Reativando essa linha férrea, haverá um resgate da identidade cultural de Cariacica”, afirma Claudio.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento da Cidade e Meio Ambiente (SDCM), o terminal rodoviário de Campo Grande foi construído onde está justamente porque a linha férrea passa pelo local. “Aprovando o proposta, poderemos utilizar essa localidade como uma estação para os usuários. Pretendemos também criar uma sistema similar ao Bike GV para transporte de bicicletas nos vagões. A proposta abrange o interligação de todos os meios de transporte em Cariacica”, comenta o secretário.
Atualmente, o município de Cariacica possui 50% de área rural e sua área social é composta por 35% de mata nativa. Claudio Denicoli ressalta que o município não pretende expandir territorialmente para não precisar arcar com custos de manutenção. A ideia é ocupar os 35% da área urbana que atualmente se encontra desocupada.
“Pretendemos melhorar a mobilidade aproximando da população os serviços que elas necessitam. Essa área precisa ser ocupada com infraestrutura, seja com loteamentos mistos, áreas de lazer, empregos, residências, comércios…”, fala Denicoli.
“A tendência mundial é utilizar cada vez menos carros. Em São Paulo foi aprovado um PDM com prédios sem garagem. Hoje, 25% dos prédios em São Paulo são sem garagem. A tendência é utilização de outras formas de mobilidade. Portanto, construir pontes ou viadutos, que demoram cerca de 20 anos, é perda de tempo, já que a tendência corre no sentido contrário”, esclarece.