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Mais de 1,2 mil pessoas na Grande Vitória fazem tratamento contra o alcoolismo para vencer a doença. Os dados são das unidades do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) em Vitória, Vila Velha e Serra.
“Quando eu vejo pessoas se transformando e sendo recuperadas através do AA eu fico muito feliz pela oportunidade que tenho de ajudá-las”, conta Edis Barbosa Ribeiro, do Alcoólicos Anônimos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o alcoolismo não tem cura. O tratamento é contínuo e deve ser feito até o fim da vida.
“Uma vez estabelecida a dependência do álcool, a pessoa é dependente de álcool. O tratamento dela é fazer a prevenção, evitar o uso de álcool. Uma vez dependente, sempre dependente”, afirma o psiquiatra Valdir Campos.
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Uma aposentada contou para a reportagem da TV Vitória que a experiência com o álcool começou aos 7 anos e chegou a um ponto em que ela precisou buscar ajuda.
“Eu chegava a tomar um litro por dia, era assim todos os dias da minha vida, fui criando uma dependência”, conta aposentada, que viu sua situação agravar depois que ficou viúva.
De acordo com o Centro de Informações Sobre Saúde do Álcool, um quarto dos jovens e adultos até 34 anos admite que ingere bebida alcoólica ao menos uma vez a cada 15 dias. E a frequência pode aumentar com o tempo, até se formar um quadro de dependência.
“Comecei a beber aos 17 anos, naquela época eu já vivia um momento difícil na minha vida, eu queria me sentir parte de um grupo, fiz isso por amizade, também comecei a fumar nesse período e comecei a fumar e por ser algo sociável, eu acabei me prendendo a esse vício”, conta uma estudante ouvida pela reportagem.
Muitas pessoas também relatam que acabam atingidas emocionalmente com a situação de um familiar que é afetado pelo alcoolismo.
“A pessoa sente algum problema pessoal e acaba desenvolvendo um quadro de dependência do álcool. E se a pessoa fica um dia sem ingerir a bebida, ela entra em abstinência e sofre até mesmo com pressão alta”, afirma o psiquiatra Valdir Campos.
Apenas numa unidade do Caps em Vitória são realizados 150 atendimentos por mês. Após serem atendidos na unidade de saúde, os pacientes diagnosticados são encaminhados a unidades especializadas de atendimento a pessoas dependentes de álcool e outras drogas. Lá, são realizadas terapias com psicólogos e outros profissionais.
“Quase 70% dos usuários que passaram por aqui eram do sexo masculino e 30% do sexo feminino, mesmo que o feminino, o que notamos é que o após a pandemia, esse número de mulheres que precisa desse auxílio aumentou bastante”, conta o psicólogo Rodrigo Scarabelli.
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Uma forma de complementar o tratamento é buscar um grupo de apoio, como o Alcoólicos Anônimos. Edis Barbosa Ribeiro não bebe, mas ajuda pessoas em recuperação: são os chamados “amigos do AA”.
“Quando eu vi pessoas se transformando, saindo da vala, da lama, famílias destroçadas sendo recuperadas através do AA, eu não tive outra opção, a não ser abraçar o AA com o coração”, diz Edis, emocionado.
*Com informações do repórter Lucas Henrique Pisa, da TV Vitória/Record