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Mais de 1 milhão de preservativos serão distribuídos durante o Carnaval no ES

Grande parte desse material deve ser distribuído para a população durante os festejos pré-carnaval, que já acontecem em diversas localidades,

A proposta da Secretaria de Saúde do ES é que as ações de Carnaval enfatizem a importância da prevenção Foto: Divulgação/Sesa

A Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa) repassou aos municípios capixabas – com exceção de Vitória, que por ser Capital recebe direto do Ministério da Saúde – um total de 1,3 milhão de preservativos entre 15 de dezembro e 20 de janeiro. Grande parte desse material, que representa o dobro do que é repassado mensalmente para os municípios, deve ser distribuído para a população durante os festejos pré-carnaval, que já acontecem em diversas localidades, e ao longo do período carnavalesco, na próxima semana. 

Segundo a coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e Aids, Sandra Fagundes, a proposta da Secretaria de Saúde do Espírito Santo é que as ações de Carnaval enfatizem a importância da prevenção, mas também da testagem em caso de suspeita de infecção pelo HIV ou pelos vírus das hepatites B e C.

“A pessoa deve sempre se proteger para não ser infectada, mas se achar que contraiu o vírus de alguma dessas doenças ela deve buscar logo um serviço de saúde para fazer o teste e iniciar o tratamento caso o resultado seja positivo”, adverte a infectologista, lembrando que o uso do preservativo ainda é a maneira mais eficaz de prevenir também doenças como HPV, sífilis, clamídia e gonorreia, além de evitar a gravidez indesejada. 

A coordenadora do Programa Estadual de DSTs e Aids ressalta que tanto os municípios do litoral capixaba quanto os do interior estão empenhados em promover a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis. Especificamente com relação ao HIV e à Aids, ela diz que 19 cidades do Espírito Santo recebem recursos federais para prevenção e assistência à população, algumas por terem mais de 50 mil habitantes, outras em razão do número de pessoas infectadas. 

Banalização
Sandra Fagundes lembra que em 74% dos casos de infecção pelo HIV a transmissão do vírus ocorre pela relação sexual sem proteção, o que demonstra a banalização da doença e o descuido das pessoas com relação à própria saúde. “Temos visto jovens, principalmente, que não vivenciaram o fantasma da Aids e acham que ela é apenas uma doença crônica. É fato que a qualidade de vida de pessoas soropositivas é muito melhor hoje em dia, mas continua não sendo fácil viver com Aids”, enfatiza.

Segundo a infectologista, quem contrai o vírus HIV precisa tomar medicamentos pelo resto da vida, além de estar sujeito aos efeitos colaterais dos remédios. Além disso, o paciente não pode interromper o tratamento, precisa ser acompanhado por um médico e deve manter um estilo de vida que contemple hábitos saudáveis. 

Dados
Entre os anos de 1985 e 2014 foram registrados, no Espírito Santo, 10.839 casos de infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Desse total, segundo a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, 6.901 são homens (63,5%) e 3.938 são mulheres (36,5%), e na maioria dos casos (74%) a transmissão do vírus ocorreu por relação sexual sem proteção. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, foram registrados 757.042 casos da doença desde o início da epidemia no país até o mês de junho do ano passado.

Em 2014, a taxa de infecção por HIV no Espírito Santo atingiu 32,5 casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Foram 1.036 novos casos notificados, no período, contra 706 novos casos em 2013. De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids da Sesa, a taxa de detecção dos casos de infecção por HIV aumentou, em 2014, também devido à portaria do Ministério da Saúde que determinou, em junho daquele ano, a notificação obrigatória de todos os casos de infecção por HIV. Antes, segundo ela, o registro compulsório era feito apenas em casos de pessoas que já haviam desenvolvido a doença e de gestantes e bebês portadores do vírus.

Conforme aponta a coordenadora, o aumento foi homogêneo em todas as regiões de saúde, atingindo a taxa de 35,4 indivíduos com HIV/Aids por 100 mil habitantes na Região Metropolitana; 23,47 na Região Norte; 13,39 na Região Central e 13,31 na Região Sul. Sandra Fagundes chama atenção para o perfil dos novos infectados. A maioria, segundo ela, continua sendo homens com idade entre 15 e 29 anos.

Em dez anos, o número de casos novos entre jovens do sexo masculino nessa faixa etária mais do que dobrou. Em 2004, foram registrados 63 novos casos, o que representava 21% do total de casos da época. Já em 2014 foram registrados 310 novos casos, isto é, 42,7% do total. Analisando os casos de acordo com a categoria de exposição, verifica-se, segundo Sandra Fagundes, uma importante elevação do número de casos entre homens que fazem sexo com homens nessa década.

Em 2004, entre os casos de HIV/Aids em homens com mais de 13 anos de idade, categoria de exposição sexual, a proporção dos que faziam sexo com homens era de 23% (70 casos dentro de um total de 294) e, em 2014, de 49% entre os novos casos (356 novos casos dentro de um total de 726).

A taxa de mortalidade em decorrência de Aids no Espírito Santo foi de 6,7 óbitos por 100 mil habitantes, e mantém-se maior que a taxa de 5,7 observada no país.

Tratamento
O número de pessoas vivendo com HIV/Aids que recebem medicamentos antirretrovirais no Espírito Santo dobrou nos últimos seis anos, conforme afirma a coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids da Sesa. 

 Em outubro de 2009, 2.748 pessoas eram atendidas nos Serviços de Atendimentos Especializados (SAEs) em DST/Aids e recebiam antirretrovirais. Mas em julho de 2015 esse número chegou a 5.549, o que, na avaliação da infectologista, reflete a melhoria do diagnóstico e a ampliação do acesso ao uso de antirretrovirais.

Sandra Fagundes salienta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) espera o fim da epidemia do HIV em 2030, pois com o tratamento isto significará menos óbitos em decorrência da doença e pessoas com carga viral zero, o que reduzirá a transmissão do vírus. “Por isso temos trabalhado para diagnosticar e tratar precocemente as pessoas infectadas pelo HIV, pois assim conseguiremos diminuir o adoecimento, o número de mortes e a ocorrência de novas infecções”, esclarece a coordenadora do Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids da Sesa.