Sérgio Hacker Corte Real, prefeito da cidade de Tamandaré, e patrão da empregada doméstica Mirtes de Souza, mãe do menino Miguel , de 5 anos, que morreu após cair do 9º andar de um em Recife, é acusado de ter contratado a doméstica como servidora municipal. A informação é da jornalista Ciara Carvalho, do Jornal do Commercio de Pernambuco.
Mirtes trabalhava como doméstica para Sarí Corte Real, primeira-dama de Tamandaré, mas está cadastrada como Gerente de Divisão na prefeitura.
Entre as informações mostradas no Portal da Transparência de Tamandaré, consta que na folha de pagamento da prefeitura a empregada recebia um salário de R$ 1.517,57 até março de 2020. No entanto, nos dois últimos meses, abril e maio, o pagamento baixou para R$ 1.093,62, que é o valor atual do salário mínimo, deixando a remuneração R$500 a menos do que as anteriores..
TCE-PE investiga contratação
O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) confirmou, nesta sexta-feira (5), que deu início as investigações na Prefeitura de Tamandaré. O órgão explica que as auditorias de pessoal são feitas por amostragem ou por meio de ofício analisando documentações fornecidas pelos órgãos públicos, neste caso pela prefeitura da cidade. Não há conhecimento prévio da situação individual de cada servidor. Ao jornal Extra, o TCE-PE afirmou que não está apurando apenas a situação de Mirtes, como de outros servidores que poderiam estar na condição de fantasmas.
“Após apuração dos fatos, constatada a veracidade das informações, o gestor ser poderá ser implicado em crime de responsabilidade e infração político administrativa. É necessário constatar a veracidade dos fatos, até porque a questão não se limita à exoneração da servidora”, afirmou o órgão, em nota.
Ainda segundo o TCE-PE, na existência de pagamentos por serviços não prestados, os implicados deverão ser chamados a devolver o valor recebido. Neste caso, o prefeito Sergio Hacker Corte Real responde solidariamente, ou seja, também terá que devolver a quantia aos cofres públicos. O órgão vai instaurar uma auditoria especial para apurar os fatos.
Caso Miguel
Miguel morreu na última terça-feira (2) ao cair do nono andar de um prédio no bairro São José, no Centro do Recife. Ele era filho único de Mirtes Renata Souza, que trabalhava no apartamento do prefeito.
Mirtes havia descido para uma área com o cachorro e deixou o filho aos cuidados da patroa. A mulher deixou o menino, de apenas 5 anos, no elevador sozinho para procurar a mãe, e ele acabou se perdendo no prédio: desceu no nono andar, onde fica uma área comum com os aparelhos de ar-condicionado, escalou a grade que protegia os equipamentos e caiu de uma altura de 35 metros.
As autoridades, que atuaram a patroa por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, não revelaram a identidade dela. Mirtes que trouxe o nome de Sari Corte Real à tona e desabafou:
“Se fosse eu, meu rosto estaria estampado, como já vi vários casos na televisão. Meu nome estaria estampado e meu rosto estaria em todas as mídias. Mas o dela não pode estar na mídia, não pode ser divulgado. Se fosse eu, a essa hora, já estava lá no Bom Pastor (Colônia Penal Feminina), apanhando das presas por ter sido irresponsável com uma criança”.