Geral

Maior prazo para inspeção divide opiniões entre motoristas de transporte escolar do ES

Enquanto as novas datas anunciadas pelo Detran são vistas com alívio por alguns, outros dizem que as medidas não melhoram a situação da categoria, que ficou cerca de um ano e meio parada por causa da pandemia

Foto: TV Vitória

Os motoristas de transporte escolar do Espírito Santo terão mais tempo para fazer a inspeção obrigatória no veículo. Os novos prazos foram publicados no Diário Oficial do Estado de segunda-feira (12).

A medida foi anunciada pelo Detran para tentar amenizar os prejuízos sofridos pela categoria, que ficou praticamente um ano e meio parada, durante a pandemia, em virtude da não realização das aulas presenciais. Com a mudança, as inspeções acontecerão em outubro, novembro e dezembro.

“Placas com finais 1, 2 e 3 têm até 30 de outubro para regularizar as inspeções veiculares; placas com finais 4, 5 e 6, até 30 de novembro; e as placas veiculares com finais 7, 8, 9 e 0, até 30 de dezembro. Também os cursos de transportador escolar e as autorizações serão exigidas somente a partir de 30 de outubro”, destacou o diretor-geral do Detran-ES, Givaldo Vieira.

No entanto, as medidas dividem as opiniões de quem depende do transporte escolar para sobreviver. Para a motorista Penha Pimentel dos Reis, que atua em Vitória, o fato de ter mais tempo para pagar a inspeção obrigatória foi visto com alívio.

“Vai ser bom, deu uma aliviada. Porque, como a gente tem muitos carros e os custos são muito altos, então prolongando um pouquinho dá para dar uma respirada”, afirmou.

No entanto, para Karla Broetto Loyola, que trabalha há seis anos no transporte escolar em Cariacica, as medidas não são suficientes.

“Essa mudança trocou seis por meia dúzia. Não atrapalhou e nem melhorou em nada. Simplesmente o governo compactou o calendário, fazendo com que, futuramente, em outubro, vai ter uma aglomeração maior nas vistoriadoras, por causa da quantidade de veículos que vai ter que estar lá, naquele momento, fazendo as vistorias”, opinou.

“As necessidades de toda a categoria vão muito mais além do que apenas vistorias. Os nossos poucos condutores que voltaram e estão nas ruas trabalhando não foram vacinados contra a covid-19, enquanto tantas outras categorias que têm esse mesmo segmento, em contato com o público, com a sociedade, já foram todos vacinados”, destacou a presidente do Sindicato dos Transportadores Escolares do Espírito Santo, Sílvia Rocha.

Antes da pandemia, o Espírito Santo tinha cerca de 5,5 mil motoristas cadastrados para o transporte escolar. No entanto, após quase um ano e meio com os veículos parados, muitos precisaram mudar de ramo.

Não foi o caso da dona Penha, que há 35 anos trabalha como motorista de transporte escolar. No entanto, para continuar no mercado, ela conta que precisou se adequar à realidade.

“Eu tinha 14 funcionários e hoje eu tenho só sete, sendo que três são da família — eu, meu esposo e minha filha — e os demais são os assistentes, que trabalham de apoio no carro”, contou.

Diante de tantas incertezas, para se manterem na profissão, os motoristas esperam mais apoio. “O governo devia ter olhado para nós e ter isentado ao menos a documentação, porque nossos carros ficaram parados. Nós não tivemos direito de trabalhar”, lamentou Karla.

“Por que o transporte escolar vai ter que andar com metade da capacidade, sendo que não vai cobrir os custos, enquanto os ônibus do Transcol estão lotados?”, questionou a motorista Danielle Pimenta Sarmento Rigo, que trabalha na Serra.

Sobre o limite de estudantes no transporte, o Detran afirmou que isso foi determinado por uma portaria conjunta entre as secretarias de Saúde e de Educação. 

A produção da TV Vitória/Record TV também procurou as duas pastas, que disseram que estão apurando a reclamação.

Com informações do repórter Lucas Henrique Pisa, da TV Vitória/Record TV