Uma angústia que perdura em centenas de famílias do Espírito Santo: o desaparecimento. De acordo com dados da Polícia Civil, a maioria das pessoas que desaparecem na Grande Vitória, é meninas com idades entre 12 e 17 anos. Grande parte foge por causa de um amor e deixam as famílias desesperadas.
As lágrimas insistem em permanecer nos olhos por causa da angústia que já dura mais de três meses. “E muito difícil conviver com isso. Quando passa uma tragédia de alguma adolescente, a gente já pensa que é ela”, conta o pedreiro Adenilson Oliveira Pinto, pai de Hellen Souzau Pinto, de 16 anos, que está desaparecida.
Hellen seguiu para a escola, no bairro Maracanã, em Cariacica, e não voltou. Nos quase quatro meses de perguntas sem respostas, a família só recebeu duas mensagens. “Ela mandou mensagens dizendo que estava bem e que não era para procurar ela”, lamentou o pai de Hellen.
O drama vivido por Adenilson é o mesmo de muitas famílias capixabas. Segundo dados da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) entre 2013 e 2016, quase 3.150 pessoas na Região Metropolitana de Vitória, quase 1,1 mil são de meninas entre 12 e 17 anos.
“Nessa fase, as adolescentes estão em uma fase complicada da vida e, nas redes sociais, busca o que ela acha que é o ‘príncipe encantado’ dela, e acaba indo morar com essa pessoa”, afirma o delegado José Lopes.
Segundo o delegado, a família não deve perder tempo. Assim que perceber o desaparecimento deve entrar em contato com a polícia. “A gente pede uma foto atualizada. Pode vir aqui, e depois relate o fato para que nós investiguemos, após o registro de ocorrência. Muitas vezes localizamos a pessoa até 24 horas após o desaparecimento, ou até menos”, conta Lopes.
A maioria delas é encontrada. No período de 2013 a 2016, 944 casos foram solucionados, mas assim como a Hellen, 129 meninas continuam desaparecidas.