A cidade de Vitória é cercada por morros com grande vegetação, locais onde os moradores precisam enfrentar centenas de degraus até chegarem às suas residências, além de contemplar a vista privilegiada da cidade. Entretanto, as belezas do alto escondem perigos de deslizamentos de encostas e pedras.
Segundo a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais do Governo Federal, 2.596 pessoas vivem em áreas de risco no município de Vitória. Muitas vezes perto de encostas e barrancos de terra. Os locais são divididos em áreas mapeadas como risco R3 (Alto) ou R4 (Muito Alto), pelos laudos geológico-geotécnicos.
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A dona de casa Anne Stephanne vive com os quatro filhos em uma casa simples, localizada entre barrancos e pedras, numa área de risco no Morro do Romão. Quando chove, o pior muitas vezes é considerado.
“Eu vivo no meio do perigo. Durante as chuvas rolam muitas pedras grandes e pesadas, muitas vezes nem sabemos de onde elas vêm. Sempre fico muito receosa de machucar as minhas crianças”, descreve.
Aparecida de Oliveira também mora em área de encosta, com medo das pedras que podem cair sobre a casa. “Quando chove, a situação é pior, as barreiras acabam caindo um pouco sobre o local”.
Para mudar essa realidade, o programa Casa Feliz e Segura, criado no ano de 2022 pela Prefeitura de Vitória, investe em obras de contenção de encostras em diversos bairros do município.
Desde 2021, foram investidos R$ 16 milhões em obras em 39 encostas, em bairros como Forte São João, Tabuazeiro, Santo Antônio.
A família da Anne Stephanne é uma das que espera ansiosamente para o início das obras. Com isso, poderá viver dias de chuva com mais tranquilidade. “A obra tem que chegar logo aqui, chega para todo mundo, uma hora vai chegar”.
Famílias do Estado vivem em áreas de risco
Conforme a companhia de Pesquisa de Recursos Minerais do governo federal, no Brasil são mais de 4 milhões de pessoas vivendo em área de risco.
No Espírito Santo, o cenário também é preocupante, com mais de 320 mil pessoas que vivem em 1.036 áreas de risco. Nesses locais, o principal perigo são os deslizamentos de terra e encostas. Confira:
Segundo o engenheiro José Cláudio Belarmino, as construções em risco, muitas vezes realizadas de maneira desordenada, fazem com que a água das chuvas não escoe de maneira correta e desejada.
“A água desce do morro de maneira rápida, também infiltra no terreno, nas drenagens precárias, muitas vezes casas não possuem as fundições apropriadas gerando o risco de desabamento”, disse.
O engenheiro também explica que, com as obras e peso das construções, o terreno fica instável. Situação que piora com as águas das chuvas.
“A estabilidade do talude depende da carga. Quando o terreno está estável, ele fica no determinado local a vida toda. Mas o homem coloca peso e acaba alterando a estrutura do solo com escavações. Uma casa pesa 100 toneladas com um pavimento”, explica.
“Uma das vertentes do programa é a segurança”, diz secretário
O secretário de Obras da Prefeitura de Vitória, Gustavo Perin de Medeiros, ressalta que o projeto possui importância pelas características geológicas de Vitória, onde são presentes morros e áreas de encostas. Com isso, a segurança é visada.
“Estruturamos um programa permanente de intervenções, além do monitoramento, a realização de diagnósticos, áreas temos agora as intervenções”, descreve o secretário.
Perin afirma que, desde o ano de 2021, a prefeitura investiu R$ 16 milhões em 39 encostas em toda a ilha de Vitória. Além disso, o órgão está com o contrato de R$ 50 milhões em contenções de 62 pontos diagnosticados como “riscos”.
“Esse é um dos pilares do programa Casa Feliz e Segura: precisamos implantar a segurança, por meio das obras de encostas, nos locais onde queremos reformar ou reconstruir as moradias”, ressalta.
Atenção aos contatos importantes
Moradores que habitam em áreas de encostas ou de risco e precisam de ajuda devem ligar para o número: 3194-7568, da Defesa Civil.
Em caso de emergência, o Corpo de Bombeiros também poderá ser acionado por meio do contato:
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