Geral

Mais de 100 motociclistas morreram em acidentes neste ano na Grande Vitória

Só neste ano o Samu já realizou 3271 atendimentos de acidentes graves envolvendo motociclistas. São cerca de 8 atendimentos realizados por dia

Desde 2009, mais de 6.300 condutores de motos acabaram mutilados Foto: TV Vitória

Acidentes envolvendo motociclistas representam mais da metade dos atendimentos realizados pelo Samu nos primeiros seis meses de 2014. As ocorrências crescem em quantidade e em gravidade. Só este ano, 102 motociclistas morreram no local do acidente.

“O número de motos, tanto na capital como no interior, vem aumentando pela facilidade de aquisição. Quanto maior a frota, maior o número de acidentes que temos com motocicletas. E esses acidentes, com o aumento de velocidade e o não uso de proteção, vem tornando esses acidentes mais graves”, afirma o coordenador do Samu, Robert Alexander.

Quando o motociclista sobrevive, ele pode ficar marcado para o resto da vida. Segundo dados do Sindicato dos Motociclistas Profissionais, desde 2009, mais de 6.300 condutores de motos acabaram mutilados em decorrência de acidentes. O risco é maior para os profissionais. 

“O índice de acidentes está crescendo e é um leque que leva a isso. Por isso precisamos de mais qualificação na formação, precisamos de mais fiscalização no final de semana, quando temos mais motociclistas que trabalham sem carteira assinada, sem seguro e sem os equipamentos adequados”, apontou o presidente do Sindimotos, Alexandre Costa. 

Viver sobre duas rodas significa travar uma guerra diária pela vida. Pressa, imprudência, más condições da motocicleta e a falta ou uso inadequado de equipamentos de segurança são ingredientes para uma receita perigosa, que tem como principal resultado os acidentes envolvendo motociclistas.

Todos os dias os telefones da central de atendimento do Samu tocam cerca de 1.500 vezes. Em muitas delas são justamente acidentes envolvendo motociclistas. Só este ano já foram 3271 atendimentos desse tipo. São cerca de 18 por dia.

Mais que estatísticas, cada acidente significa uma vida alterada repentinamente. Vanderleia Aparecida Nagel, de 46 anos, é motogirl há dez anos, mas nem a experiência sobre as duas rodas impediu que ela se tornasse mais uma vítima. Em janeiro, enquanto tentava passar por dois caminhões parados, acabou se envolvendo em uma colisão. Vanderleia lesionou a coluna, e agora não pode mais trabalhar.

“Eu passava pela Avenida Lindenberg. Quando o sinal fechou, eu fui tentar passar no meio dos veículos para ficar na frente. Foi quando o caminhoneiro abriu a porta, bateu nas minhas costas e eu caí. Em maio eu comecei a sentir muita dor e minha pressão começou a alterar. Com isso eu fui descobrir a fratura na coluna”, contou.

O uso do corredor não é ilegal, mas é apontado pelo Detran como uma das maiores causas de acidentes entre motociclistas. O veículo usado por eles dá agilidade, ajuda a não ficar preso no transito, mas pode acabar se tornando uma arma. A vítima é o próprio condutor.